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Ivo Quendera e o regresso da ANTC: “Por vezes os treinadores não são apoiados nem são vistos da mesma forma”

Ivo Quendera, treinador profissional, opinia na SM. Foto: Divulgação
A Confederação de Treinadores de Portugal informou, esta quinta-feira, o regresso da Associação Nacional de Treinadores de Canoagem (ANCT). O presidente desta organização é Ivo Quendera, treinador da modalidade, que conversou com a SportMagazine acerca desta associação e muito mais.

Ivo Quendera afirma que desde 2004 que esta ideia foi criada. No entanto, não durando muito tempo, decidiu reviver este projeto com o objetivo de defender, no fundo, os direitos do treinador, pois afirma que “existe um grande ênfase de apoio aos atletas, aos clubes, e, por vezes os treinadores não são apoiados nem são vistos da mesma forma”.

“Quando a coisa corre bem o treinador é um espetáculo, quando a coisa não corre bem o treinador já não é um espetáculo. Mas esquece-se aqui a componente que está por detrás do trabalho que o treinador faz que é, precisamente, as questões relacionadas com a sua profissionalização, ou seja, a sua remuneração, os seus direitos, as condições de trabalho propriamente ditas, a relação da formação com as suas necessidades”, disse.

Ivo Quendera falou ainda sobre a formação dos treinadores, destacando o facto de que treinadores de diversas modalidades acabam por “ir à procura de formação contínua generalizada, que é o que há neste momento”.

“Temos, por vezes, treinadores de uma modalidade específica e que vão fazer formações gerais de outras modalidades que não têm nada a ver, simplesmente pelos créditos, e o que nós detetámos, e é uma das necessidades e objetivos da nossa associação, é precisamente conseguir auscultar e perceber quais as necessidades efetivas que os nossos treinadores, que estão no terreno, têm”, realçou.

Após todo o processo de criação, em setembro a ANTC iniciou os trabalhos com apenas 20 pessoas, isto porque, segundo o presidente da associação, muitos treinadores não se queriam ligar pois “ainda não sabiam qual era a necessidade”. Foi na primeira assembleia geral, neste mesmo mês de setembro, que Ivo Quendera foi nomeado presidente da ANTC.

Como objetivos, o técnico afirma ser ajudar na profissionalização dos treinadores de canoagem. No entanto, esse objetivo leva a outro, que é, precisamente, o crescimento da modalidade.

“Para termos o pleno desenvolvimento da modalidade desportiva, os seus agentes, aqueles que estão no terreno, têm de ter ferramentas para poder atuar e melhorar esse desenvolvimento desportivo e, neste caso, o treinador é o agente do mais importante que possa existir para o desenvolvimento desportivo”, afirmou.

Ivo Quendera defende ainda o apoio ao treinador com critérios de desenvolvimento, com um plano a longo prazo de desenvolvimento da sua carreira e oportunidade de voz para que transmitam as suas necessidades. Caso isso não aconteça, o treinador não consegue realizar as suas atividades de base que, consequentemente, levam ao desenvolvimento, neste caso, da canoagem.

O presidente da Associação Nacional de Treinadores de Canoagem destaca a importância de uma organização deste tipo, seja qual for a modalidade. Como treinador, sente que o seu papel é deixado “um pouco à margem” e estas associações vêm realçar o trabalho dos técnicos. Por esse mesmo motivo, Ivo Quendera afirma que “as outras modalidades que ainda não têm associação de treinadores estão a perder”, pois, tendo, mais depressa a modalidade sobe e se desenvolve.

A eleição dos novos Órgãos Sociais desta “nova” ANTC está marcada para dia 11 de dezembro, pelas 12:15, na sede da Federação Portuguesa de Canoagem, em Vila Nova de Gaia.

Ivo Quendera e Norberto Mourão – o caminho para Paris 2024

Norberto Mourão ao lado de Ivo Quendera. Foto: Norberto Mourão/Instagram

Ivo Quendera abordou ainda a situação atual do seu atleta Norberto Mourão. O português encontra-se já a treinar desde setembro para esta nova época. Contudo, passou por um processo de descanso fora do comum no contexto geral dos atletas, devido à sua condição.

“O Norberto, não é por ser amputado, mas efetivamente essa condição traz necessidades de ajustamento daquilo que é o processo de treino e de planeamento. Ele não pode dar uma corrida, ele não pode andar de bicicleta, nadar somente com pernas. Portanto, a recuperação que ele faz é muitas vezes à base do descanso ou da utilização dos dois membros que são os membros específicos que ele utiliza na modalidade – os braços. A utilização dos únicos membros na fase de recuperação podem não ajudar na recuperação. Estamos a falar de um atleta que tem os timings de recuperação diferentes dos restantes”, disse Ivo Quendera.

Segundo o técnico, Norberto passou por um processo de treino intensivo durante cinco anos, pelo que foi necessário um largo período de descanso para o atleta de 42 anos. O paracanoísta parou um mês e meio para descansar e estar com a família – “porque aqui não é só uma questão fisiológica, é também psicológica”, citando Ivo Quendera.

Contudo, o treinador estaria consciente da dificuldade que seria o retorno aos treinos, devido ao facto de ter menos um anos que o costume para preparar e competir no ciclo paralímpico. Apesar deste possível entrave, foi feito um plano de carga menos cansativo, mas Norberto pede mais, mostrando-se bastante bem fisicamente.

Para além disto, conseguiu vencer duas medalhas de bronze, no Mundial e no Europeu, não demonstrando cansaço.

“Os próximos dois anos são os anos que vamos dar tudo e, neste momento, o Norberto está preparado para a carga que está planeada até 2024. Está a trabalhar desde setembro porque quis ir ao Mundial de Maratonas e ganhou aquilo sem problemas. Esta semana estivemos a falar e ele disse-me ‘Ivo, isto é pouco para mim, quero mais carga em cima’. Estamos a falar de uma perspetiva em que ele não está nada cansado e está preparado para levar mais volume e intensidade. E isso para mim dá-me a certeza de que nos próximos seis meses que é a nossa preparação para o Mundial e para as vagas, vamos focar-nos para ir buscar a vaga para Paris já no primeiro ano de qualificação”, afirmou.

Sem dar certezas, Paris 2024 podem ser os últimos Jogos de Norberto Mourão, segundo Ivo Quendera. De recordar que Norberto Mourão venceu o Mundial de Maratonas, em setembro deste ano, conquistando ainda a medalha de bronze nos Europeus de Munique, na categoria VL2 200 metros, e nos Mundiais de Halifax, no Canadá.

 

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