Na n.º2 da SportMagazine pode contar com uma peça sobre a formação de treinadores. Contudo, aqui pode ter acesso à entrevista exclusiva feita a cada interveniente. A formação de treinadores é, em Portugal, algo bastante recorrente que tem vindo a sofrer bastantes evoluções ao longo do tempo. Desde a implementação de cursos, e muitas outras ações. Fique com a opinião do entrevistado.
SM – Qual é, na ginástica, a sua perspetiva daquela que é a formação de treinadores?
Paulo Barata (PB) – Acho que é acessível. Criamos uma estrutura a que todos os treinadores podem aceder. É acessível a nível financeiro e disponibilizamos tudo o que temos de conteúdos. Acho que a nossa formação é correta. Tanto legalmente – 4 graus, cargas horárias, organização – e fazemos jus àquilo que conseguimos oferecer a nível da organização. Depois temos uma coisa muito exaustiva e criteriosa, porque implementámos um modelo que algumas federações utilizam, por exemplo, natação e atletismo.
O trabalho do treinador é perspetivo e quer ensinar o que sabe. Quando o atleta apanha a técnica, depois precisa de mais um grau para o acompanhar. O ginasta vai puxar o treinador para a frente e o treinador anda atrás do prejuízo.
SM – Como acha que se pode melhorar essa formação, de maneira geral?
PB – A formação mexe com tudo, com todas as áreas de desenvolvimento. De uma forma logística, muitas vezes podíamos melhorar a formação se tivéssemos mais condições. A Federação vive do espaço dos outros, uma faculdade. O que leva a impossibilidades de horários, falta de materiais. O que leva a uma temática ser ensinada num sítio, outra noutro sítio. Já se está a melhorar, mas ainda há coisas a fazer. Faltam salas dedicadas à ginástica e à formação da nossa federação. E também é necessário financiamento e as condições de financiamento podiam ser mais flexíveis tendo em conta o que é preciso fazer.
A evolução do financiamento podia ter mais ligação à realidade. Uma das coisas que queremos sempre é ter a formação acessível, mesmo a nível de preço. O nosso curso anda de 1,5€ a 3€ à hora. Isto não existe praticamente em lado nenhum. Isto porque a Federação tenta pensar por si. O ginasta tem que ter um treinador e um treinador com um maior saber, senão quem vai sofrer é o ginasta. Essa lógica do financiamento, não digo que está mau, mas deve-se reorganizar o financiamento do desporto.
Depois acho que os cursos de treinadores, temos para grau II e a terceira componente que é estágio, que agora é seis meses, com 120 horas de sessões escritas, sessões de treino. A nota é dada por duas pessoas. E achamos que o estágio deve começar mais cedo. Têm sessões técnicas e podem estar em estágio a praticar essa técnica e acho que isso seria o passo lógico em que se trazia a formação para dentro do ginásio e do processo de treino. Porque fazer uma componente geral, ter uma nota, outra especifica, ter uma nota, depois terminar e ir para estágio…há um certo desfasamento.
SM – Fizemos um questionário rápido a alguns treinadores e levantaram fragilidades no seu percurso como: falta de tempo, pouco reconhecimento e uma falha no enquadramento no que toca ao equipamento e materiais. Concorda? Como pode ser resolvido?
PB – Cada pessoa é uma pessoa e tem os seus objetivos, os seus enquadramentos. Claro que toda a gente gostaria de mais logística. Espaço, tempo e logística estão invariavelmente ligados uns aos outros. É fácil dizer que não tenho logística não tenho resultado, mas pode ser relativo ou pode ser verdade.