Lisboa – O Congresso da Vela 2022, que se realiza na Reitoria da Universidade Nova de Lisboa, abriu a sessão da tarde com uma mesa redonda – entre o(s) orador(es) e o público – que aborda temas como ‘Federação de atletas / Licenças desportivas’, ‘Desporto escolar como porta de entrada’, e ‘Formação e alto rendimento’.
No primeiro debate, acerca da ‘Federação de atletas / Licenças desportivas”, José Pedro Dias Pinheiro, membro da Federação Portuguesa de Vela (FPV), vê este tema como muito importante, visto que é necessária para a competição dos mesmos.
“A lei define coberturas obrigatórias no que diz respeito ao seguro mas não distingue prática formativa de prática informal (…) o objetivo é aumentar os velejadores federados, o que baixaria o custo das licenças desportivas (…) permitiria trazer esses custos para baixo”, disse José Pinheiro.
A direção da FPV pretende apresentar soluções para que haja uma adaptação do exame médico às características da modalidade, rever a regulamentação da FPV, desburocratizando a prática ocasional ou regular, junto dos clubes de vela. Uma das problemáticas apresentadas foi precisamente a dificuldade de arranjar médicos para exames médicos. Essa dificuldade, segundo um elemento da plateia, provém de uma antiga legislação antiga que afirmava que apenas os médicos especializados em medicina desportiva poderiam fazer esses exames médicos. No entanto, hoje em dia qualquer médico pode fazê-lo, mas algum continuam a rejeitar.
De seguida, Luís Rocha, diretor técnico da FPV, abordou o tema do ‘Desporto Escolar como porta de entrada’. Nesta palestra foram apresentados vários dados dentro daquilo que é a prática do desporto náutico no desporto escolar. Para além disto, foram também partilhadas várias parcerias entre, mais uma vez, o desporto escolar e clubes em diversas zonas do país, nomeadamente Madeira, Lisboa e Viana do Castelo, juntamente com um projeto do Clube Naval Povoense, onde se junta a modalidade com disciplinas acerca da mesma.
No último tema desta mesa redonda aborda-se ‘Formação e Alto Rendimento”, por parte de mais dois membros da direção da Federação Portuguesa de Vela, Henrique Brites e Sara Carmo.
Foram apresentadas, na área da formação, várias soluções para uma melhor relação entre os elementos da realidade, entre as quais a maior articulação entre a FPV, associações regionais e clubes; a maior participação de referências para uma maior motivação dos mais jovens; e a remodelação do modelo desportivo – redução da carga horária, uma maior abertura à vela lúdica e social.
No que ao alto rendimento diz respeito, foram apontados alguns problemas, nomeadamente dentro daquilo que é a incapacidade técnica e financeira dos clubes para planear a Alta Competição. Segundo Sara Carmo e o grupo de trabalho com o qual trabalhou, existe um apoio pouco aliciante por parte da FPV.
No entanto, não foram apenas apresentados problemas, mas também as possíveis soluções para os mesmos. Entre estas está uma possível nomeação de um responsável focado simplesmente na Alta Competição por parte da FPV, para um melhor acompanhamento dos velejadores, tal como a criação de planos de apoio técnico e financeiro e uma maior comunicação entre a FPV e os clubes.
Após esta mesa redonda, o evento fecha, antes de jantar, com alguns workshops: ‘Como “vencer” numa sala de protestos’, com Manuel Ken Gamito, velejador, é o primeiro. Manuel Gamito apela ao desportivismo, chamando à atenção para que quem pretende protestar tenha mesmo razão naquilo que está a dizer, para que não haja penalização para essa mesma pessoa. Com isto, acaba por ensinar como “não se perde um protesto”, conforme diz, aconselhando a preparar as testemunhas e, de forma consciente, ter em conta os riscos e as provas que estão reunidas, as perguntas que se vão colocar, entre outros fatores.
Os restantes workshops destinam-se aos seguintes temas: ‘Como melhorar o rating do seu barco’, com Pedro Pires de Lima, CEO da PL Sails – onde o orador explicou para que servem os ratings e de que forma se podem melhorar – e ‘Como vencer uma regata’, com os velejadores Hugo Rocha, Vasco Serpa e João Rodrigues, velejadores históricos em Portugal.
O jantar decorrerá pelas 19h30, seguido da Gala dos Campeões que conta com a entrega de prémios a velejadores homenageados. A Federação Portuguesa de Vela organizou este Congresso da Vela 2022, evento que decorre de quatro em quatro anos, com o objetivo de “partilhar com a sociedade em geral, e com as instituições que connosco interagem, por serem relevantes para o futuro da vela em Portugal, o que queremos fazer, os nossos planos, a nossa estratégia, e os valores que defendemos”, conforme afirmou Mário Quina, presidente da FPV aquando da entrevista com a SportMagazine.