O presidente da Confederação de Treinadores de Portugal, que também é vice-presidente da Federação de Andebol de Portugal e Professor na Escola Superior de Desporto de Rio Maior, cultivou cedo a disciplina que promove o desporto com a mesma dignidade que a matemática ou o português. Antigo atleta e treinador de andebol, Pedro Sequeira é um defensor convicto e otimista da valorização dos pares por via da formação de base académica.
SportMagazine – Foi praticante e depois treinador de andebol federado. O desporto foi para si uma vocação?
Pedro Sequeira (PS) – Na minha geração era frequente os miúdos começarem por aprender a nadar. Foi o meu caso, por volta dos 5 ou 6 anos, no antigo Ateneu Comercial de Lisboa. Depois passei para o ténis no Benfica, que ficava perto de onde morava na altura quando vivia em Lisboa. Os meus pais tinham uma ideia de formação que passava por uma prática desportiva diversificada, embora transversal a outros níveis, pois na mesma altura frequentava aulas de flauta e piano, ia com frequência a museus e a exposições. Além disso, como tenho dupla nacionalidade, estudei os primeiros 12 anos de formação escolar na Escola Alemã de Lisboa e o modelo de ensino tinha uma componente desportiva muito forte. Era um modelo muito rigoroso e exigente. Podia ter 20 valores a tudo, mas se reprovasse a Educação Física, perdia o ano. A mesma coisa a desenho, a música ou a arte.
SM – E o andebol?
PS – Fiz todo o percurso de formação no Benfica (com um empréstimo pelo meio ao CDUL) e na transição para Júnior, o professor Francisco Pontes, que infelizmente já faleceu, disse-me que teria poucas oportunidades de ser titular, pelo que era melhor para mim, para jogar mais tempo, ir para outro clube da primeira divisão de Juniores. Fui então para o Pedro Nunes, onde joguei na primeira divisão de juniores, mas depois começa aquela fase em que avaliamos as nossas limitações e percebi que não tinha talento para jogar num nível de competição muito elevado nos Seniores. O Pedro Nunes também tinha uma equipa de Seniores na primeira divisão regional (na altura Lisboa tinha três divisões regionais nos Seniores) e joguei lá cinco anos, depois no Caramão da Ajuda, na segunda e terceira divisão nacional.
SM – Foi no Caramão da Ajuda a sua primeira experiência como treinador?
PS – Sim, fui treinador dos Seniores, no Caramão, na segunda divisão. Posteriormente fui para a SIMPS (Sociedade Instrução Musical de Porto Salvo), que tinha uma equipa de andebol feminina na Primeira Divisão. Já era alto rendimento, treinava todos os dias, construí um plantel a partir da formação e de algumas jogadoras com experiência. Era um tempo diferente, o andebol feminino tinha muita visibilidade, era a primeira modalidade mais importante no sector feminino. Correu bem, estive lá três anos, fomos a uma final da Taça de Portugal, a equipa apurou-se sempre para as competições europeias, tivemos a primeira vitória do clube numa eliminatória europeia. No último ano, coincidindo com a fase crítica do meu doutoramento, tive que fazer uma opção e interrompi. Entretanto, logo após a licenciatura fui durante 5 anos professor no Ensino Básico e Secundário, depois comecei a dar aulas no ISCE (atualmente Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo) e em 2005 vim aqui para a Escola Superior de Desporto de Rio Maior (ESDRM), onde ainda estou.
“Os países que mais investem na atividade física para a população, e nem todos o fazem com o mesmo modelo, são também os que menos gastam menos na Saúde. Portugal do século 21 já devia ter percebido que não há outro caminho e isso tem a ver com decisões políticas.”
SM – E como é que surge esta sua outra área de interesse, que é o desporto federativo e associativo?
PS – Nos anos 90 já tinha sido convidado pela Federação para ajudar na formação de árbitros jovens e fiquei sempre com uma ligação à casa. Depois, no início de 2003 fiz parte da comissão organizadora do campeonato do Mundo de Andebol em Portugal. No final desse ano, o então vice-presidente da Federação, professor Carlos Cruz, convidou-me para o departamento de formação, onde estou até hoje, agora como vice-presidente, mantendo a área da formação. Na presidência da Confederação de Treinadores estou desde 2014.
SM – Mas é também responsável pelo desenvolvimento do andebol na Europa.
PS – Sim, por via da Federação Europeia de Andebol. Em 2004 fui convidado para representar Portugal na convenção RINK, que hoje agrega 40 países e que tem tentado normalizar a formação internacional de treinadores. Por causa disso, o anterior presidente da Federação de Andebol de Portugal apoiou a minha candidatura à Comissão de Métodos da Federação Europeia de Andebol. Fui eleito em 2012, faço o primeiro mandato como responsável pelo desenvolvimento do andebol na Europa, incluindo a formação de treinadores, que é uma área que tem estado sempre presente na minha vida. Depois faço um segundo mandato e, em 2021, o presidente dessa comissão não se recandidatou e a Federação de Andebol de Portugal indica-me como candidato a esse cargo que agora ocupo através das eleições no Congresso da EHF em Abril de 2021. Por inerência desse cargo faço agora também parte do Executivo da Federação Europeia de Andebol, algo que me deixa muito orgulhoso por ser o primeiro português a chegar a essa posição.
PS – Quais são os principais eixos de atuação da Confederação de Treinadores de Portugal?
SM – A missão da Confederação é clara, que é ser a voz dos treinadores em todos os aspetos que têm a ver com o exercício da profissão de treinador. Quando o Estado pretende uma opinião técnica sobre o tema vai buscar os chamados stakeholders e no caso dos treinadores temos sido nós, a organização de topo que engloba as associações de treinadores das diferentes modalidades.
SM – Quantos treinadores há em Portugal?
PS – No ativo serão um pouco acima dos 50 mil, mas há modalidades onde devia haver mais treinadores para o número de atletas existentes. Mas haverá um número maior que não está a treinar. Apesar de ser uma atividade profissional, em Portugal é quase impossível viver exclusivamente da profissão. Em 2016 apresentámos um estudo na Assembleia da República onde apenas 4% de todos os treinadores de todas as modalidades vivem exclusivamente da atividade. Há o reconhecimento social da importância do treinador mas depois não conseguimos que isso seja materializado do ponto de vista da remuneração. No mínimo, deveria receber o salário mínimo nacional e isso não acontece. Por isso têm que manter outra atividade laboral que pague as suas contas enquanto cidadãos.
SM – O sucesso dos treinadores portugueses tem sido refletido no sucesso desportivo em diversas modalidades e geografias. Sendo Presidente da Confederação de Treinadores de Portugal, como é que mede este sucesso?
PS – Acho que é também reflexo de uma característica muito própria dos portugueses. Historicamente sempre tivemos a capacidade de fazer muito com poucos recursos e isso nota-se nos treinadores portugueses. Para dar um exemplo do futebol, seria impensável um cube belga ou holandês conseguir vencer a Liga dos Campeões como, por exemplo, o José Mourinho conseguiu. Os treinadores portugueses são aventureiros, desenrascados, ambiciosos e não esmorecem perante dificuldades. Há treinadores portugueses no estrangeiro que às vezes estão meses sem receber salário e continuam a dar o melhor de si. Mesmo quando não tem condições, o treinador português arranja forma de inventar uma oportunidade.
SM – Mas isso não explica tudo. Não há aqui um peso cada vez mais relevante da formação?
PS – Eu acredito que a lei dos treinadores, o sistema de formação das federações desportivas, mais o sistema de formação do ensino superior, algumas empresas privadas e a disponibilidade dos treinadores mais velhos em ajudarem os mais novos transmitindo o seu conhecimento, aquilo que chamamos hoje as tutorias, criou um ecossistema educativo e formativo muito forte que tem merecido o interesse de colegas de países mais desenvolvidos. O treinador português preocupa-se hoje de forma mais organizada com a sua formação.
SM – Quais diria que são os grandes temas atuais relacionados com a profissão de treinador, as grandes batalhas?
PS – A maior batalha é o treinador ser reconhecido e valorizado por isso. Durante muitos anos, era normal as autarquias assumirem as despesas dos clubes, as pessoas praticavam desporto gratuitamente. Acontece que todas outras áreas evoluíram e, hoje, se um pai ou mãe inscreve o seu educando numa explicação, no centro de inglês ou na música, tudo é pago. E quando chega ao desporto e o clube diz que tem que pagar 10 ou 15 euros, os pais queixam-se que é caro, e ainda acham que o clube tem que arranjar transporte e equipamento. Por isso, quando lhe falo do reconhecimento, o problema não está no treinador, mas na falta de cultura desportiva. A sociedade reconhece que aquela pessoa faz um trabalho útil mas acha que esse trabalho deve ser gratuito! As pessoas ainda não têm bem a noção de que para se ser treinador é preciso um conjunto de competências e formação. Para o praticante ou atleta evoluírem é preciso conhecimento, e quem tem esse conhecimento é o treinador. Porque é que o Fernando Pimenta é um atleta extraordinário? Porque tem capacidades físicas extraordinária mas também por que tem um treinador extraordinário. A junção é explosiva. Se falarmos do Jorge Fonseca ou da Patrícia Mamona, a mesma coisa. E muitos outros. Além disso, os países que mais investem na atividade física para a população, e nem todos o fazem com o mesmo modelo, são também os que menos gastam na Saúde. Portugal do século 21 já devia ter percebido que não há outro caminho e isso tem a ver com decisões políticas.
SM – Esse caminho passa pelo desenvolvimento do desporto escolar ou da Educação Física na escola?
PS – Passa pelo Estado, que não tem considerado prioritário o desporto juvenil. Há países como a França ou a Alemanha, onde o investimento é direcionado para a escola, ou a Espanha, onde o investimento é mais no desporto autárquico e no desporto federado. São modelos diferentes para um mesmo objetivo. Para estes países é claro que o investimento tem que ser nas crianças e jovens. No Japão, os miúdos têm Educação Física todos os dias. Em Portugal só duas vezes por semana, porque se considera mais importante a Matemática ou a Físico-química. Todas são importantes. Está cientificamente provado que só há alterações físicas relevantes no nosso corpo se fizermos atividade física regular pelo menos quatro vezes por semana. Ora, se os miúdos na escola têm duas horas de Educação Física por semana, está o Estado a dizer que o insuficiente é suficiente. Nos Planos de Recuperação e Resiliências europeus vemos quase todos os países da Europa a elegerem o investimento no desporto como uma dos pilares da recuperação. Em Espanha escolheram dez pilares, um deles é o Desporto. Em Portugal há vários pilares mas o Desporto aparece diluído entre outros temas. É o Estado a dizer ao cidadão que o Desporto não é uma área importante do desenvolvimento. Ora, se assim é, como é que depois um clube vai pagar um salário digno ao treinador dos sub-10, do ténis ou do voleibol?
SM – A chamada Lei dos Treinadores, que regula o regime de acesso e exercício da atividade de treinador está desenhada de forma ajustada aos tempos modernos?
PS – Estive envolvido nas três leis, a de 2008, a de 2012 e a mais recente de 2019, e considero que veio trazer benefícios para a profissão de treinador. Um dos aspetos que podia estar mais ajustado é que deveríamos ter um percurso formativo para os treinadores que querem estar só na formação e outro para os que só pretendem o rendimento e a alta competição. Falou-se nisso quando debatemos as alterações à lei mas não avançámos nesse sentido. É um tema em aberto para o futuro. A lei veio também dizer que só pode haver treino e competição em qualquer escalão se o treinador tiver um título profissional, e essa supervisão é agora feita, para além das Federações Desportivas, também pela ASAE. Mas também sei que há diversos clubes que inscrevem treinadores certificados mas depois o treino é ministrado por outras pessoas. Isso é ilegal, é uma fraude, um treinador nunca pode alinhar nesta situação. E levanta questões também graves. Se uma criança se magoa e o treinador que deu o seu nome não é quem de facto dá o treino? Nenhuma seguradora vai assumir responsabilidades. A Confederação tem combatido e denunciado todas as situações que chegam ao seu conhecimento e continuará a fazê-lo em defesa do treinador qualificado.
SM – Tenho falado com treinadores que elogiam a conexão entre o Ensino Superior e as Federações. Qual é a sua visão?
PS – A minha visão resulta da minha experiência nos dois planos, o associativo e o docente. Acho que as federações ganham muito com a cooperação com o Ensino Superior e o contrário também é verdadeiro. Fico mais descansado pelo facto de haver uma licenciatura em treino desportivo, como a que existe aqui na Escola Superior de Deporto de Rio Maior e em outras Escolas e Faculdades de Desporto em Portugal, do que com o curso de treinador de uma federação. Aqui estamos a falar de três anos de formação. No outro lado, imagine, menos de mil horas, e falando do somatório dos quatro graus. É incomparável. Se em Portugal todos os treinadores tivessem que ser licenciados, teoricamente teríamos melhores treinadores, mas para isso acontecer seria também necessário que as Instituições de Ensino Superior tivessem um investimento mais especializado. Acaba por ser, em muitos casos, um ensino mais generalista, mais global, em muitos casos que tenta chegar a todos os alunos nas diversas modalidades. Por justiça devo, no entanto, dizer que nestes últimos 15/20 anos, a formação de treinadores via Federações Desportivas melhorou imenso. Lá está. Especializou-se, reúne formadores excelentes, muitos vindos das Instituições do Ensino Superior. Começa a esbater-se a diferença com os cursos do Ensino Superior.
SM – Mas também há os que acham que a ciência gerada na academia deveria ter uma presença mais instrumental, mais próxima do terreno, a encontrar soluções para questões de treino. Na sua opinião, como é que esta ciência tem sido incorporada ou aproveitada?
PS – Concordo com essa visão, também fiz esse percurso e nos últimos 15 anos deixei de investigar aquilo que eu quero para passar a investigar aquilo que é útil para o Desporto. E é este passo que tem que ser dado. A Academia tem que ir ao terreno e perceber o que é que cada modalidade precisa para evoluir e não estudar um tema que depois ninguém quer saber. Mas o contrário também é necessário, pois as modalidades não podem evoluir se não vão buscar conhecimento científico.
“Há diversos clubes e em diversas modalidades que inscrevem treinadores certificados mas depois o treino é ministrado por outras pessoas. Isso é ilegal, é uma fraude, um treinador nunca pode alinhar nesta situação.”
SM – É Diretor da SportMagazine, uma publicação técnico-científica de treino desportivo, ciência, formação e outras matérias como o desporto inclusivo, a tecnologia no desporto ou o desporto na sociedade. Que impacto e utilidade prevê para a revista?
PS – A SportMagazine pode trazer algo fundamental que é ser uma publicação com credibilidade nas diversas áreas que confluem com o Desporto e de que o Desporto tem necessidade. O Desporto tem questões mais científicas, mais técnicas, mais pedagógicas, mais políticas, e era preciso uma publicação onde o treinador pudesse ir buscar conhecimentos e competências apresentadas de diversas formas, sejam artigos escritos ou opiniões. E a revista tem a preocupação de tudo o que publica vir de entidades ou pessoas com credibilidade na área desportiva. Mas não vai ser uma visão fechada sobre o desporto, não serão só treinadores a falarem sobre treinadores, mas também atletas a falarem sobre treinadores, empresas, tecnologia, enfim, áreas que concorrem para que o treinador seja mais competente. Acredito que é esta mudança que podemos fazer.
SM – Considera que Portugal tem um historial olímpico adequado à sua dimensão?
PS – Um historial realista. Claro que há países com melhores resultados. O caso da Eslovénia, a Suíça, a Bélgica, a Holanda, a República Checa e outros, com idêntica dimensão. Tem a ver com as questões da prioridade. O Desporto influencia as diversas áreas da sociedade. Quando Portugal organiza uma grande competição, são mais as áreas da sociedade que ganham com isso do que propriamente o Desporto. A começar pela economia. O Desporto alimenta todos os sectores da sociedade.
SM – Os desportos eletrónicos têm ganho corpo e dimensão nos últimos anos, em todos os aspetos, incluindo empresariais. Como é olha para esta ‘revolução’ que tem muitas vias de análise, da educacional à formativa?
PS – Os desportos eletrónios são uma inevitabilidade social, tal como o telemóvel. Nunca mais vão desaparecer da nossa vida, temos que olhar para eles como uma oportunidade e ter uma abordagem educativa. Temos que ensinar as crianças, os jovens e os pais. Claro que, tal como tudo na vida, os desportos eletrónicos também têm aspetos negativos. Em Portugal está a faltar um processo formativo, ou seja, há pais que proíbem os filhos de jogar para não reprovarem na escola, mas, se calhar, o filho está a fazer outras coisas que não estudar e vai reprovar na mesma. Ou outro que está cinco horas por dia a ver televisão e também vai reprovar. Os pais dizem que ‘faz mal’, mas a maioria por aquilo que ouviu dizer ou leu qualquer coisa.
SM – O treinador, não se substituindo aos pais, que papel deve ter?
PS – Tem que perceber as diversas linguagens dos atletas. Se o treinador tem um atitude reativa, logo a dizer que ‘não quer saber e que os jogos são prejudiciais’, não percebe que está a pôr-se fora da área de interesse dos atletas. É o mesmo que um miúdo chegar ao treinador a dizer-lhe que teve má nota a matemática e o treinador mandar-lhe “tratar dos problemas da escola com os pais ou o avô”. Está a afastar-se da vida daquela criança. O treinador tem que perceber que os desportos eletrónicos passaram a fazer parte da vida das crianças e dos jovens. Se tentar aproximar-se e perceber daquela linguagem, ele pode entrar no processo educativo de uma forma muito mais eficaz.
SM – Numa sociedade altamente mediatizada, os treinadores têm cada vez mais necessidade de ferramentas e competências específicas na área da comunicação. Isso é uma preocupação que a formação deveria acautelar?
PS – Há temas que claramente têm que estar presentes na formação, ainda que possamos depois debater o modo e a ocasião. A comunicação é uma delas. A sociedade transformou-se e os treinadores têm que se adaptar a esta mudança e ter ferramentas para o fazer. Um treinador não pode dizer, hoje, que não quer saber das redes sociais, por que elas são importantes para o clube e para os seus atletas. Antigamente, só no futebol – ou em outras modalidades, mas na altura dos Jogos Olímpicos -, é que os treinadores falavam em público. Hoje não é assim, qualquer pai filma o treino, qualquer clube fala da sua atividade nas redes sociais. Mesmo sem se aperceberem, os treinadores falam hoje para as massas.
SM – De que forma e em que grau o treinador deve envolver-se na orientação ou no aconselhamento de carreira dos atletas quando deixarem a competição? Que papel pode, ou deve, ter o treinador nesta questão?
PS – Esse papel faz parte da missão do treinador. Nos mais jovens, da mesma forma que o treinador explicar aos miúdos a importância do desporto na vida dele, tem que explicar que os estudos não fundamentais para a progressão da sua carreira futura. No alto rendimento, o treinador tem que explicar ao atleta que a carreira é curta, que pode acontecer uma lesão e que é necessário que ele desenvolva ferramentas para continuar a sua vida pós-carreira desportiva. Isto não é orientação profissional, mas sim pedagogia no dia-a-dia. Além de se preocupar com a performance do atleta, o treinador tem que arranjar tempo para perceber como é que está a sua vida pessoal, escolar e profissional, para que o atleta sinta que ele valoriza todas as componentes da sua vida.