Em 2021, José Paulo Lopes viveu, nas palavras dele, a melhor época de sempre da vida. Aos 20 anos, participou pela primeira vez dos Jogos Olímpicos, em Tóquio. Terminou o ano, em dezembro, como recordista nacional dos 400 livres em piscina curta, e dos 1500 livres, marcas alcançadas no Mundial em Abu Dhabi. A sequência de bons resultados em 2022, entretanto, não se mostraria tão generosa com o atleta do Sporting Clube de Braga.
Após começar a temporada como um dos nadadores portugueses mais promissores para um ano repleto de competições importantes, José Lopes precisou aprender a lidar com algo incomum na carreira até o momento: a frustração. “Foi um ano bastante aquém das minhas expetativas para ser honesto”, começou por dizer, em entrevista à SportMagazine.
“Talvez mesmo falta de motivação e falta de confiança em mim próprio. Era uma coisa que nunca tinha tido. Sempre confiei em mim bastante e foi um momento um bocado mal neste aspecto. Foi o facto de não ter alcançado resultados que eu achava possíveis, talvez que me tenham deixado mais embaixo. Tudo junto, claro, isso causa uma falta de motivação gigante e depois falta de confiança como consequência”, explicou José Lopes.
Nos Mundiais de Natação de Budapeste, em junho, o atleta bracarense acabou a prova dos 800 metros livres masculino no 22.º lugar, com o tempo de 8.14,40 minutos. Na prova de 400 metros livres, conseguiu fazer melhor nos 800 metros ao ficar mais próximo do top-20. As marcas, todavia, foram insuficientes para levá-lo, por exemplo, aos Europeus.
“Depois do Mundial [de Budapeste], tive alguns problemas de saúde e parei bastante tempo. Também abdiquei aos nacionais porque estive parado mesmo por quase dois meses, totalmente. Agora começou a nova época, quero voltar mais forte e com vontade de alcançar o melhor possível”, afirmou o nadador que, paralelamente, também é estudante de Engenharia e Gestão Industrial, na Uminho (Universidade do Minho).
Questionado mais especificamente sobre os problemas de saúde, o atleta agora com 22 anos afirmou ter se tratado de “análises que estavam um bocado trocadas e o médico aconselhou-me a parar mesmo”. Em entrevista recente à SportMagazine, o treinador Luís Cameira justificou ter o atleta passado por “problemas do pós-olímpicos” e que “teve de parar para ultrapassar esta fase menos boa”.
Após alcançar o 6.º melhor no ranking europeu nos 1500 livres há menos de um ano, José Lopes agora trabalha, sem pressa e, sobretudo, sem pressão, para recuperar o tempo perdido. “É isso que tenho aprendido, tenho andado ‘ao rumo do vento’, como se diz. Tenho andado mais tranquilo e tudo o que vier será positivo. Mas claro que quero participar das competições importantes e dar o meu melhor”, destacou, sem perder de vista os apuramentos para o Europeu e Mundial do próximo ano.
“Nem tudo é mal, porque a parte positiva foi a aprendizagem que este ano me deu, a aprendizagem que nem sempre são altos na carreira dos nadadores e de todos os atletas. Eu sempre estive habituado a ser só altos. Por isso, acho que me fez aprender também esta parte mais negativa da coisa e melhorar com isso”, afirmou. “Como disse foram aqueles problemas mentais e de saúde no geral e agora estou mais forte”, garantiu.
Perguntado sobre metas e planos a curto prazo, reforçou o desejo de dar um passo de cada vez. “Eu tenho tentado não estabelecer grandes metas porque penso que foi isso que me fez piorar tanto na época passada. Neste momento quero focar-me em mim, focar-me nos treinos, nos campeonatos nacionais de piscinas custas que vai haver e passo a passo”, disse, a terminar sobre os pensamentos acerca de Paris 2024: “Paris vai ser sempre um sonho a alcançar”.