O terceiro e último painel do dia no Congresso Nacional do Desporto, realizado esta sexta-feira (evento a seguir no sábado), reservou como tema “Mais talento, mais elite, mais medalhas”, com o diretor desportivo do Comité Olímpico de Portugal (COP), Pedro Roque, e o presidente da Federação Portuguesa de Atletismo (FPA), Jorge Vieira.
No evento organizado pela Confederação do Desporto de Portugal, Pedro Roque trouxe ao público estatísticas que apontam à necessidade de evolução do desporto português em vários âmbitos, desde a formação até o desporto olímpico. O gestor destacou o recorde positivo obtido em Tóquio 2020, com quatro medalhas, 16 diplomas e 36 classificações no top-16. “Devemos de estar orgulhosos da presença dos nossos atletas”, começou por dizer.
Por outro lado, destacou que a média de medalhas dos países da União na mesma competição foi de 10,7 medalhas, caindo a 7,9 medalhas os países entre 5 milhões e 12 milhões de habitantes – grupo de controlo o qual está demograficamente Portugal.
“Nós efetivamente ainda não somos um país com tradição ao nível das medalhas, se conseguimos chegar, e acreditamos que sim, é possível. talvez não em Los Angeles 2028, mas é possível lá chegar”, afirmou Roque com dados otimistas. “Quando comparamos as últimas três edições dos JO, a nossa média é 78,6% superior em relação ao histórico”, observou sempre a ressaltar a qualidade dos atletas portugueses e o potencial de crescimento.
“Não sei se sabem, mas há treinadores olímpicos que não são profissionais. Não é possível estar ao mesmo nível numa modalidade a part-time. Temos treinadores top, o problema é que não trabalhamos top e é preciso estar a 100%”, disse Pedro Roque.
O presidente da FPA, Jorge Vieira, por sua vez, trouxe muitas indagações acerta da profissionalização do desporto nacional. “Dispomos de treinadores qualificados e profissionais para gerir a preparação dos atletas qualificados? Dispomos de equipamento ao mais alto nível, dos recursos financeiro suficientes, continuamos a acreditar que é possível chegar ao mais alto nível”, perguntou.
“Nenhuma federação do mundo consegue responder sim a todas as questões [outras tantas mais colocadas além das citadas], mas nós na maioria respondemos não”, disse em tom de lamento à posição de Portugal em relação a outros países.
“Temos potencial para isso e deveríamos ter melhores resultados internacionais. É algo que não me deixa dormir descansados, porque acho que é algo que podíamos fazer melhor”, afirmou Jorge Vieira, referindo-se às conquistas recentes do atletismo nacional.
Por fim, Jorge Vieira trouxe, na conclusão, que o país precisa “apostar na base quantitativa, mas também na qualidade, sendo este o caminho de longo prazo para desenvolvermos o desporto nacional”.