Marco Santos, responsável do Departamento de Formação e Certificação da Federação Portuguesa de Andebol, e um dos organizadores do 21º Congresso Técnico Científico de Andebol, que terminou este domingo, na Universidade da Maia, fez o balanço do evento em exclusivo para a SportMagazine, sublinhado que o risco de apostar num tema específico, como o tema do Guarda-redes, «foi uma aposta ganha».
SportMagazine (SM) – Quais foram os objetivos para esta edição do Congresso, em termos de participação e sobretudo em termos temáticos?
Marco Santos (MS) – Para esta ediçao do Congresso foram 3 os objetivos.
O primeiro grande objetivo foi abordar um tema que é crucial no andebol moderno. e que, tendencialmente, vai tornar-se ainda mais fundamental nos próximos tempos, que é a questão do guarda-redes.
A importância que o guarda-redes tem numa equipa de andebol, principalmente na questão da performance.
Depois, aproveitando isto, e porque temos uma grande necessidade em Portugal de desenvolver o treino de guarda-redes, achámos que teríamos que aplicar este tema, e até, por ventura, de uma forma drástica, no tema de todo o Congresso. Queremos melhorar e temos que melhorar a formação base dos guarda-redes, para conseguirmos estar mais próximos das equipas de topo daqui a 5 ou 6 anos, porque, se continuarmos como estamos, o fosso vai ser cada vez maior. Temos guarda-redes de qualidade, mas temos de produzir mais, para conseguirmos igualar o nível dos melhores países da Europa e do mundo.
E o terceiro objetivo foi utilizar este Congresso como rampa para de lançamento para formação específica e especializada do treino de guarda-redes para treinadores que, em princípio, sairá no próximo ano,
em que vamos juntar os melhores treinadores portugueses e alguns especialistas mundiais, para desenvolver o treino na especialidade, neste caso na especialidade de guarda-redes, desde a formação ao alto rendimento.
Foram estes os três grandes objetivos deste Congresso.
SM – Porque escolheram as figuras de Luis Alfonso Santos e Markus Markis para este congresso?
MS – A escolha do Luís Alfonso Santos é muito simples, pois está a trabalhar no Barcelona já há cerca de dez anos ou até mais, e é uma pessoa que está em vários cargos, desde o treino de equipa de rendimento da Blooming, que junta os atletas que estão no projeto Amacia e os atletas de rendimento sub-16, que têm um programa especial, que permite que eles treinem logo de manhã, que tenham o horário ajustado na escola para poder treinar de manhã, e depois as aulas de educação física são de andebol, e também ajustam as avaliações, ou seja, têm uma maior facilidade nesse âmbito.
É também coordenador dos atletas que estão na Amacia, de parte do andebol,
e também é treinador de guarda-redes, neste caso, de formação e de equipa B, tendo também acumulado, na segunda metade da época, o cargo de treinador principal da equipa B do Barcelona,
ou seja, trouxemos alguém que percebe o que é formar um guarda-redes e levá-lo
ao mais alto nível, e passar também a experiência de que o treinador pode estar em várias frentes,
e dessa forma. influenciar em todos os parâmetros a evolução do guarda-redes.
O Mark Markis foi uma proposta da federação europeia, depois de solicitarmos um especialista da federação europeia sobre o tema de guarda-redes, e propuseram-nos o Mark Markis, perante os nossos objetivos, como um especialista que se mais adequava às nossas necessidades.
SM – Qual a importância deste tema para o desenvolvimento do andebol em Portugal?
MS – Tendo já respondido um pouco na questão dos objetivos, podemos salientar a importância que os guarda-redes cada vez mais estão a ter nos resultados ao mais alto nível, e não só.
Temos jogos em que um guarda-redes consegue 30 a 40% de percentagem de defesas, que praticamente garante o resultado final. Por exemplo, a meia final do Liga dos Campeões, em que o guarda-redes do Barcelona ´fechou´ a baliza e não deu hipóteses ao Kiel de ganhar o jogo, e dessa forma não podemos olhar para isto e não ter em conta, temos que agir já. E a agir já é lançar um plano de médio prazo, para daqui a 5, 6 anos conseguirmos estar a formar guarda-redes com mais valências, como mais valências técnicas, táticas, estrutura, ou seja, conseguir com que os treinadores de formação comecem a dedicar mais tempo de treino ao guarda-redes, ter em atenção, quando fizerem o plano de treino e a preparação do treino, e considerar o guarda-redes como um atleta que necessita de um treino específico, e não como alguém que está ali
para ´defender bolas´.
Foi com esses parâmetros que decidimos lançar o congresso, foi arriscado, porque muita gente olha para este tema como um «não tema» essencial ou um tema curto, mas pelo que vimos durante
este fim de semana foi uma aposta ganha.