Foram 870 participantes – dos quais 600 presenciais – em cinco dias de intensa troca de conhecimento. O 13º. Congresso Mundial de Treinadores ICCE (International Council for Coaching Excellence), encerrado este domingo, foi assumido pelos organizadores e participantes como um sucesso, não apenas pelas sessões em si mesmas, mas sobretudo pela oportunidade de preletores, investigadores e treinadores poderem, paralelamente, desfrutarem uns dos outros para trocar experiências nos corredores e momentos que intercalaram as apresentações.
“O Congresso foi uma grande oportunidade para muitas coisas, mas uma delas foi fazer os investigadores e os praticantes estarem juntos. Trouxemos muitos pesquisadores de referência que estão a descobrir novos métodos e técnicas e precisamos de ‘traduzir’ isto para os treinadores e atletas. Trazê-los para o congresso é sempre uma oportunidade única de tentar melhorar essa interação entre treinadores e pesquisadores. Esse certamente foi um dos nossos pontos mais relevantes”, destacou o canadiano John Bales, presidente do ICCE.
“E acho que outro grande elemento é o fator internacional. Temos muito para aprender com as culturas uns dos outros. De alguma maneira, todos temos os mesmo problemas para resolver e encarar como treinadores e pesquisadores. Em diferentes situações, mas com desafios muito parecidos. E dividir as nossas ideias e pesquisas em diferentes contextos foi muito benéfico para o conhecimento de todos, o que só é possível num congresso como este”, acrescentou Bales, um dos organizadores do evento ao lado da Confederação de Treinadores de Portugal.
O encontro que aconteceu na Aula Magna da Universidade de Lisboa foi o primeiro presencial, em aproximadamente dois anos, para este público. Apesar da preocupação com a pandemia ainda em curso, a evolução da vacinação em Portugal permitiu que o congresso ocorresse de forma presencial, o que também foi tratado como uma vitória pelos organizadores.
“Superou claramente as minhas expetativas. E superou por duas razões. Primeiro porque nunca pensávamos que atingiríamos esse número de inscritos: 870. Foram 600 presenciais e 270 à distância numa altura em que é tão difícil no mundo as pessoas viajarem, mesmo em Portugal, por questões de segurança. Foi extraordinário. O segundo é que só quem cá esteve sentiu isso, que é a partilha entre as pessoas. Parte dos conferencistas eu sabia que teriam muita qualidade, porque nós, juntamente com a ICCE, fomos à procura de diversos treinadores e investigadores que pudessem ajudar na formação dos treinadores. E foi um congresso onde vi as pessoas, mesmo não se conhecendo, a falarem umas com as outras. Na minha opinião é o mais importante deste congresso e tenho pena daqueles que não puderam vir e aqueles que estiveram a trabalhar estes dias com as suas equipas e não puderam vir ao congresso e ter essa oportunidade”, disse Pedro Sequeira, presidente da Confederação de Treinadores de Portugal.
“Mesmo sob uma situação difícil, tivemos pessoas de vários sítios do mundo aqui. A maioria europeus e da América do Norte. O maior desafio foi realmente que todos pudessem estar aqui, mas como nem todos puderam, usámos as ferramentas digitais que temos à disposição para alcançar todos. Numa das sessões tivemos apresentações de pessoas do Japão e da Austrália, o que conseguimos graças à tecnologia. É uma oportunidade de estar à frente um do outro que foi incrível”, complementou Bales.
Selecionadores Nacionais
Dentre os preletores e ouvintes no congresso ocorrido entre 17 e 21 deste mês, alguns selecionadores nacionais puderam tornar-se melhores, segundo eles próprios, após a participação no evento.
“Tudo o que seja partilha é bom para o desporto. O congresso permite que todos possamos partilhar algo e absorver algo. Depois cada um filtra o que quer e pode sair daqui uma melhor pessoa e treinador do que aquilo que chegou. Sem dúvida saio melhor. A partir do momento em que vemos treinadores de renome, partilhámos também experiências e informações entre as modalidades. De certeza, que vou sair por aquela porta melhor do que cheguei”, garantiu Hélder Antunes, à frente da Seleção Nacional de hóquei em patins feminino.
Campeão europeu e mundial com a Seleção de futsal masculina, Jorge Braz agradeceu aos organizadores e afirmou que o momento foi de uma riqueza “brutal” para os participantes.
“Foi fantástica a diversidade de modalidades desportivas aqui presentes. Realidades diferentes, preocupações comuns e isto aqui enriquece muito a nossa forma de olhar para o treino, olhar para o jogo, olhar para as lideranças. Áreas de investigação tão diversas, isto obriga-nos a refletir e olhar para problemas do desporto que nem sempre refletimos adequadamente no nosso dia a dia por estamos tão focados na nossa modalidade, no nosso treino, no nosso jogo. Isto foi de uma riqueza brutal convivermos e partilharmos também fora das sessões, nossas experiências. Retivemos aqui inúmeras palavras e frases, inúmeros detalhes que nos obrigam a refletir”, disse Braz.
Ricardo Vasconcelos, selecionador da equipa de basquetebol feminino, foi mais um a garantir que saiu do congresso maior e mais preparado do que quando nele chegou.
“Eu acredito na magia da palavra partilhar. Quando nós partilhamos, algo nasce. Nasce mais. A capacidade de nós interagimos uns com os outros de partilhar tudo o que eu sei, faz com que alguém reflita com aquilo que dissemos e venha com uma nova ideia. A partilha é absolutamente essencial com o crescimento de qualquer temática. A temática aos treinadores. Enquanto partilhamos como treinadores há uma magia que acontece, há um melhoramento geral, que faz com que para continuar a ser melhor tenhamos que trabalhar mais que ontem. Essa ideia de que o conhecimento gera conhecimento é igual ao dinheiro: quanto mais conhecimento eu tenho, mais eu vou adquirir. O conhecimento traz dúvidas e as dúvidas trazem respostas. Isto é absolutamente decisivo para evolução de qualquer temática. Penso que crescemos todos muito com essas pequenas partilhas que nos levou às pequenas reflexões que nos levou a conclusões que não tínhamos antes de chegar aqui”, disse.