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Cheila Vieira e Beatriz Gonçalves e os históricos resultados para a natação artística: “Futuras gerações já olham para nós como modelos…”Exclusivo 

Cheila Vieira e Beatriz Gonçalves, o dueto absoluto de natação artística portuguesa. Foto: Federação Portuguesa de Natação
A dupla Cheila Vieira e Beatriz Gonçalves conquistou, no passado dia 13 de agosto, o nono lugar na final de natação artística, nos Europeus de Roma. Para além do lugar na final, as atletas atingiram ainda a melhor marca de sempre, com um total de 81.2000 pontos.
As atletas conversaram com a SportMagazine acerca da modalidade em si e da mais recente participação nos Europeus. Cheila afirma que os resultados nesta final dão mais vontade de chegar mais longe e realça a importância que estes passos podem ter no desenvolvimento da modalidade.
“É de máxima importância principalmente como fator de motivação. Não só para nós que ao atingir este feito aumenta a nossa ‘sede por mais mas também para quem vem a seguir a nós. Quanto mais longe chegarmos melhor, para que futuras gerações que já olham para nós como modelos, como exemplo, anseiem chegar àquele patamar, não só chegar mas ultrapassar. É isso que faz com que a modalidade se desenvolva”, afirmou.
Beatriz Gonçalves afirma que a natação artística “tem ganho mais reconhecimento e têm chegado mais atletas aos vários clubes nacionais, até mesmo já vão começando a aparecer rapazes, o que é excelente, sendo que é um desporto diversificado e até há pouco tempo o nosso país ainda não tinha participação masculina”.
“Desde a presença da selecionadora nacional Sylvia Hernandez e a maior aposta por parte da Federação Portuguesa de Natação na modalidade, vê-se um crescimento, pois os clubes vão ganhando mais conhecimento pela presença dos atletas em provas internacionais. Assemelhar o nosso ‘ritmo’ ao que vemos lá fora, faz com que o nível vá aumentando fazendo a modalidade progredir”, acrescentou a atleta.
Aquando perguntada acerca da possibilidade de Portugal conseguir lutar por medalhas nesta modalidade, Cheila Vieira descreve os treinos de natação artística e afirma que ainda há um longo caminho a percorrer, mas acredita na possibilidade de um dia a modalidade começar a vencer medalhas.
“Os treinos de natação artística são bastante completos diria eu. Por exemplo, no nosso caso treinamos a parte específica de sincronização, natação pura, ballet, flexibilidade e ginásio. Um todo de 4 a 8 horas por dia. Toda esta preparação, esta rotina, é necessária, trabalhar a força, trabalhar a técnica, trabalhar a concentração para a contagem e detalhes da rotina, a sincronização. É um desporto que envolve muito e exige muito de nós mas o resultado é incrível. Sobre Portugal lutar por medalhas ainda nos falta um caminho a percorrer mas nada é impossível, começamos com 68 pontos, agora vamos nos 81, chegaremos lá, nada é impossível”, disse Cheila Vieira.

Cheila Vieira e Beatriz Gonçalves, o dueto absoluto de natação artística portuguesa. Foto: Federação Portuguesa de Natação

Europeus de Roma: “Demos tudo de nós, corpo e mente, e o resultado apareceu”
A dupla Cheila Vieira e Beatriz Gonçalves, treinada sob a orientação da espanhola Sylvia Hernandez, atingiram o nono lugar na final de natação artística e a melhor marca de sempre. Tal como todos os atletas, as portuguesas prepararam-se para a prova.
“A preparação para os Europeus foi feita com um passo de cada vez, diríamos. Saber que esta prova iria ser realizada em Agosto, já no final da época, deu-nos margem para nos adaptarmos à nossa nova coreografia feita pela ucraniana Olga Pylypchuk, e ir melhorando a cada prova feita até lá. Todos os ajustes, desde a preparação física, a alimentação, a carga e a evolução da dificuldade da coreografia por exemplo, foram sendo ajustadas consoante a nossa performance em cada competição, quer nos campeonatos nacionais, quer no open de França e no Mundial”, disse Beatriz.
A atleta descreve ainda a sua rotina de treinos e da sua dupla.
“Nós treinamos entre 6 a 8 horas por dia, 5 dias na semana com uma folga completa ao Domingo. Treinamos em Lagos, no complexo da Lagos em Forma com a selecionadora nacional Sylvia Hernandez, e também fazemos um trabalho paralelo com o nosso clube Gesloures com a treinadora Chilua Pegado. Treinamos entre 3 a 5horas de água onde fazemos desde natação pura, a tarefas específicas de propulsão de sincronização por exemplo, técnica, resistência e o trabalho de esquema, 2 horas de ginásio e 1 hora de ballet, temos ainda recuperação e conjugamos isto tudo com a faculdade à distância. Por exemplo às segundas, quartas e sextas fazemos treino de água de manhã e ginásio de tarde com o PT João Santos, seguido de reforço e tarefas específicas para cada uma. Terças também temos treino de água pela manhã e ballet à tarde, voltamos à associação de dança de Lagos às quintas para mais uma aula de ballet com o professor Yuri, seguida da recuperação com os nossos fisioterapeutas Maria João Gomes e Celso Silva na Celsosilvatherapyconcept. Sábados são sempre um dia em que temos mais pistas na piscina e aproveitamos para fazer simulações de competição e aproveitar o espaço todo, ainda pela manhã terminamos o treino com mais uma sessão de ballet. Para além deste trabalho, há muito treino também em casa. Sendo que a nossa modalidade é bastante complexa passamos muito tempo a ver os vídeos do treino e correções necessárias, a marcar em seco (rever a coreografia uma com a outra fora de água), e definir todos os pormenores. Esta parte de treino aparece mais no final da época, perto das competições, pois no início fazemos uma preparação mais ‘geral’ com o treinador Filipe Falcoski, que nos ajuda depois quando passamos para a parte específica de sincronização. Como não faz só parte o próprio treino, temos uma rotina alimentar também específica para cada dia consoante as tarefas que temos, e para cada momento da época, adaptada ao que cada uma precisa, graças à nossa nutricionista Marcella Amar que nos permite estar sempre na nossa melhor forma”, detalhou a atleta.
As atletas começaram a natação artística na época de 2009/10, iniciando com uma grande equipa, com pouco mais de 20 atletas, sendo cerca de oito do escalão de Cheila e Beatriz. Isto enquanto atuavam no Gesloures, clube de Lisboa. Em 2019, as atletas mudaram-se para o Algarve e integraram o projeto olímpico para Tóquio 2020, passando a treinar apenas e só as duas. A dupla detém uma grande cumplicidade, sendo melhores amigas, sendo “o apoio uma da outra”, conforme descreve Cheila Vieira.
No que toca à pontuação que alcançaram, a dupla sai com a convicção de que deram tudo o que tinham e satisfeita com aquilo que foi feito.
“Em relação à pontuação, já há muito tempo que a tentávamos alcançar. Estávamos confiantes que seria no mundial de Budapeste que decorreu em junho e quando não conseguimos isso deitou-nos um pouco abaixo mas não usamos esse sentimento de tristeza como desmotivação, pelo contrário, usamo-lo para aprender a moldar a nossa forma de pensar digamos assim. A única coisa que está nas nossas mãos é fazer a coreografia o melhor possível, sem erros para que nos orgulhemos e saiamos satisfeitas com o que fizemos, independentemente da nota. E foi essa mentalidade que levamos ao Europeu. Demos tudo de nós, corpo e mente, e o resultado apareceu. Ir à final, com a nona vaga em doze, foi sem dúvida a cereja no topo do bolo”, afirmou Cheila Vieira.
No que aos objetivos para a próxima época diz respeito, Beatriz Gonçalves afirma que “ainda sem saber o calendário da próxima época, o nosso objetivo continua a ser quebrar recordes, subir cada vez mais a nossa pontuação e fazer-se ouvir o nome de Portugal pela comunidade de natação artística”. No entanto, realça o principal objetivo: os Jogos Olímpicos – caso se qualifiquem será a primeira vez na história que Portugal chega à competição.

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