Presente no 9.º Congresso Treinadores de Língua Portuguesa, que decorre em Leiria, o treinador Ivo Vieira participou este domingo da “3ª Conferência Plenária, Moniz Pereira” sobre o tema “Comunicação dentro e fora da equipa”. O antigo comandante do Famalicão, há seis meses sem clube, falou para uma plateia composta por diversos profissionais do desporto sobre a sua gestão comunicacional. Ao longo da preleção, admitiu que por vezes parece ser “carrancudo”, mas defendeu não ser um profissional “camaleão” e com “dois discursos”.
“Transmito aquilo que é a minha opinião, tenho muitas convicções naquilo que faço em relação à forma de liderar, de jogar, de treinar. Independentemente de ser com jogadores, gestores, adeptos, comunicação social, sou uma pessoa de coração livre. Às vezes, aparento ser uma pessoa ‘carrancuda’, que a minha forma de estar, mas numa conversa não há muito o que enganar. O meu tipo de liderança é respeitando a todos e o que sou passa por ser coerente, verdadeiro, traçar uma linha e não desviar muito do que queremos”, afirmou Ivo Vieira, treinador UEFA PRO.
Carlos Dinis, vice-presidente da Confederação Portuguesa de Treinadores (CTP) e moderador da mesa redonda, questionou a Ivo Vieira sobre a diferença entre a comunicação em grupo e a individual num desporto coletivo como o futebol. O treinador de 45 anos, ex-defesa do Nacional por mais de dez anos, defendeu que prefere um diálogo franco, mas aberto ao grupo.
“Quando falamos em desportos coletivos, não posso passar uma mensagem para o grupo e depois ajustá-la e adaptá-la individualmente ou passar de uma forma para dentro e outra para fora. Há quem tenha essa capacidade, esses atributos, eu respeito, mas eu não consigo estar a falar de uma forma a esta plateia e lá fora falar de outra. Não consigo ter dois discursos. Eu não acredito, não consigo olhar que a minha equipa não teve um bom desempenho e passar para fora que tivemos bem no jogo. Acredito que as pessoas são inteligentes e veem o mesmo ou melhor que eu. Não adianta mandar uma mensagem para fora para me proteger. Se jogo mal, admito que jogo mal dentro e fora. Tenho que fazer que acreditem em nós através da verdade, se não vamos nos perder no caminho. Nós assumimos a nossa responsabilidade”, detalhou Ivo Vieira.
Treinador com passagens por Marítimo, CD Aves, Académica, Moreirense e V. Guimarães, o treinador está desde dezembro passado sem clube, quando deixou o Famalicão após uma sequência de maus resultados. “Independentemente do contexto, nós temos que ter uma liderança coerente, direta, verdadeira, e posso considerar que seria um treinador camaleão se tivesse diferentes abordagens”, destacou Ivo Vieira sobre as situações mais difíceis em determinadas situações.
“Obviamente, temos que sempre falar a verdade, mas com algum cuidado para não expor o grupo, não pôr os jogadores em causa, mas fazê-los perceber que estiveram ao nível que esperaríamos. Eu faço primeiro uma autocrítica, falamos sobre comportamento, atitude, e buscamos adequar a comunicação, mas não camuflar o que aconteceu”, pontuou.
No dia anterior, Ivo Vieira já havia participado do workshop “Proposta de Treino visando o Jogo”, mesma sessão em que participou o também treinador João Henriques. O Congresso é dividido em seis conferências plenárias, com temáticas que envolvem a todas os desportos. Estas valerão 0,5 e 0,7 unidades de crédito respetivamente – presencial no Auditório da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Leiria e online através da plataforma de inscrições. Consulte o programa do 9º Congresso Treinadores de Língua Portuguesa, aqui.
