
José Paulo Lopes, nadador português. Foto: Federação Portuguesa de Natação
José Paulo Lopes é um dos atletas mais promissores da atual geração de nadadores portugueses. Aos 21 anos, ele é o recordista nacional dos 400 livres em piscina curta, marca alcançada ano passado no Mundial em Abu Dhabi. Na mesma prova, também tornou-se o nadador mais rápido do país nos 1500 metros livres ao concluir a distância em 14:39,82 e superar o próprio recorde com menos nove segundos e sete centésimos que a marca anterior que já lhe pertencia desde 2019.
Atleta do Sporting Clube de Braga, treinado por Luís Cameira, José Lopes vem acumulando medalhas e marcas expressivas nos últimos anos. A viver ótima fase na carreira, o nadador bracarense, cujo o grande objetivo agora é alcançar novos recordes pessoais e chegar forte à Paris 2024, começou a temporada 2022 de forma intensa.
Foi assim nas primeiras competições deste ano, no Meeting Internacional da Póvoa de Varzim e no Arena Lisbon International Meeting. Com intervalo de uma semana entre uma competição e outra, baixou em cerca de 8 segundos o tempo na sua principal especialidade, os 1500 m: de 15.46 para 15.38,48 – o suficiente para alçá-lo ao 6.º melhor no ranking europeu na temporada atual.
Com foco em melhorar as marcas para chegar forte ao próximo Europeu, em agosto, em Roma, o nadador português conversou com a SportMagazine sobre a rotina de treinos, o início da temporada e as expetativas e os planos para o futuro.

José Paulo Lopes, nadador português. Foto: Federação Portuguesa de Natação
SportMagazine (SM) – Primeiramente, gostaria que falasse sobre os resultados no Meeting Internacional da Póvoa de Varzim. Foram vitórias nos 400 metros e 1500 metros livres e ainda nas provas de 400 metros e 200 metros estilos. Satisfeito com o arranque de temporada?
José Paulo Lopes (JPL) – Sinceramente, não saí do meeting da Póvoa muito satisfeito com a minha prestação. Não estava muito bem.
SM – Em Lisboa foram mais vitórias: nos 400m, 800m e 1500m livres. Ficou mais satisfeito desta vez?
JPL – Sim, estou mais feliz em relação aos resultados. Ainda um bocado aquém das expectativas, em termos de tempos, mas agora é continuar a trabalhar e acreditar que tudo vai sair melhor.
SM – Fale-nos um pouco a sua rotina como nadador de elite e a conciliação com os estudos.
JPL – Estudo Engenharia e Gestão Industrial, na Uminho (Universidade do Minho). A minha rotina passa por acordar por volta das 6h30, ter treino das 7h00 às 9h00. Depois, como estou em regime parcial, só tenho aulas à tarde e aproveito a manhã para descansar. Depois de almoçar, vou para Guimarães (para as aulas). E às 18h00 já tenho de estar em Braga porque treino das 18h-21h. E acaba por ser mais ao menos isso.
SM – Como é a tua relação com teu treinador, o Luís Cameira, e qual o papel dele no teu desenvolvimento até aqui?
JPL – A nossa relação sempre foi uma relação muito boa. Sempre nos demos muito bem, e como já nos conhecemos há tanto tempo, já nos conhecemos muito bem. Isso ajudou e ainda ajuda bastante no processo. Ele sempre acreditou em mim, mesmo quando eu não acreditava. Ele fez-me crescer não só como atleta, mas também como pessoa.

José Paulo Lopes ao lado do treinador Luís Cameira e da nadadora Tamila Holub. Foto: Cameira /Instagram
SM – Para um grande atleta se desenvolver há de haver uma série de elementos que devem convergir: a estrutura do teu clube, o Braga, o apoio da família e a abdicação e o empenho do próprio nadador. Há algo que pode apontar como fundamental para o teu sucesso até aqui?
JPL – Fundamental foi sempre ter a família, o treinador e também os amigos presentes. Penso que estes foram os três pilares fundamentais para que me conseguisse superar.
SM – Após o adiamento do Mundial que aconteceria em maio deste ano, a Federação Internacional de Natação anunciou recentemente uma edição especial do mundial que vai ocorrer entre 18 de junho e 3 de julho, em Budapeste. Tantas mudanças da datas têm atrapalhado teu planeamento de treinos e, já agora, qual o objetivo para esse mundial especial?
JPL – É sempre um bocado estranho haver tantas mudanças em tão pouco tempo, mas temos de estar preparados para isto e temos de trabalhar o melhor possível até lá. O meu objetivo é alcançar recordes pessoais, se não for pedir muito… Se sim, alcançar o mínimo para o Campeonato da Europa que se realiza em agosto.
SM – E para esse Europeu é muito pensar em chegar em mais uma final?
JPL – Fiz final em Budapeste, seria um sonho voltar a repetir isso. Só o tempo o dirá…
SM – Em Tóquio 2020, o Zé Paulo afirmou que esteve “aquém das expectativas”. Não chegou à final. A longo prazo, já pensas em Paris 2024?
JPL – Em Tóquio fiquei aquém das minhas expectativas, mas não por não ter alcançado final. Fiquei triste por não ter conseguido fazer recorde pessoal. Já para 2024, o meu grande objetivo, é estar lá presente. Só se fizer o mínimo é que posso começar a pensar mais alto.
Por fim, há algum nadador que te inspire e porquê?
JPL – Nadador não há assim um em específico que me inspire, mas atleta, sem dúvida o Cristiano Ronaldo.

José Paulo Lopes, nadador português. Foto: Federação Portuguesa de Natação