A construção deste número da SportMagazine foi um enorme desafio para mim, enquanto diretor da revista, mas também para toda a redação. Portugal nunca teve uma verdadeira política desportiva desde a revolução do 25 de abril. Aqui e ali foram sendo traçadas algumas metas, alguns objetivos, mas as grandes finalidades, pilares estruturantes para o desporto e para a atividade física nunca foram realmente definidos.
O período da pandemia e dos confinamentos provou e confirmou isso, ao constatarmos que quase nenhum apoio foi dado ao desporto em Portugal. Alguns dirão que isso não corresponde à verdade, pois o desporto profissional, olímpico e paralímpico foram apoiados e puderam manter a sua atividade. Sim, mas o problema é que esse conjunto de atletas não representa sequer 0,1% de todos os atletas federados e não federados em Portugal. O desporto, a educação física e a atividade física foram colocados de parte, ao contrário de outros setores da sociedade.
No entanto, não nos colocamos do lado daqueles que consideram que o problema do desporto em Portugal é única e exclusivamente do Estado português. O Estado, leia-se, os diferentes governos dos últimos quase 50 anos, apenas é uma parte responsável pelo desporto em Portugal. As federações e os clubes são outra parte importante. Também aqui muitos limitam-se a esperar que o Estado resolva os seus problemas (na maioria, simplesmente revindicam por mais dinheiro, sem explicarem muito bem porque precisam), sem se reformarem ou atualizarem face à evolução da sociedade. Há, no entanto, quer no Estado, quer nas federações e clubes, quem consiga com pouco fazer muito, não esmorecer, reinventar-se e ter sucesso (aumento de praticantes, sucesso de atletas, equipas e Seleções).
Seria impossível num único número recolher testemunhos, ideias, pensamentos e reflexões de todos os intervenientes. Optámos por diversificar o máximo possível e dar oportunidade a diferentes entidades, com maior ou menor expressão no desporto, de partilharem a sua visão. Vão ter a oportunidade de verificar que muito se faz, que há muitas boas práticas de diferentes intervenientes, sejam pessoas ou entidades.
Acreditamos e temos a ambição que o somatório de tudo o que constitui este número sirva para que se tomem decisões importantes e estruturantes para os próximos anos no desporto em Portugal. Este número é o nosso contributo para unir tudo e todos à volta desta temática. Espero que gostem.