Na n.º2 da SportMagazine pode contar com uma peça sobre a formação de treinadores. Contudo, aqui pode ter acesso à entrevista exclusiva feita a cada interveniente. A formação de treinadores é, em Portugal, algo bastante recorrente que tem vindo a sofrer bastantes evoluções ao longo do tempo. Desde a implementação de cursos, e muitas outras ações. Fique com a opinião do entrevistado.
SM – Qual é a sua perspetiva daquela que é a formação de treinadores?
Daniel Neri – A formação de treinadores é importante, mas não é o mais importante. O mais importante é o que se faz ao longo da carreira. A formação será um, dois, três anos. Quando vamos ver os treinadores que estão mais nos media, na atualidade, vemos que não é bem onde tiraram o curso ou que formação fizeram, mas é a capacidade que têm para exercer a profissão. Eu acho que isso é o principal. O importante é ir-se mantendo atualizado, refletir, manter-se no nível competitivo e isso é formação continua e isso é mais importante. É a nossa capacidade de nos querermos reciclar constantemente, de nos querermos manter na crista da onda a nível de conhecimento e daquilo que nos aproxima das vitórias. Temos de nos manter com um saber que nos aproxime das vitórias.
Há muitas formações, pela internet, presenciais, em vários países, há muitas que se podem tirar. Mas, para mim o que interessa é a determinação pessoal. O quanto nós estamos motivados. Sempre querer melhorar.
Acho que o mais difícil são os diplomas de treinador e penso que se está a fazer assim uma seleção. Temos os cursos da UEFA, os cursos são UEFA A e UEFA PRO, são difíceis de tirar. Os critérios de seleção não são bem transparentes. Acredito que seja para se protegerem, há de haver muitos treinadores a querer os cursos. Se me perguntar a principal limitação, é isso. A quantidade de cursos de que faz, não bate. Há uma procura muito grande e uma entrega reduzida. Depois há talentos de treinadores que não têm espaço. A vida de treinador é muito competitiva, depende de resultados, o resultado nem sempre vem. Mas quando vem vêm novas oportunidades e às vezes até melhores para continuar a carreira. E esses cursos às vezes até atrapalham uma carreira que é difícil ser conquistada. Temos de refletir todos nós, quem está a organizar estes cursos, as vagas. A profissão de treinador é difícil, é difícil mesmo. Quem nós vemos nos grandes palcos são 1%, os outros também têm que fazer acontecer e fazer as coisas e os cursos são para todos.