O treinador Hélio Lucas, que trabalha, entre outros canoísta, com o super-atleta Fernando Pimenta, é um dos preletor do 11º Congresso de Treinadores de Língua Portuguesa, sendo que cabe ao minhoto as honras de estar no painel de abertura, pelas 10h30 – Painel “Jorge Braz” (com certificação TPTD e PROFS) – “Como se formam campeões” –, sendo que Hélio Lucas, que é licenciado em Educação Física na Universidade de Trás-os-Montes e é o treinador mais medalhado em Portugal (só com o canoísta Fernando Pimenta já soma mais de 100 medalhas), versará sobre o tema, tendo como ponto de partida a “formação de atletas a longo prazo: da iniciação à alta competição”, pode ler-se no programa do evento que pode ser consultado em https://www.treinadores.pt/11-congresso-programa.
Em conversa com a SportMagazine, Hélio Lucas destapou um pouco o véu sobre o que vai apresentar em Viseu e revelou, ainda, alguns segredos que levaram ao sucesso do Pimenta e de outros.
SportMagazine (SM) – A sua apresentação irá, claro, incidir sobre os aspetos que permitem “fabricar campeões”. Pode explicar como?
Hélio Lucas (HL) – A ideia é um bocadinho explicar como é que ele (Fernando Pimenta) e outros atletas atingiram um patamar tão alto. No caso do Fernando é especial, porque trabalho como ele desde os 12 anos. Ele agora está com 35. Vou tentar explicar aquilo que trabalhámos, qual foi o foco, as preocupações e, sobretudo, o que fizemos em cada uma das fases, sobretudo naquela antes dos atletas entrarem no alto rendimento, na alta competição, porque é aí que mais atletas desistem. Irei abordar o trabalho que foi feito, em termos gerais e específicos, e a nºivel psicológico. Por vezes temos a ideia que é só aplicar modelois e no caso do Fernando nem foi o caso.
SM – O Fernando não foi sempre um atleta de excepção. Era um miúdo franzino…
HL – O Fernando não era um atleta excepcional quando era jovem e não tinha as “habilidades” e competências que agora tem. Mas conseguiu chegar longe, como também foi o caso do Nuno Barros, campeão do mundo, que na altura tinha a alcunha de “turista”, porque era muito fraquinho quando começou. Mas, depois, conseguimos aproveitar aquilo que ele tinha de melhor e potenciar as qualidades. Isso deve-se ao trabalho que é feito com os atletas, também a nível físico, mas a força de vontade deles é determinante. (…) E, depois, existe a capacidade de trabalho, ou seja, a nossa capacidade em levar os atletas a fazer o que é necessário. Às vezes não é o fazer, mas é a forma como se faz, e é isso que eu tento incutir às vezes ao Fernando. No mundo da canoagem, as pessoas têm a ideia que o Fernando é o que trabalha mais e faz mais quilómetros. Não é por aí. Quando depois temos experiências e treinos com uma seleção de Alemanha ou de outros países percebemos que trabalham muito mais que nós. O que difere e nos dá vantagem? A qualidade que metemos no trabalho.
Por: Pedro Silva