Decorreu no passado dia 4 de novembro o I Seminário de Saúde Mental no Desporto de Alta Competição. O evento foi organizado através de uma parceria entre a Associação de Atletas Olímpicos de Portugal (AAOP) e a Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental (SPPS). A SportMagazine esteve presente no evento, pelo que Luís Alves Monteiro, presidente da AAOP, e Maria João Heitor, presidente da SPPS, falaram com a nossa revista acerca da problemática do seminário: a saúde mental.
Luís Alves Monteiro afirma que o objetivo destas duas organizações é “criar soluções para um problema que, de facto, existe, que é o problema do estigma, do impacto que tem nos atletas, na performance, mas também na sociedade em geral, porque isto é um tema da sociedade civil”. Problema este que é a saúde mental. Assunto que abrange não só os desportistas como toda a sociedade civil.
“Essencialmente, nós como Associação de Atletas Olímpicos de Portugal, temos um projeto de vocação iminentemente social. Portanto, não interessa só o facto de sermos olímpicos, porque isso por si só é um feito mas não influencia muito o comportamento de uma sociedade. Interessa, de facto, que sejamos modelos e transmitir esta mensagem de inclusão, de solidariedade, e quem melhor que os atletas olímpicos para isso. Por isso, nesta primeira fase nós quisemos chamar à atenção e dar visibilidade ao tema. E é isso que estamos a fazer”, disse.
Tanto o presidente da AAOP, como Maria João Heitor falam em “estigma” quando abordam o tema de saúde mental. Ambos defendem que esta ainda é vista como um tabu, sendo que essa descriminação tem que ser eliminada. A presidente da SPPS apresenta algumas soluções para que tal aconteça.
“Como se pode acabar? Informando e formando, informação e formação, através dos media, das escolas, para que as crianças desde cedo perceberem o que podem fazer para melhorar a sua saúde mental e os seus estilos de vida. Depois nas empresas, mais tarde, a nível dos próprios profissionais de saúde, que às vezes os próprios acabam por olhar de lado para a vertente da saúde mental. Ou seja, tem de haver uma maior literacia em saúde e saúde mental. Não há saúde sem saúde mental, de facto é básico. É algo que, há uma parte em que o próprio se pode ajudar a melhorar a sua saúde mental e a prevenir problemas mais graves já instalados de doença mental. E quando se sente o sofrimento psicológico mais intenso, mais prolongado, deve procurar ajuda”, afirmou.
Apesar de a saúde mental ser algo que influencia toda uma sociedade, Maria João Heitor realça que os atletas, devido a diversos fatores como o serem “treinador e formatados digamos, para serem super máquinas de obtenção de resultados”, acabam por poder “ser considerados um grupo vulnerável de elevado risco para problemas de saúde mental”. Isto também acontece porque estes interiorizam que não podem errar e ” uma pessoa que, de facto, não possa falhar não pode estar doente, lesionar-se, não pode dar sinais de que está em sofrimento seja físico seja mental e esta gestão de expectativas é muito difícil”.