O seminário “Be Like An Athlete” (BLA) apresentou, esta quinta-feira, na Universidade da Maia, os “outpouts” 1 e 2 – nomeadamente os resultados das duas primeiras etapas de uma pesquisa sobre o perfil do estudante-atleta – em Portugal, Suécia, Irlanda, Espanha e Itália.
A apresentação foi realizada pela coordenadora do projeto, a professor doutorada Teresa Figueiras. O BLA é um projeto Estasmus Sport+ que em Portugal tem como parceiros o Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) e o Conselho Nacional de Associações de Profissionais de Educação Física e Desporto (CNAPEF). O objetivo é traçar um Perfil Sociopsicológico transnacional de estudantes-atletas (14 a 18 anos de idade) envolvidos em carreira dual.
“Este projeto nasce da preocupação de procurar compreender como podemos melhor e ajudar os nossos jovens a conciliar a rotina do desporto e da escola. Até porque a ideia de que se eu consigo conciliar bem ambos estou a desenvolver um conjunto de competências que vão ser importantes para a vida adulta e para a cidadania”, destacou Teresa Figueiras.
No total, participaram do estudo 1.192 atletas-estudantes, com média idade 16,4 anos, sendo 527 raparigas e 657 rapazes. O perfil dos questionários abordou sete valências: resiliência, bem-estar, paixão pela escola, paixão pelo desporto, planeamento de carreira, competências sociais e gestão, estando Portugal sempre acima da média internacional:
- Bem-estar: média total: 64 pontos; média de Portugal: 68.5 (máximo 100);
- Resiliência – média total: 28.4 pontos; média de Portugal: 30.00 (máximo 40);
- Paixão pela escola – média total: 27 pontos; média de Portugal: 27 (máximo 40);
- Paixão pelo desporto – média total: 35.2; média de Portugal: 37.6 (máximo 20);
- Planeamento – média total: 15.2; média de Portugal: 16.1 (máximo 20);
- Competências Sociais – média total: 24.3; média de Portugal: 25.8 (máximo 30);
- Gestão – média total 39.99; média de Portugal: 42.3 (máximo 47);
“Os nossos resultados [de Portugal] foram extraordinários e influenciaram diretamente no resultado total”, observou Teresa Figueiras, a levar em consideração que Portugal possui as Unidades de Apoio ao Alto Rendimento na Escola (UAARE).
Os resultados do projeto BLA são trabalhados em 4 etapas:
1 – Validar o questionário e chegar a um conjunto de competências que daria o perfil dos jovens em questão;
2 – O conjunto de resultados que o questionário ofereceu;
3 – O que fazer a seguir? Uma aplicação para ajudar o estudante-atleta a monitorizar a sua rotina e dar feedbacks ao treinador e à família, de maneira a apoiá-lo, dá-lo ajuda quando necessário;
4 – Simultaneamente, desenvolver um e-Book Guidelines que procura descrever estratégias práticas que permita aos jovens a desenvolver competências.
Este perfil será utilizado para promover o Desenvolvimento Positivo dos Jovens em contextos desportivos e escolares, através da implementação de fermentas digitais, interativas e pedagógicas.
“Se compreendermos bem esse perfil e pudermos ajudar a desenvolver esse perfil, estamos a contribuir para o desenvolvimento dos jovens no contexto desportivo e escolar. Primeiro precisávamos perceber qual era o perfil e agora precisamos procurar ferramentas pedagógicas para desenvolver essas demandas”, destacou Teresa Figueiras
Na apresentação, pôde-se notar que a distribuição dos resultados para cada uma das escalas validadas mostrou um comportamento semelhante entre Irlanda, Portugal, Espanha e Suécia. No entanto, a Itália teve consistentemente os resultados mais baixos em todas as escalas.
“Provavelmente os participantes italianos eram jovens um bocadinhos mais velhos, mais ligados ao basquetebol e não estando envolvidos em programas de carreira dual ficaram abaixo. Vamos discutir isso com os nossos parceiros italianos”, explicou a coordenadora do BLA.
Por fim, Teresa Figueiras fez um balanço geral do estudo que coordenou. “O perfil mostra que os estudantes-atletas têm em comum uma forte paixão pelo desporto, mas níveis menores de bem-estar. Uma das grande conclusões e estratégias é que vai ser necessário buscar como podemos aumentar o bem-estar dos jovens atletas, mas também dos jovens em geral”, pontuou.