Filho de Mário Gentil Quina e sobrinho de José Manuel Quina, medalhistas de prata na classe Star nos Jogos Olímpicos de Roma de 1960, o também ex-velejador Mário Quina assumiu em outubro passado à presidência da Federação Portuguesa de Vela (FPV) com alguns objetivos relevantes, entre eles, o regresso de Portugal ao pódio olímpico em Paris 2024 – após 28 anos.
Portugal não conquista um pódio olímpico desde Atlanta 1996, quando Vítor Hugo Rocha e Nuno Barreto Vela alcançaram a medalhas de bronze na Classe 470. Para regressar ao patamar de conquistas, Quina busca aproximar mais a FPV com os atletas, que acredita ter “elevada qualidade técnica”, além de conseguir diversificar o investimento no desporto – atualmente concentrado apenas na área pública.
“Sim, estamos a trabalhar para isso [buscar medalhas olímpicas]. Já tomamos algumas medidas. Até agora, a filosofia da Federação era apoiar os velejadores. Neste momento, já alterámos a nossa filosofia e estamos a apoiar as classes. O que isso quer dizer em termos práticos é que se você for candidato aos JO, mas se eventualmente desistir por algum motivo, todo o investimento que a Federação fez em si não desaparece. Neste momento, estamos a fazer o seguinte: se está na ‘classe a’, vamos apoiar a classe. Para a vela olímpica tenho uma série de velejadores, se não for um, vai outro e todo o investimento que estamos a fazer na classe não vai embora se você for embora”, explicou em declaração à SportMagazine.
Nas prioridades do presidente da FPV, com gestão até 2024, estão também encontrar “receitas alternativas ao Estado”, tendo no horizonte a ideia de “desenvolver a marca vela”.
“Isso é mudar a filosofia. Era algo que havia quando conquistamos a última medalha. A Federação resolveu alterar e estamos a retomar essa situação. Por outro lado, há uma coisa que é importante: não se fazem omeletes sem ovos. A Federação tem um problema de financiamento. Hoje em dia, depende praticamente, para não dizer totalmente, de financiamento público, do IPDJ [Instituto Português do Desporto e Juventude] e do COP [Comité Olímpico de Portugal]. Estamos neste momento a trabalhar para desenvolver a marca vela para arranjar patrocinadores provados que nos permitam também investir mais”, detalhou Mário Quina.
Outro desejo de Mário Quina é “alargar o leque de velejadores”, a estimular novos praticantes e apoiar as camadas de formação para que novos talentos sejam encontrados – incluindo, inclusive, a vela adaptada.
“Estamos a tentar alargar o leque de velejadores. Sabemos que a vela é uma pirâmide. Cá embaixo é maior, lá em cima, no topo, a vela olímpica, é menor. Estamos a trabalhar no sentido de alargar a base e, por outro lado, também, desenvolvendo as várias fases, a vela adaptada, que é uma área que temos muito carinho e queremos desenvolver. Há também a vela para pessoas que não querem fazer regatas, mas querem andar de barco pelo prazer. Estamos a trabalhar em todas essas áreas, no fundo, para conseguirmos desenvolver cada uma dessas especificidades”, destacou Quina.
Por fim, questionado sobre a posição do desenvolvimento da vela portuguesa em relação aos demais países europeus, reforçou o elogio aos atletas lusos, mas ressaltou aquele que parece ser o seu maior desafio: buscar apoio financeiro para o investimento na vela.
“A vela portuguesa em relação aos outros países em termos de recursos humanos, estamos fantásticos. Temos velejadores fantásticos. Em termos de apoio, estamos muito aquém da Europa. E realmente eles têm meios financeiros que lhes permitem fazer determinadas atividades que nós hoje em dia não temos. Em termos de pessoas, não. Nisto, nós somos tão bons ou melhores que eles”, afirmou.