Após chegar às meias-finais dos 5.000 metros na sua estreia em Campeonatos Mundiais ao ar livre, nos Estados Unidos, a atleta portuguesa Mariana Machado precisou passar por uma verdadeira maratona fora das pistas. Esta para regressar a Portugal. Nas redes sociais, a corredora de 21 anos revelou ter passado 37 horas para conseguir voltar para casa. O facto foi reforçado com as críticas da treinadora, Sameiro Araújo, que lamentou o tratamento à sua atleta.
“Após uma viagem que durou ‘apenas’ 37 horas, feliz por finalmente estar em casa”, escreveu Mariana Machado, que reside em Braga.
Recorde-se que, na competição em Oregon 2020, a atleta bateu o recorde nacional Sub-23, ao cortar a meta nos 5.000 metros com marca de 15.18,09. Um recorde melhorado em cerca de três segundos, mas que representa uma melhoria pessoal de mais de sete segundos (tinha 15.25,87). O anterior recorde nacional já completara 22 anos (o anterior pertencia a Inês Monteiro, a 15 de junho de 2002, a correr a 15.21,05).
Com a manifestação de Mariana Machado, a treinadora Sameiro Araújo endossou o ocorrido e destacou o sofrimento da atleta, que está lesionada, e como isso pode prejudicá-la na preparação para o Campeonato da Europa, que acontecerá no próximo mês, em Munique (15 a 21 de agosto).
“Assim é tratada a Alta Competição em Portugal. Após de uma viagem muito longa, mais de 30 horas de viagem, uma atleta que vem lesionada de um Campeonato do Mundo chega a Lisboa e é obrigada a viajar mais quatro a cinco horas até Braga, de comboio, porque o preço de uma viagem de avião Lisboa/Porto não ‘justifica o custo-benefício'”, escreveu Sameiro Araújo, na rede social Facebook.
“Uma atleta que pediu para regressar logo após a sua competição para melhor preparar o seu objetivo máximo da época, o Campeonato da Europa, é integrada no último grupo a regressar a Portugal, mesmo após ter adoecido. Não, não compreendo! Não é meu hábito vir para as redes sociais falar daquilo que julgo, deverá ser discutido internamente. Mas hoje estou demasiado dececionada para calar aquilo que neste momento estou a sentir”, acrescentou a treinadora.
Mariana Machado, a atleta do Sporting de Braga foi a mais jovem atleta nacional a compor o conjunto de 23 representantes do país nos Estados Unidos. Após a prova, a bracarense comemorou a participação na competição. “Valeu a pena vir cá. É nestas competições que conseguimos experiência para, nos anos seguintes, conseguir alcançar lugares de finalista e medalhas. Todas as vezes que consegui medalhas no meu escalão precisei sempre ter uma participação em que não consegui ganhar nada. Só nas seguintes é que trouxe medalha para Portugal ou um lugar de finalista”, afirmou. “E agora que venha o Europeu, que esse sim era o objetivo no início da época”.