Mais do que o atual campeão nacional em título e líder da mesma competição (Circuito Nacional de Teqball 2022, na categoria Singles) na atual temporada, Dionísio Gonçalves é também o responsável por trazer o teqball para Portugal. Aos 47 anos, um dos responsáveis pela Academia de Futebol de Ponte de Lima comprou, em 2016, uma mesa da modalidade como “ferramenta de trabalho”. A partir de então, ajudou a popularizar o teqball no país e tornou-se um dos principais teqers lusos.
Ex-jogador de futebol, Dionísio acumulou passagens nas camadas jovens do Vitória de Guimarães, do Futebol Clube do Porto e Limianos. “Depois, como sénior, não tive o mesmo sucesso, joguei no Vianense, no Limianos, no Trofense, um ano”, recorda o professor de futebol.
“Tenho uma escolinha de futebol em Ponte de Lima, com o meu cunhado. Temos miúdos até aos 14 anos. Joga-se mais futebol, mas temos também a escola de teqball. Temos a escola de futebol de rua e a escola de Freestyle, estamos a inovar. Tudo o que tiver a bola de futebol torna os jogadores mais completos e estamos a começar agora no futebol, mas eu sou treinador também de futebol e gosto do treino individual. Sou treinador técnico-individual, em treino específico, adoro fazer isso”, detalhou.
Satisfeito com a evolução do teqball em Portugal, o atleta retirou notas positivas do desenvolvimento desse desporto no país. “É uma modalidade nova, recente ainda, mas que tem crescido muito”, disse, entretanto, querendo mais. “Já fizemos muito, evoluímos muito. Temos ido ao estrangeiro muitas vezes até para aprender mais e para nos avaliar. Para perceber se estamos muito longe deles se não estamos. Mas acredito que agora são pormenores”, acrescentou.
De acordo com a Federação Teqball Portugal (FTP), criada em pelo empresário húngaro e presidente da entidade, Karoly Henczi, o país já soma 83 clubes a praticar o novo desporto com aproximadamente 300 jogadores federados, dos 14 aos 68 anos, entre homens e mulheres, jovens e seniores, em lazer ou em competição. No mundo, de acordo com a Fédération International de Teqball (FITEQ), criada em 2017 e com sede na Suíça, já são 20 mil atletas com 125 países filiados.
Para Dionísio, entretanto, é necessário que mais pessoas possam aderir ao desporto para um desenvolvimento mais acelerado. Segundo ele, na cidade onde vive, em Ponte de Lima, há ainda muita dificuldade para realizar, por exemplo, os trienos.
“Na academia, jogo eu e o Afonso, há poucos atletas. Quando há férias aparece mais gente que vem do futebol, mas quando o futebol começa volta tudo para o futebol. O que noto é que temos de descobrir tudo um bocadinho sozinhos, métodos de treino…. Enquanto na Hungria [onde nasceu a modalidade] já estão mais à frente, começaram há mais anos. Eles já têm, de certeza, métodos melhores de treino e nós estamos à procura. Já sabemos algumas coisinhas, vamos aprender fora. Mas, por exemplo, a questão que faz o pessoal andar para a frente, evoluir, tenho a que é a competição e eles competem todos os fins de semana e o treino”, explicou.
“A minha rotina de treino, por exemplo, eu e o Afonso. Eu sou campeão nacional e o Afonso ficou em terceiro. Nós em duplas não treinámos. Somos só dois, treinámos um contra o outro e contra a parede. A dificuldade é essa, enquanto os outros competem entre eles, os melhores do mundo, todos os dias”, complementou.
Em busca do bicampeonato
Atleta experiente e referência técnica da modalidade no país, Dionínio mantém a humildade relativamente ao favoritismo na busca pelo bicampeonato nacional. “A expectativa [de conquistar o título] tenho sempre. A maior dificuldade é que eu fui campeão quando foi o bocadinho da pandemia, não tinha de dar tantos treinos e jogos, agora tenho treinos dos miúdos. Por exemplo, agora só fui a uma, faltei a muitas. Agora as que há pela frente eu tenho que estar bem, há essa possibilidade. Pessoalmente quero ser campeão, há essa ambição, mas não é a coisa mais importante do mundo”, garantiu.
“Acho que, como estava a falar, queremos desenvolver o teqball em Portugal e preciso que Ponte de Lima tenha muitos mais jogadores e essa vai ser a minha ambição do futuro, trazer mais gente para o teqball. Estávamos a falar da Hungria, mas acho que são pormenores. Se
aparecer mais gente, tenho a certeza que Portugal também pode dominar o teqball. O Brasil, por exemplo, também deve ser uma das maiores potências, de certeza, começou foi mais tarde. Levam o avanço do futvólei e têm muitas técnicas do teqball”, concluiu o campeão nacional.