A Confederação do Desporto de Portugal (CDP) alertou, esta semana, para o “subfinanciamento crónico do desporto nacional e pediu ao Governo que o financiamento público atinja um por cento do Orçamento de Estado (OE) até 2028. “O financiamento público ao desporto em Portugal deve tingir a marca de um por cento do Orçamento de Estado até 2028, o final da legislatura”, afirmou o presidente da CDP, Daniel Monteiro, durante a apresentação do estudo intitulado “O valor do Desporto português, o seu financiamento (1996-2024) e o seu futuro”, que teve lugar no Auditório do Templo da Poesia – Parque dos Poetas, em Oeiras.
“Quem sustenta a esmagadora maioria do desporto em Portugal são, em parte, as autarquias, mas principalmente as famílias”, prosseguiu Daniel Monteiro, alertando para “a crescente elitização no acesso ao desporto, porque só as famílias com mais recursos podem pagar esse acesso”.
O estudo/investigação da autoria dos especialistas académicos Jorge Carvalho (Diretor do Departamento de Desporto do Instituto Português do Desporto e Juventude, 2012-2022), Jorge Sousa (Membro da Coordenação Nacional do Desporto Escolar 1999-2024) e Fernando Tenreiro (Economista, investigador em Economia do Desporto e autor de vários artigos em revistas científicas).
De acordo com o estudo, da autoria de Jorge Carvalho, Jorge Sousa e Fernando Tenreiro, “nos últimos 27 anos (1996-2024), o desporto federado cresceu em número de praticantes de 271.470, em 1997, para 773.800, em 2023, o que não tem sido acompanhado pelo financiamento público”.
O documento conclui que o “desporto português era mais competitivo financeiramente em 1997 do que é hoje, em 2024”, ainda que, em “termos absolutos, o apoio financeiro tenha aumentado de 35,5 ME, em 1997, para 46,7 ME, em 2023”.
Algumas das principais conclusões do estudo:
– “O estado central está a investir atualmente menos de 10% do que custa o Desporto em Portugal – quem paga a esmagadora maioria do desporto no nosso país são as famílias, por via da sua disponibilidade voluntária ao setor e por via do seu orçamento familiar;
– Nos últimos 25 anos, os praticantes desportivos em Portugal mais do que duplicaram e o financiamento real reduziu – o estado pede ao setor que faça mais, com menos recursos do que aqueles que disponibilizava há 25 anos;
– O desenvolvimento do Desporto começa na sua base e, por isso, a efetividade da Educação Física no 1.º Ciclo do Ensino deve ser uma prioridade absoluta;
– A manter-se esta tendência de manifesto subfinanciamento constante, e correspondente redução de competitividade financeira num setor com cada vez menos poder de compra, dentro em breve são muitos os clubes e instituições desportivas locais que correrão o risco de fecha portas”.
Mesa-redonda sobre importância social do Desporto
“Depois de uma breve apresentação do Estudo e as suas principais conclusões protagonizadas pelos três autores, seguiu-se uma mesa-redonda dedicada ao tema “A importância social do Desporto e o papel do Estado na sua promoção”, moderada por Cecília Carmo e com os contributos do Professor Doutor David Justino, o Doutor Manuel Pizarro e Fernando Tenreiro, um dos investigadores que coordenaram o Estudo”, destaca, em nota enviada às redações, a CDP.
Por: Pedro Silva
Foto: CDP