“O dever da entidade empregadora desportiva no cumprimento das regras da Ética” foi um dos workshops do Ética Summit 2024, que reuniu “à mesa” vários especialistas da área: Teresa Rocha (membro da CE do Ética Summit), Paulo Sabioni (profissional de Educação Física e Presidente da 1ª Câmara do Tribunal Justiça Desportiva Anti-doping do Brasil), Rita Veloso (presidente Clube Ginástica), Patrícia Neves – presidente Escola de Ciclismo Bruno Neves) e Carlos Filipe (presidente do Conselho de Disciplina da FP de Basquetebol).
Teresa Rocha recordou que o “princípio da ética desportiva está subjacente a todo o sistema desportivo”, que “todos queremos que seja íntegro, limpo e justo”.
Todavia, “a ambição desmedida em busca de um resultado bastante efetivo da promoção pessoal e até inclusivamente da busca da medalha” leva a que, muitas vezes, se opte pela fraude e pela batota, precisamente o inverso dos “bons princípios da ética desportiva”.
Rita Veloso
“Sou professora de Educação Física, tenho formação em basquetebol e, recentemente, dediquei-me à ginástica, com um projeto de ginástica inclusiva. É um clube que, para além da ginástica artística, acrobática e trampolins, tem também um projeto inclusivo onde os atletas por todas as deficiências. É um projeto muito responsável no sentido do fair-play e desta questão da ética desportiva. Porque, muito mais para além daquilo que é as medalhas e as menções e as qualificações, há todo um trabalho enriquecedor neste capítulo da inclusão e do fair-play. Temos vindo a apresentá-lo em vários palcos e vamos muitas vezes a escolas. E sentimos que a mensagem passa de uma forma muito vinculativa.”
Paulo Rogério Sabioni
“É um prazer e uma honra estar numa mesa de tamanha qualidade. Eu sou profissional em Educação Física, advogado e atuo diretamente no direito esportivo, tanto na área de doping como na ética. O desporto, hoje em dia, principalmente com esse apelo financeiro, começa com vencer e acaba em vencer. E não é esse o objetivo do desporto. Então nós temos que vencer, mas por melhores metodologias de treinamento, por maior dedicação e não por ter usar substâncias proibidas. E é muito importante a responsabilidade da entidade empregadora para darem conhecimento das regras aos atletas. (…) Porque muitos atletas usam substâncias não porque eles queiram “burlar” o regulamento, apenass têm desconhecimento que essas substâncias são proibidas.”
Patrícia Neves
“Por acreditarmos que realmente o ciclismo e o desporto são uma mais-valia na promoção da integridade dos nossos jovens e da formação deles, e tendo consciência que os podemos tornar cidadãos mais conscientes e responsáveis, abraçamos esta causa. O ciclismo é uma das modalidades em que o doping aparece com grande frequência. A nessa escola tenta desmistificar isso e promover uma imagem “clean” do ciclismo. A associação sempre se orientou por valores que transcendem os resultados desportivos e apostando, sempre, na formação dos atletas. Quero que tenham consciência de que o mais importante é eles praticarem o desporto e saberem estar em sociedade. É preciso saber respeitar o outro, respeitar-se a si próprio e os seus limites. Espero que as entidades e todos nós consigamos encontrar uma forma de promover um ambiente de trabalho que incentiva a honestidade, o respeito e a integridade” nestes dois.”
Por: Pedro Silva