A Seleção Nacional de Andebol em Cadeira de Rodas foi campeã Mundial e Europeia, este domingo, em Leiria. A final foi disputada frente aos Países Baixos, tendo terminado com um resultado favorável aos portugueses por 10-18. Com esta conquista, Portugal torna-se o primeiro vencedor de sempre da competição, fazendo história.
O selecionador nacional, Danilo Ferreira, conversou com a SportMagazine, juntamente com o atleta Ricardo Queirós (considerado um dos MVP’s do torneio e o melhor marcador do mesmo), sobre a competição e aquilo que irá ser o caminho da Seleção Nacional daqui para a frente.
“Uma sensação de que o nosso trabalho, começado em 2010, está no sentido certo e que estamos a fazê-lo de forma correta. Os resultados assim o dizem. Sinto que Portugal agora tem de perceber o que quer fazer, se quer manter a qualidade e estar num patamar sério ou não ter essa capacidade e ser ultrapassado por países que estão a começar agora a organizar-se, que têm outro poder e capacidade financeira que nós não temos, o que pode fazer alguma diferença. Continuamos a ser uma referência da modalidade, mas se não continuarmos e não investirmos e se não trouxermos mais empenho e trabalho seremos ultrapassados”, afirmou Danilo Ferreira.
Já Ricardo Queirós descreve esta conquista como um “momento único”. O atleta afirma estar “completamente arrepiado” com o facto de ser campeão do mundo pela Seleção Nacional. O melhor marcador do Campeonato da Europa e do Mundo de ACR, com 37 golos, realça ainda que serem os primeiros campeões do mundo da modalidade é algo que “mete respeito em qualquer lado”.
Danilo Ferreira completa a teoria de Ricardo Queirós, destacando a exibição dos seus atletas e o ambiente vivido no pavilhão aquando da vitória na final.
“Foi êxtase máximo, os nossos atletas foram fantásticos a nível de processo de treino, de jogo, a interpretar aquilo que lhes foi pedido. Com coisas que podemos melhorar, claro que sim, com coisas que fizemos de forma exemplar e agora é eles desfrutarem, aproveitarem e assumirem uma maior responsabilidade para nos manter-mos nos grandes palcos e na disputa dos títulos”, afirmou.
Ricardo Queirós descreve ainda toda a emoção que viveu junto dos seus colegas, dizendo mesmo que a maior parte “não se conseguiu segurar”, com “choros , abraços, gritos , pavilhão ao rubro”. O atleta diz ainda que “agora é tempo de desfrutar , mas daqui a nada o nosso foco volta a ser a próxima conquista”.
Apesar de todas as boas exibições que a Seleção Nacional realizou ao longo do Campeonato do Mundo e da Europa, todas elas derivaram de uma preparação rigorosa e intensa. Ricardo Queirós recorda esse mesmo período de treinos e o foco que todos os colegas e elementos da equipa técnica tinham desde o início.
“A preparação vinha sendo feita já com alguns meses de antecedência a esta competição. Através do trabalho da nossa equipa técnica e federação, conseguimos ter mais estágios e mais condições para podermos trabalhar com vista ao objetivo que conseguimos alcançar. A verdade é uma: desde o primeiro estágio o nosso foco foi sempre fazer história e nunca desviamos desse caminho. Com o passar do tempo e com a aproximação do campeonato as coisas foram-se afinando cada vez mais”, disse.
Conforme já tinha sido referido, Ricardo Queirós foi nomeado um dos melhores jogadores do torneio e o melhor marcador do mesmo. Contudo, a IHF nem sempre o considerou dessa forma.
“Houve um engano na contagem dos golos e então preteriram-me e deram o prémio a outro jogador. A IHF reconheceu que errou , pediram me desculpa e vão-me fazer chegar o meu prémio”, disse.
Para o atleta o momento de ser campeão do mundo e de poder acrescentar os prémios individuais a isso “foi simplesmente indescritível”, conseguindo dedicar essas mesmas conquistas a alguém muito importante.
“Consegui dedicar a alguém muito importante para mim , que já não tenho cá comigo , infelizmente , para poder ver onde eu consegui chegar. E isso significou tudo para mim”, realçou.
Ricardo Queirós estabelece as frases “lutar para ganhar” e “honrar a camisola de Portugal” como objetivos futuros de todos os atletas portugueses, para que a Seleção Nacional continue a conquistar títulos.
O atleta destaca ainda o trabalho de toda a equipa, desde jogadores à equipa técnica, pois os prémios apenas são “conseguidos porque tenho um apoio enorme das pessoas que me vêm jogar e acima de tudo porque tenho uma equipa que me ajuda a que me destaque”. Ricardo Queirós enalteceu o trabalho de Danilo Ferreira, selecionador nacional, Daniela Faria e Joaquim Escada, afirmando que “esta conquista se deve, em muito, a eles”.