Na n.º2 da SportMagazine pode contar com uma peça sobre a formação de treinadores. Contudo, aqui pode ter acesso à entrevista exclusiva feita a cada interveniente. A formação de treinadores é, em Portugal, algo bastante recorrente que tem vindo a sofrer bastantes evoluções ao longo do tempo. Desde a implementação de cursos, e muitas outras ações. Fique com a opinião do entrevistado.
SM – Qual é a sua opinião em relação à formação de treinadores?
Jorge Fernandes (JF) – A formação dos treinadores em basquetebol é das modalidades com maior tradição. Começámos a formar treinadores com cursos, primeiramente pela Federação, desde 1973. Cursos de treinadores e formação continua, é uma tradição da modalidade. Tradição essa suportada em pessoas que foram, e são referência, para os treinadores em Portugal, como o professor Teotónio Lima – foi uma das pessoas que criou através da Associação Nacional de Treinadores de Basquetebol, esta formação de treinadores que ao longo do tempo se veio consubstanciar na criação da Escola Nacional de Basquetebol, já criada pelo professor Manuel Fernandes, enquanto diretor técnico nacional, hoje é o presidente da Federação.
Veio dar algo mais atualizado com um plano de formação obrigatório para treinadores, avaliação continua e cursos de treinadores com três níveis, a partir de 1990. Hoje com a implementação do programa nacional de formação de treinadores pelo IPDJ adaptamos a nossa formação a esse plano de formação e estamos a cumprir esse plano, com cerca de 70 a 80 avaliações continuas anuais a todos os treinadores.
SM – E em relação a qualidade? O que é que Portugal poderia melhorar nessa formação de treinadores?
JF – Em relação a qualidade nós, devido a esta longa tradição de formação, temos excelentes formadores, ou seja, já dizia o professor Moniz Pereira “não é nos treinadores que o problema do basquetebol e do desporto nacional reside”. De uma forma geral, em quase todas as modalidades, temos excelentes formadores. Em termos de formação nos cursos de treinadores, temos formação de formadores, estamos a tentar renovar esse quadro. Posso dizer e garantir que os cursos de treinador basquetebol têm qualidade. Não estamos atrás do que se faz de melhor na Europa. Acompanhamos bastante também a formação, principalmente dos nossos vizinhos espanhóis, e temos muita formação similar e de qualidade. Ou seja, também é normal e natural os nossos cursos, especialmente de grau III, termos formadores que vêm também de Espanha, também formadores FIBA. Portanto que também nos ajudam a estar sempre atualizados. Para além disso, os nossos formadores participam em ações de formação no estrangeiro para se manterem atualizados. Portanto é uma garantia de qualidade.
Se me disser que há coisas a melhorar, com certeza que há. E aspetos a melhorar tem a ver com o próprio desenvolvimento do desporto em Portugal e da modalidade de basquetebol em particular. Na formação os clubes carecem de uma pior organização. Essa organização passará por uma intervenção federativa que a certificação de clubes será decisiva. E isso, penso eu, poderá alavancar os clubes para um patamar desejável. Para além da formação, existe sim um défice na organização dos clubes. E aí, claro que podemos ter alguma responsabilidade, no défice de formação de dirigentes. E aí é onde a carência é maior. E este défice de formação de dirigentes, associada ao problema dos clubes, que se debatem com problemas vários, e esta certificação levará a que façamos de bom na formação poderá ter uma repercussão maior na formação dos nossos jogadores.
Em Portugal não temos noção do basquetebol europeu. Países como Espanha, França, Itália, têm pontos de formação ao que temos aqui no futebol. A necessidade de, em Portugal, caminhar para esta dimensão é fundamental. Temos gente suficiente e preparada para potencias essa formação.