Leiria – Intitulada “Inovação para o Desenvolvimento – novas necessidades e soluções para o Desporto”, a primeira conferência da 23.ª edição do Congresso Nacional de Gestão do Desporto, que decorre entre estas terça e quarta-feira, em Leiria, contou com a presença como preletor do espanhol Alfons Cornella, fundador do Institute of Next, uma empresa de serviços de inovação. Autor de mais de 30 livros sobre negócios, tecnologia e inovação, não diretamente ligados ao desporto, o consultor levou à sessão uma série de exemplos da indústria tecnológica a fazer um paralelo com o mundo desportivo. Ao final, sugeriu caminhos para acompanhar a inovação no sector.
Especialista em tecnologia e como as inovações podem transformar as empresas, Cornella apresentou ao público presente no Teatro José Lúcio da Silva (e on-line), exemplos de inovações desportivas no campo empresarial e comunicacional – entre outras – que inicialmente parecem complexas “mas são muito mais compreensíveis e fáceis de lidar”. O modo como importa lidar com a ciência ou a tecnologia (através da popularização da ciência), a internet ou modelos inovadores de negócios é apontado como um dos segredos para fazer com que os recursos sejam mais bem aproveitados e os projetos ganhem mais vida – sobretudo, quando se ouve o público.
“Não se pode inovar sem ter em conta o que as pessoas necessitam. Trabalhar apenas no laboratório não tem sentido. Em termos de atividade física, por exemplo, não há um sistema inovador para entender o que as pessoas necessitam. Temos que inventar outras formas de atividade física nas cidades”, ponderou o espanhol, em atividade que foi mediada pelo professor José Pedro Sarmento, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP).
“Toda a queixa de uma pessoa é a oportunidade de inovação. Se alguém diz que algo não funciona, não é porque sim. Ali está uma fonte de inovação. Uma organização pode fazer análise interna da informação para trocar as queixas por oportunidade de inovação e resolver problemas. Ficariam surpresos como mudam as capacidades de respostas aos clientes se demos mais importância às queixas”, acrescentou Alfons Cornella.
Consultor de algumas das maiores empresas de Espanha, o tecnólogo destacou, sempre a busca um lado positivo nos factos, um ganho advindo dos anos causados pela pandemia da Covid-19. “Temos a sorte que as crises são a mãe da invenção e que passamos para o mundo dos desportos, apesar da terrível pandemia e das dificuldades geradas. Há preocupação de cuidar-se um pouco mais, há mais interesse pela saúde e pelo equilíbrio mental”, disse.
A partir de inúmeros exemplos, Cornella sugeriu na reta final da sua apresentação quatro pontos a fazer nos próximos anos para responder a necessidade da inovação na gestão: Sensors (understanding people); Technology (apply tools); Teams (empowering groups); Ecosystems (mobilizing agents). “O que quer o mercado, através dos sensores?; que tecnologia pode melhorar a necessidade dos clientes e cidades?; como organizam a sua equipa para respostas?; e o ecossistema, quem pode ser mobilizado para dar as respostas?”, questionou.
“O meu objetivo foi mostrar algo que não veio do mundo dos desportos, mas da indústria. O desporto é um sector muito interessante que fazer acontecer muitas coisas nos próximos anos. Há de se estar preparado para fazer coisas novas para responder as necessidades da sociedade”, concluiu Alfons Cornella.
O Congresso Nacional Gestão do Desporto decorre em formato híbrido – presencial e on-line até a quarta-feira, com aproximadamente 400 inscritos. O programa completo do encontro também pode aqui ser acessado.