26 de Julho 2024 13:41
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A reação portuguesa ao novo adiamento dos Mundiais: “Consequências no planeamento”

O treinador Luís Cameira ao lado dos nadadores José Paulo Lopes e Tamila Holub. Foto: Cameira /Instagram

Competição mais importante do desporto aquático no calendário de 2022, os Campeonatos Mundiais que aconteceriam em maio, em Fukuoka, no Japão, foram adiados por conta do novo agravamento da pandemia da Covid-19. A informação foi confirmada esta segunda-feira pelos organizadores japoneses. As competições estão agora marcadas para julho de 2023. A reportagem da SportMagazine ouviu alguns membros da comunidade que faz a natação portuguesa sobre o adiamento, incluindo a Federação Portuguesa de Natação (FPN).

Os mundiais de desportos aquáticos reúnem não apenas a natação pura, mas também os saltos para a água, polo aquático, a maratona aquática e a natação artística. Desde o início deste século, as competições são disputados de forma bienal, sempre nos anos ímpares. Por conta da pandemia e do adiamento das Olimpíadas de Tóquio para 2021, a Federação Internacional de Natação o Mundial (FINA) optou por levar o Mundial que seria no mesmo ano para 2022.

Nuno Albuquerque, Colunista do Swim Channel e comentador da RTP, afirmou que “o paradigma das competições fixas e com datas raramente alteradas mudou”. Foto: arquivo pessoal

Entretanto, devido ao cancelamento de várias provas de apuramento e às restrições nas viagens internacionais provocadas pela nova variante do coronavírus, a Ómicron, decidiu-se pelo novo adiamento. Em conferência de imprensa esta segunda-feira, o presidente da câmara de Fukuoka, Soichiro Takashima, tratou o adiamento como “verdadeiramente dececionante” e mencionou o quanto “os nadadores e os adeptos esperavam pelo momento”. Por outro lado, a autoridade japonesa destacou que em primeiro lugar está a segurança dos atletas e do público.

A decisão, entretanto, não foi bem recebida em Portugal. Luís Cameira, treinador do Sporting Clube de Braga e com dois atletas com mínimos para o Mundial, criticou a decisão. “Já em Abu Dabhi [no Mundial de Natação em piscina curta, em dezembro passado], no cais da piscina, os rumores davam conta de um adiamento, ou, no mínimo, mudança de local”, começou por dizer.

“Claro que isso vai ter consequências no planeamento dos nadadores. Principalmente dos meus dois atletas [José Paulo Lopes e a Tamila Holub] que já tinham mínimos para o Mundial e estavam a apontar a preparação para maio. Teremos de alterar o planeamento então, sendo que o foco principal para esta época será o Europeu, em agosto. Depois, dois Mundiais quase seguidos… Principalmente em ano Olímpico será mais um desafio numa altura das nossas vidas cheio de desafios”, acrescentou o Luís Cameira.

Colunista do Swim Channel e comentador da RTP, Nuno Albuquerque, por sua vez, observou que “se há algo que a pandemia nos ensinou – ou recordou – é que nada é permanente, tudo é transitório. Percebeu-se isso de forma clara com o adiamento por um ano dos Jogos Olímpicos de Tóquio”. O técnico de natação, entretanto, tratou o adiamento por 14 meses dos Mundiais nas várias disciplinas aquáticas como “uma surpresa e é mais um desafio” que se coloca a atletas e aos treinadores, “e estes – estou certo – saberão como sempre, e com toda a resiliência e conhecimento, reorganizar os seus planeamentos, cada vez menos a longo prazo”.

“Para alguns atletas (os mais velhos) poderá não ser bom, mas como sempre só esperamos a continuação da enorme dedicação e coragem que lhes é habitual, sendo ‘gigantes’ num país que aposta muito pouco no desporto. O paradigma das competições fixas e com datas raramente alteradas mudou, e o desporto deve saber adaptar-se e estar sempre preparado para a indefinição. Não tenho de concordar com a decisão da FINA, apenas aceitar, embora seja algo polémica; mas compreendo que o facto de estarem [os Mundiais] previstos para o Japão pode ter influenciado a decisão de um país que ficou algo marcado pela ‘obrigatoriedade’ de organizar Tóquio 2020, e que mesmo com um recente número de contagiados e óbitos relativamente baixo, se comparado com muitos países europeus, é suficiente para assustar a população”, avaliou o comentador Nuno Albuquerque.

José Machado, diretor desportivo da FPN, seguiu uma linha parecida no que diz respeito ao tempo de adiamento que, segundo ele, “acaba por não ser assim tão surpreendente, embora não esperasse que fosse para tão longe, 14 meses adiante”. Para além disso, o representante da federação nacional, observou que a equipa técnica da FPN e alguns treinadores já tinham identificado o Europeu de Roma, em agosto como prova alvo para esta época “por permitir um ciclo de preparação mais alargado pelo que as alterações não são neste aspetos radicais”.

“Aliás, em termos de planeamento, a dificuldade seguirá no final do ciclo com o Mundial Europeu e os Jogos Olímpicos, na mesma época, em 2024. Não acho que tenha qualquer implicação para os nossos melhores nadadores que ainda estão no patamar de tentar cumprir os mínimos para participar nas grandes competições e havendo uma por ano, nestas duas próximas épocas, podem focar-se nesse objectivo com mais tempo para trabalhar. O pior de tudo é mesmo não haver garantias de que as alterações, adiamentos ou cancelamentos fiquem por aqui. Isso pode começar a criar se a sensação de que o regresso à normalidade não está assim tão próximo”, detalhou José Machado.

Apesar do momento de instabilidade, até o momento, o Mundial de natação em piscina curta, marcado para dezembro deste ano, em Kazan, na Rússia, segue marcado.

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