A Seleção Nacional de voleibol feminino encontra-se em preparação para a European Silver League (ESL), que arranca no dia 25 deste mês. A equipa defrontou a seleção francesa na quinta-feira, no domingo e nesta segunda-feira, como forma de se prepararem precisamente para a fase de apuramento para a ESL 2022 e para a European Golden League.
A Seleção Nacional acabou por sair derrotada nos três jogos que disputaram contra a Seleção Francesa (3-0, 3-2, 3-0). Antes desta preparação, Hugo Silva, selecionador nacional, defende que esta seleção tem muito para dar e afirma que este pode ser o momento de viragem no voleibol feminino. Quem concorda com o selecionador é Joana Resende, campeã nacional de voleibol pelo Futebol Clube do Porto e uma das convocadas de Hugo Silva para esta competição.
A libero da formação portuguesa conversou com a SportMagazine, onde aborda a preparação da Seleção Nacional para a prova e os seus objetivos futuros.
SportMagazine (SM) – Enquanto campeã nacional pelo FC Porto, é uma atleta já habituada a grandes palcos. O que espera da Seleção Nacional na Silver League?
Joana Resende (JR) – As nossas expectativas para a Silver League são boas. O ano passado conseguimos fazer uma boa prova. Chegámos às meias finais, algo que nunca tínhamos conseguido. As expectativas são boas, já começámos a trabalhar para isso e o nosso objetivo é fazer uma boa campanha e chegar à final.
SM – O ano passado fizeram história e apuraram-se para a final four da competição. Este ano, a ESL detém apenas um grupo, pelo que essa fase está garantida. Qual é o principal objetivo?
JR – Nós temos uma equipa técnica nova, diferente do ano passado, e uma mescla de jogadoras diferentes. Acho que numa fase inicial temos de estar muito mais preocupadas connosco, em construir o nosso modelo de jogo, em praticar um voleibol de bom nível, que seja atrativo, e que nos permita jogar de igual para igual para com as outras seleções. Mas o nosso objetivo é estar na final da Silver League.
SM – Após a Silver Legue, a Seleção Nacional vai para a qualificação do europeu de 2023, entre 15 de agosto e 15 de setembro. Está na Pool C, com Ucrânia, Hungria e Chipre. Acredita na qualificação da Seleção Nacional? Quais as maiores dificuldades que acha que a equipa vai encontrar?
JR – Jogar um apuramento para o campeonato da europa é sempre muito difícil. Nós em 2018 conseguimo-nos apurar e jogámos o campeonato europeu na Polónia. O campeonato europeu tem seleções de um excelente nível, mas para lá chegar temos de jogar a qualificação primeiro. As dificuldades que nós estamos à espera são enormes. Ainda só conhecemos assim melhor a Ucrânia, porque temos jogado com a Ucrânia por diversas vezes, seja nas ligas europeias, seja em qualificações para o europeu. Ainda vamos estudar a Hungria e o Chipre, mas o nosso objetivo, e esta preparação que se iniciou esta semana, é para estarmos o mais preparadas possível para essa competição que é prioridade, que é o europeu. Sabemos que não vai ser fácil, mas temos um caminho longo de preparação para atingir esse objetivo.
SM – No que à metodologia de treino diz respeito, como é que se têm preparado, física e psicologicamente, para este momento intenso de competições?
JR – A preparação ainda é muito precoce. Estamos praticamente com treinos bidiários e com alguma carga de treino. Mas também não temos muito tempo porque para a semana já estamos a competir. Por isso temos de tentar, de certa forma, criar certas rotinas a nível de jogo e prepararmo-nos para estes amigáveis que serão um bom teste para a ESL que se inicia a 25 de maio.
SM – Em relação à visibilidade, sente uma maior visibilidade do voleibol feminino hoje em dia? Ou acha que ainda é uma modalidade pouco vista pelos portugueses?
JR – Hoje o voleibol feminino tem uma visibilidade maior, na minha opinião. Acho que o facto de os considerados três grandes – o Porto, o Benfica e o Sporting – também terem equipas na primeira divisão e terem igualmente canais onde todos os fins de semana se conseguem ver os jogos, contribuiu bastante para que isso acontecesse. Isso permitiu uma propagação maior da modalidade e como estes três grandes estão presentes na primeira divisão e querem, à partida ganhar, é normal que os outros clubes façam, ou tentem fazer, um esforço maior, tanto a nível financeiro como em condições para as atletas, para terem equipas mais competitivas. Também é este aumento da competitividade que tem permitido subir o nível do campeonato e fazer com que este tenha mais visibilidade hoje em dia. A nível de seleções, acho que gradualmente, o voleibol feminino também tem conseguido atingir melhores resultados, o que faz com que as pessoas também fiquem mais interessadas, queiram saber mais e tentem ver a expectativa para os jogos que vamos realizar, seja na Silver League, seja no apuramento, para que consigamos ter boas casas aqui no nosso país.
SM – Hugo Silva, selecionador nacional, fala de uma forma confiante por parte da equipa para encarar estas competições e reforça que poderá ser um momento de viragem para o voleibol feminino. Concorda com o selecionador? Se sim, que momento de viragem é este?
JR – Sim, nós estamos confiantes. Acho que o ano passado demos mais um passinho. Há dois anos, em 2019, jogámos o europeu. Isso também não acontecia. O ano passado, o facto de termos ganho uma meia final de uma competição europeia, que foi a Silver League, também foi mais um passinho. Nós queremos trabalhar e também foi o que o treinador Hugo Silva nos transmitiu, que também temos objetivos e o nosso objetivo passa por, a curto/médio prazo conseguir jogar uma Liga das Nações, onde estão presentes as melhores seleções do mundo. Por isso, temos de trabalhar para isso. Sabemos que o trabalho é a única forma de lá chegar e acho que estamos todos recetivos para que isso aconteça.
SM – Quais são os seus objetivos a curto prazo a nível profissional?
JR – A minha profissão principal é ser jogadora profissional de voleibol. E pretendo continuar a investir na minha carreira. Depois, acabo por ter uma profissão secundária, que é ser nutricionista, a qual eu exerço. Mas lá está, em part-time, e também pretendo continuar a trabalhar. Mas a nível de voleibol continuo a investir na minha carreira. Porque me sinto bem e realizada a jogar voleibol e a fazer aquilo que eu gosto.