O professor catedrático na Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade de Coimbra, Manuel João Coelho e Silva, e o presidente da Confederação de Treinadores de Portugal (CTP), Pedro Sequeira, abordaram, esta sexta-feira, o desporto infantojuvenil, no Congresso Nacional do Desporto, evento promovido pela Confederação de Desporto de Portugal.
Manuel João Coelho e Silva critica o pouco investimento no desporto. O professor catedrático afirma ainda que o desporto está a crescer. No entanto, está a crescer fora daquelas que são as federações desportivas tradicionais.
“É necessário entrar nas escolas. Têm que estar abertas à comunidade”, insiste no seu discurso. Os planos de treino feitos aos jovens também foram alvos de crítica por parte de Manuel João Coelho e Silva, no sentido em que não se adequam a muitos jovens. “Uma em cada três crianças são obesas e 50% dos jovens não sabe saltar à corda.” Tendo isto em conta, o orador propõe a criação de políticas de associativismo juvenil e defende ainda que o desporto deve ser planeado.
O presidente da Confederação de Treinadores de Portugal, Pedro Sequeira, centrou o seu discurso no papel do treinador. Destacou diversos aspetos que considera importantes para o desporto infantojuvenil, entre os quais os pais dos atletas.
“Quem acaba por fazer tudo é o treinador de formação. Vai substituindo o dirigente e às vezes tem sorte que os pais ajudem. É a pessoa que tem o papel preponderante na vida dos jovens e desde a lei dos treinadores em 2008, tornou-se impossível haver competição sem treinadores”, destacou.
“O treinador nos escalões de formação às vezes passa mais tempo com os encarregados de educação e estamos [encarregados de educação] sempre à espera que aquela pessoa [treinador] resolva os problemas de forma rápida para termos os problemas resolvidos”, acrescentou ao seu discurso.
Pedro Sequeira, também vice-presidente da Federação de Andebol de Portugal e diretor da SportMagazine, aborda outro ponto: a realidade. Este afirma que a realidade e o ecossistema social estão em constante mutação e não só os treinadores, como também os pais, têm que se adaptar aos jovens através das experiências.
“Os miúdos passam mais tempo na televisão, passam mais tempo a jogar porque não há cativação no desporto. Há que transformar uma ameaça numa oportunidade – jogos ligados ao desporto puxam os miúdos para uma certa modalidade. Os pais devem perceber o que os miúdos gostam de jogar. Temos de perceber o novo mundo e adaptar-nos a eles”, reforça.
A discussão foi assistida por uma plateia de aproximadamente 100 pessoas, entre atletas, treinadores e movimento associativo que pôde discutir juntos estratégias e projetos que impulsionem o futuro do desporto em Portugal. O Congresso Nacional do Desporto foi o primeiro organizado pela Confederação do Desporto de Portugal.