O congresso “100 anos de atletismo” realiza-se, este fim de semana, na Faculdade de Motricidade Humana (FMH), de Lisboa. Dentro de todas as mesas redondas realizadas e convidados presentes, o grande destaque deste domingo foi para a presença de três grandes nomes do atletismo nacional: Marta Onofre, atleta olímpica, Francis Obikwelu, atleta olímpico, e Hélio Fumo, atleta de trail.
Francis Obikwelu, num painel que tinha como objetivo falar de ‘várias frentes’ do atletismo, diferentes perspetivas do mesmo – mulheres, crianças, etc. – abordou o seu futuro, o que pretende fazer e quão importante é o apoio a todos os jovens a nível desportivo, e não só.
“O meu futuro já está organizado, estou sempre a procurar novos desafios, não tenho medo de procurar coisas para a minha vida. Estou a fazer Coaching, acho que os jovens são talentos mas precisam de ajuda. O campeão tem talento, ajuda, respeito (…) Precisamos a puxar mais pelos jovens na escola, são as escolas que puxam talentos. Devia-se fazer uma atividade para eles todas as semanas (…) Fazer também atividades nas ruas, em bairros sociais, seria importante. Acho que o atletismo ainda está muito acabado, não há apoio, não há nada. Precisamos de puxar esses jovens que têm talento a estudar, que é importante, e a treinar”, afirmou o ex-atleta.
Após a sua participação no evento, o recordista nacional dos 100 e 200 metros (9.86 segundos e 20.01, respetivamente), conversou com a SportMagazine sobre a importância do atletismo e, mais uma vez, sobre o seu futuro. Francis Obikwelu afirma que o “100 anos de atletismo” é “um congresso muito importante”, pois “temos de ajudar a debater o nível de escola e de atividades para atletas. É importantíssimo, cada um tem a sua opinião e depois o conjunto discute”.
“O atletismo para mim é a base, é fermentado para todas as modalidades, até o futebol. É algo que fazemos sem pagar, é um facto. Nós corremos todos os dias, que é a base do atletismo. Mas acho que falta o apoio aos jovens com mais dificuldades. É fundamental que este debate chegue a toda a gente. Eu tornei-me um atleta sozinho, com apoio do povo, falta esse apoio a jovens que não conseguem. Há que apostar, é fundamental”, destacou.
Agora, fora das pistas enquanto atleta, Francis Obikwelu procura ajudar através do coaching, personal trainer, entre outros projetos. O grande desafio do vice-campeão olímpico é “nunca parar”.
De relembrar que Francis Obikwelu é um dos maiores nomes da história do atletismo português. O atleta conquistou diversas medalhas com a bandeira de Portugal. Em 2004 tornou-se no primeiro velocista português a vencer uma medalha, sendo esta a de prata. Para além desta conquista histórica, Obikwelu detém muitas mais, tais como três medalhas de ouro em campeonatos europeus (Munique 2002 – 100 metros -, e Gotemburgo 2006 – 100 e 200 metros; Munique 2022 – 200 metros, respetivamente); uma medalha de ouro no campeonato europeu em pista coberta (Paris 2011); duas medalhas de ouro, em 4×100 metros, duas de prata e uma de bronze, nos 100 metros, em campeonatos europeus de equipas (Bergen 2010 e Braunschweig 2014; Leiria 2009 e Bergen 2010; Estocolmo 2011, respetivamente) e uma medalha de ouro, em 100 metros, nos Jogos da Lusofonia, disputados em Lisboa no ano de 2009.