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Luís Conceição e os planos do futsal feminino em Portugal: “Queremos ser campeões europeus e manter-nos no topo”Exclusivo 

Luís Conceição, selecionador nacional de futsal feminino. Foto: FPF

Dois títulos europeus (2018 e 2022) e um mundial (2021) alcançados com uma diferença temporal tão curta elevariam qualquer equipa ou seleção a um patamar de referência a nível mundial. Modalidade das mais vitoriosas da atualidade no país, o futsal português ganhou projeção e tornou-se nos últimos anos um modelo a ser seguido internacionalmente. Após alcançar o auge no masculino, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF), responsável pela gestão do futsal, almeja também repetir as conquistas equivalentes no feminino.

Tal como aconteceu com os homens, um longo caminho está em desenvolvimento com as mulheres. O Plano Estratégico para o Futsal, idealizado no início da gestão de Fernando Gomes, presidente da FPF, apresentado em outubro de 2012, é a chave para o crescimento de ambos os géneros da modalidade, alicerçado na formação e aumento do número de praticantes.

Treinador da seleção nacional desde 2014 e um dos responsáveis pelo desenvolvimento do futsal de mulheres no país, Luís Conceição conversou com a SportMagazine sobre a evolução da modalidade em Portugal, os objetivos e o desejo de alcançar o primeiro título do Campeonato Europeu – Portugal está na final four e defrontará a Hungria no dia 1 de julho.

Foto: FPF

SportMagazine (SM) – Em que posição pode-se colocar o futsal feminino português em relação a outros países?

Luís Conceição (LC) – O futsal feminino português tem crescido bastante, principalmente a nível competitivo. No número de praticantes, é importante haver mais. Mas, acima de tudo, tornamo-nos mais competitivos. Sendo mais competitivo, implica treinar também mais nos clubes e essas equipas fazerem mais investimentos. O resultado no feminino tem sido reflexo do investimento no futsal feminino. Portanto, e claramente, a nível europeu e mundial, estamos, se calhar, no top-3, top-4. Estamos a falar de Portugal, Espanha, Brasil, Rússia, a própria Ucrânia, a Itália… Entre as cinco, andamos entre os primeiros lugares, sem dúvida.

SM – O que Portugal fez para alcançar esse patamar?

LC – Em primeiro lugar, o futsal feminino em Portugal sempre foi tradição, há muitos anos. A FPF, essencialmente esta nova direção do presidente Fernando Gomes quando entrou, criou o plano estratégico de desenvolvimento. Veio um conjunto de incentivos, de alteração dos quadros competitivos, do surgimento de novas seleções. E em paralelo surgiu um conjunto de novas ideias que vieram de facto projetar o futsal feminino. A mudança, por exemplo, que acho que para nós foi essencial, foi a criação do Campeonato Nacional Feminino. Acho que esse foi o primeiro passo porque só havia os campeonatos distritais, depois as Taças Nacionais para o final da época. Então, o surgimento do Campeonato Nacional foi extremamente importante porque as melhores equipas começaram a competir regularmente umas com as outras e isso veio a ajudar. Depois foram surgindo a Taça de Portugal e a Taça da Liga. E até nessa altura só existia a Seleção Nacional Feminina A e foram criadas seleções. Em 2015, havia a possibilidade de o futsal entrar nos Jogos Olímpicos da Juventude 2018 – e isso veio a acontecer [Portugal foi medalha de ouro]. Na altura, começámos a preparar uma geração de atletas e identificá-las e prepará-las durante dois, três anos, para participarem desses Jogos Olímpicos na Argentina. Isso aí foi extremamente importante, tanto que algumas dessa geração neste momento já fazem parte da Seleção A.

SM – E houve a criação da Segunda Divisão Nacional em 2021…

LC – Sim, agora estamos na segunda época que temos o Campeonato Nacional da Segunda Divisão. Para que não haja tanta diferença das equipas que vêm dos campeonatos distritais e no ano a seguir estariam no Campeonato Nacional. Acontecia que as equipas que subiam, no ano seguinte acabavam por descer porque o nível competitivo era muito distante. Portanto, criamos a Segunda Divisão nacional para uma divisão intermédia de quem vem da distrital. O Futsal Feijó, que o ano passado foi uma das equipas que foi apurada da Segunda para a Primeira Divisão, está a fazer um campeonato bastante interessante. Tem se mantido ali no meio da tabela e isso nota-se que já vieram mais preparadas para o campeonato nacional.

SM – Portugal atualmente é uma referência no futsal mundial pelo que se faz no masculino. Imagina que o feminino vai alcançar patamar igual ou parecido, há essa ambição?

LC – Sim, a nossa ambição também é essa. Estamos a trabalhar ao longo desses anos com a ambição de um dia ser uma referência a nível europeu e mundial. No futsal feminino ainda não existe o Campeonato do Mundo para termos essa indicação, mas pelo menos a nível europeu é muito a nossa ambição. Queremos ser campeões europeus e manter-nos no topo. Não só vencer um ano, mas sermos uma seleção de referência no futsal feminino.

SM – O que pensa que é possível ainda evoluir na modalidade?

LC – Uma coisa é essencial: temos que alargar o número de atletas de base. A nossa base, os nossos escalões de formação. Precisamos angariar mais participantes. Na semana passada, terminamos o Torneio Interassociações de futsal feminino sub-17 [disputado em Viseu, entre 26 de fevereiro e 1 de março]. Passaram garotas de várias idades, tivemos a participação de 20 seleções distritais. Portugal está dividido em 22 associações de futebol, contando com o Continente, a Madeira e os Açores. Portanto, das 22, tivemos a participação de 20 seleções distritais. Dá um total de 240 atletas a participar do Interassociações de sub-17. Para nós é bastante satisfatório. Agora temos que alargar ainda mais essa base. Em vez de termos, por exemplo, 1 mil, alargamos para 3 mil a 4 mil atletas para formação – e estou a dizer uma média. Além disso, faltam pavilhões desportivos. Temos muitas atletas a treinar até a meia-noite e no outro dia ainda tem que trabalhar. Isso também é um passo importante. Criar mais infraestrutura desportiva para os clubes poderem treinar mais. Se houver mais espaço, se calhar conseguem ter mais equipas. É a falta de espaços para treinar. Cada clube em vez de ter uma equipa de júnior e sénior feminina temos um espaço para treinar outras: vamos iniciar juvenis femininas, por exemplo. Para isso, precisamos de espaço disponível para conseguir treinar. Isso é um passo muito importante para conseguirmos alargar essa base.

SM – A Primeira Divisão Nacional tem apenas uma mulher entre 14 equipas, a Rute Carvalho, no GD Chaves. Porque acha que as mulheres ainda não conseguem ocupar mais posições de treinadoras na nossa modalidade?

LC – Isso é uma questão difícil de conseguir responder, porque de facto nos cursos de treinador, tem surgido sempre mais homem do que mulheres a tirar os cursos de treinador. A Rute é um bom exemplo de extrema competência e dedicação. Tem feito um bom trabalho numa zona do país onde não é fácil. E tem feito um trabalho bastante bom. É continuar também a formar novas treinadoras para que um dia consigam ter a sua oportunidade e o seu espaço na principal liga. Tivemos a Teresa Jordão, que neste momento está na coordenação do Sporting, que já foi campeã nacional com o Golpilheira, na primeira edição do nacional. Esse é um exemplo bastante legítimo. Agora é tudo uma questão de dedicação e trabalharmos para quando houver a oportunidade. Penso que isso não é muito pelo gênero, se é masculino ou feminino. Penso que temos que ver as coisas um bocadinho por aí. Claramente, sabemos que a larga maioria de treinadores neste momento é do gênero masculino, mas penso que não é por aí. É mesmo uma questão de competência e oportunidade.

Leia a reportagem completa sobre o futsal feminino em Portugal na edição n.º1 da SportMagazine. Se ainda não é assinante, saiba como fazer para integrar o nosso grupo de leitores.

Luís Conceição, selecionador nacional de futsal feminino. Foto: FPF

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