O Congresso YourFuture, organizado pela Sports Embassy, a decorrer esta terça-feira, no Museu Nacional do Desporto, na Praça dos Restauradores, em Lisboa, teve inicio por volta das 9h00, com diversas temáticas a serem abordadas. Sob o mote “Soft skills are essential skills, and Athletes have it!”, o encontro tem como objetivo abordar a temática das competências adquiridas no desporto ao serviço da sociedade.
O Congresso foi apresentado por Susana Feitor, ex-atleta olímpica e vice-presidente da Comissão de Atletas Olímpicos. O YourFuture teve uma manhã recheada de temáticas. O evento deu início com a sessão “O Desporto Militar e o Olimpismo na origem dos dias de hoje – O Desporto dos Valores e os Valores do Desporto”, moderado por Ricardo Carvalho, criador da Social Innovation Sports, com participação de Juliana Rocha, ex-atleta de boxe e criminóloga de profissão, Leonardo Cunha, professor universitário e expert no olimpismo, e Pedro Freire, atleta com passado militar – oficial de fuzileiro.
Para além do desporto militar, foi abordada a relação entre o ensino e o desporto. Juliana Rocha defende que “estamos melhores que há dez anos atrás”. No entanto, ela complementa a afirmar que seria impossível viver do desporto e que ainda há uma grande distinção que é feita entre o caminho académico e o caminho desportivo. Leonardo Cunha, por sua vez, destaca a possibilidade dos currículos académicos em torno da realidade desportiva.
“Existem currículos académicos já construídos à volta da carreira desportiva que os atletas querem construir e nós também, como atletas, temos de perceber isso mesmo. Mesmo que haja um sacrifício pessoal que o desporto exige, há que perceber que o envolvimento do atleta num sistema de alto rendimento vai trazer rendimentos futuros e experiências únicas. Há que criar condições para que os atletas possam seguir a carreira desportiva”, afirmou.
Seguiu-se o tema “O Desporto forma-nos como…”, moderado por Miguel Henriques, Press Officer do Futebol de Formação do Sporting Clube de Portugal, com a participação de Miguel Teixeira, presidente do Rugby São Miguel, e Nuno Abreu, professor coordenador do curso técnico de desporto, da Escola Profissional Magestil.
Esta temática baseou-se em dar a conhecer como formar atletas. Tudo isto destacando, claramente, a formação, pois “qualquer atleta de elite já foi atleta de formação”, conforme afirma Miguel Teixeira. Para esta formação, segundo os oradores, há vários fatores a ter em consideração: o treinador, os pais do atleta e a vida do próprio atleta. O professor Nuno Abreu ressalta o papel do treinador de formação e a importância que este tem não só no percurso desportivo dos atletas, bem como na sua vida no geral.
“Um aluno meu, num jogo, veio-me dizer que o treinador da equipa adversária, sempre que tirava um atleta dizia ‘não jogas nada’ e que isso não era correto. Eu fui dizer-lhe isso, e o meu atleta perceber isso passados sete ou oito meses de formação, faz-me pensar que estamos a formar bem”, contou Nuno Abreu.
A formação foi, então, um grande foco nesta palestra, sendo, na opinião de Miguel Teixeira, o fator mais importante num clube.
“É importante ter séniores, mas se não formas em baixo vais perder em cima. E aí as federações têm que ser intransigentes. As equipas têm de ter formação”, reforçou.
A última palestra da manhã, teve como tópico “A profissão de Atleta e os Atletas nas profissões”, moderada por Miguel Toscano, CEO do Ericeira Surf Clube, com a participação de Gonçalo Hall, CEO da Nomadx e ex-atleta de voleibol e voleibol de praia, Miguel Gouveia de Brito, da TrueClinic e ex-atleta de ténis, e Pedro Oliveira, ex-judoca e medalha de bronze no Campeonato do Mundo de Judo de veteranos.
“Será que é possível ser um atleta de alta competição e chegar a ao topo de uma grande organização?”, foi a pergunta deixada pelo moderador Miguel Toscano. Esta palestra visa dar a entender a transição do desporto ao mais alto nível para o mundo laboral, daí convidados com grande passado desportivo e com cargos importantes em grandes organizações.
Todos os oradores dão bastante mais importância às soft skills do que às hard skills. Sendo as primeiras estratégicas para as empresas. Segundo Gonçalo Hall, as hard skills aprendem-se num tempo de três a 12 meses, pelo que as soft skills são mais valorizadas pelo próprio.
“Nós no desporto concorremos e cooperamos (…) Somos animais treinados para cooperar e concorrer e fazemo-lo bem. Não há razão nenhuma para não entrar nessas organizações. No desporto, a percentagem de pessoas com estas competências era, e é, superior á media e é por isso que as pessoas estão a dar mais valor a isso”, destacou Pedro Oliveira, ex-judoca.
Apesar de se focar mais nas soft skills, Miguel Gouveia de Brito não retira importância às hard skills, reforçando a ideia de que quem consegue conjugar ambas tem uma vantagem maior. Defende ainda que não se deve ignorar por completo estas hard skills.
A manhã terminou com a apresentação do Cartão de Saúde da Sports Embassy por parte de Miguel Gouveia de Brito.