O 9.º Congresso Treinadores de Língua Portuguesa, que decorreu este fim de semana, em Leiria, reservou a 5ª Conferência Plenária para debater o Código Deontológico do Treinador. A mesa contou com a mediação de Aldo Costa, vice-presidente da Confederação de Treinadores de Portugal.
Participaram do encontro José Lima, coordenador do Plano Nacional de Ética no Desporto (IPDJ), Danilo Ferreira, treinador do projeto Andebol4all, e João Henriques, treinador de futebol UEFA PRO.
“Em relação ao Código, é muito importante. Penso que ele nasce para representar o conjunto de entidades e associações e deve dizer qual é a sua estratégia e orientar a sua atuação por um conjunto de ideias e princípios que são para ela fundamentais. E a ética e a deontologia são fundamentais para a comunidade dos treinadores”, começou por dizer José Lima.
O Código Deontológico do Treinador é uma iniciativa recente da Confederação de Treinadores de Portugal integrada na visão que prossegue do Reconhecimento Social do Treinador. O documento, aprovado em Assembleia Geral de 12 de março deste ano, foi elaborado em colaboração com as Associações de Treinadores às quais é recomendada a sua adoção e, se necessário, a sua adaptação conforme a realidade da modalidade.
“Isso permite aos treinadores que haja um corredor por onde podemos caminhar. É bom para nós enquanto técnicos, pois estamos mais defendidos ao que está a nossa volta, seja aos pais ou aos jornalistas, por exemplo, mas temos que ter uma atenção: temos esse documento, mas alguns colegas passam de limites que são aceitáveis. Então, é importante seguir e não ter apenas um documento para dizer que temos. Temos que cumprir e se não cumprir o que acontece? Gostaria de deixar essa nota”, alertou Danilo Ferreira.
O debate na conferência seguiu acerca do papel do treinador, que deve ir muito para além das áreas técnicas, táticas, físicas ou psicológicas de cada modalidade. “Os pais querem intervir e temos que explicar a nossa função aos pais e essa é uma questão muito importante na formação. Outros agentes que lidamos no campo do futebol profissional é os mídia”, observou João Henriques, a ponderar situações com adeptos, redes sociais e tudo o que cerca a carreira de um treinador de grande exposição.
“Felizmente, tive a oportunidade de treinar em diversos níveis, desde a formação ao profissional, desde os campeonatos distritais à I Liga e ir ao estrangeiro e ver outras realidades, mas sempre baseado na minha formação académica na FMH e na minha formação desportiva, as duas paralelas, que me permitiram ir bebendo muito e me formar aquilo que sou hoje. Felizmente, sinto que essas duas áreas me deram múltiplas visões do assunto e o Código vem sobretudo proteger os profissionais e isso vem a beneficiar a quem está ali para o nosso cuidado”, afirmou o antigo treinador com passagens por equipas como V. Guimarães e Moreirense.
Foi destacado que o Código Deontológico baliza a atividade do treinador na área comportamental estabelecendo de forma simples e rigorosa os princípios do comportamento ético, transversalmente a todas as modalidades, reforçando o reconhecimento social do Treinador que, através do seu exemplo e de comportamentos que dignificam a sua intervenção, promove os valores e atitudes do desporto e estimula o aperfeiçoamento pessoal e social dos atletas.