Os dois primeiros dias do 13º. Congresso Mundial de Treinadores ICCE (International Council for Coaching Excellence) tiveram um destaque especial: as mulheres. Cada vez mais protagonistas na sociedade, elas também seguem caminho igual no desporto e suas diversas vertentes.
Foi assim também no evento que está a ser organizado pelo ICEE e pela Confederação de Treinadores de Portugal, com parceria técnica da Faculdade de Motricidade Humana (FMH) da Universidade de Lisboa, onde ocorre o encontro.
Para Inês Caetano, ex-atleta de pentatlo moderno e uma das moderadoras do congresso, a participação das mulheres tem sido destacável. “Em primeiro lugar, é o primeiro congresso onde estive que tem uma participação feminina tão grande na audiência. Os preletores controlam-se porque isso tem a ver com os convites, mas a presença das mulheres, acho que é muito positiva”, afirmou.
“Acho que os temas têm sido bastante interessantes, muito transversais, mas que se complementam e, portanto tem sido bastante interessante perceber esse complemento entre os temas. E depois a abertura das pessoas para conversar, para trocar ideias têm sido muito positivo. Acho que os próximos dias vão ter mais pessoas, sexta-feira e sábado, a tendência é de serem dias mais fortes e há uma grande expetativa nesse sentido. Mas até agora, nota dez”, acrescentou Inês, que é fundadora da Sports Embassy, instituição dedica à gestão da interação de ex-atletas com o universo empresarial.
Nicola LaVoi, conferencista, docente e investigadora na área das ciências sociais e comportamentais na Escola de Cinesiologia da Universidade de Minnesota, onde dirige o Tucker Center for Research on Girls & Women in Sport, que se dedica à pesquisa sobre a participação de jovens raparigas e mulheres no desporto veio a Lisboa falar do impacto das questões de género e das barreiras sexista no desporto. Ela apresentou a sessão “Role of the Tucker Centre increasing the number of women coaches and participation rates of girls in sport across college campuses in the US”, na Aula Magna durante abertura do evento.
“Nos EUA, o desporto ajudou as mulheres a obter os benefícios da competição e ajudou-as a obter sucesso em todas as áreas da sociedade. Na verdade, 94% das mulheres em lugares executivos (CEO, CFO, CIO) praticaram desporto. Não existe paridade de género ou equidade, mas o desporto tem ajudado aquelas meninas e mulheres que o praticam, a evoluir em todos os aspetos de seu desenvolvimento”, começou por dizer LaVoi.
“Há um complexo sistema de barreiras sociais, organizacionais e interpessoais que impedem e afetam as mulheres no treino desportivo, barreiras que os seus colegas homens não enfrentam. Por exemplo, o sexismo e as questões de género são fatores predominantes que as mulheres treinadoras têm que ultrapassar e os homens não. As mulheres são qualificadas e competentes para treinar, devem ter a oportunidade de fazê-lo”, completou a pesquisadora norte-americana.
Professora da Universidade Estadual de Campinas, uma das mais renomadas do Brasil, Larissa Galatti foi uma das preletoras e congressistas a falar para os centenas de participantes sobre o tema “Aprendendo a liderar: Desenvolvendo uma Liderança Estrutura em um ambiente de equipe”. A pesquisadora também destacou a relevância da mulher, desta vez na função de treinadora.
“Seguramente, foi uma oportunidade muito importante de conhecer o que internacionalmente e mundialmente tem sido feito e compartilhar o que cada um vive no seu contexto. Em termos de destaques, acho que a abertura a falar sobre mulheres treinadoras é importante. Se comparmos a proporção de profissionais homens e mulheres os números são muito fortes e agora a questão é o que fazemos para mudar esses números”, disse.
“Temos também uma contribuição internacional muito grande da academia japonesa de coach developers, essa figura do formador de treinadores e treinadoras é um nome mais recente para uma atividade que já existia e pode impactar muito no sistema desportivo. Se temos melhores treinadores e treinadoras a tendência é temos atletas mais engajados e mais envolvidos com o desporto e portanto uma experiência desportiva melhor também”, completou Galatti.
O evento, que segue a acontecer até o domingo, 21, conta com o apoio institucional da Câmara Municipal de Lisboa, Lisboa Capital Europeia do Desporto 2021, ACES Portugal e Instituto Português de Desporto e Juventude (IPDJ).