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Sacrifícios, gestão e trabalho: treinadores destacam rotina em debate sobre desporto

A Confederação de Treinadores de Portugal (CTP) e a Confederação do Desporto de Portugal (CDP) na sua rubrica “CDP Entrevista…” realizaram na noite desta quarta-feira um encontro entre os cinco treinadores que foram finalistas do prémio “Desportistas do Ano”.

Estiveram presentes num debate sobre o desporto nacional Hélio Lucas (Canoagem), Jorge Pichardo Fundora (Atletismo), Lourenço França (Ginástica) e Pedro Soares (Judo), além do vencedor do prémio deste ano, Jorge Braz, bicampeão europeu e campeão do mundo de futsal masculino.

Mediado pelo presidente da CTP e diretor da SportMagazine, Pedro Sequeira, o evento trouxe a oportunidade para cada treinador apresentar um pouco das suas rotinas de trabalho, as suas filosofias, e espaço para agradecer o reconhecimento de estar entre os melhores.

“Em Cuba, nunca havia sido nomeado entre os treinadores e estar aqui entre os melhores em Portugal é um motivo de orgulho muito grande”, afirmou Jorge Pichardo, treinador e pai do campeão olímpico no triplo salto Pedro Pichardo.

Treinador da ginástica acrobática, Lourenço França destacou a relevância de ser o único entre os cinco treinadores a treinar atletas amadores. “Estamos a falar de um treinador de uma modalidade não olímpica. Confesso que só reparei nisso quando estava lá na Gala [do Desporto]”, brincou. “O meu tempo de treino tem que ser muito conciliado com o dos meus atletas”, observou em relação a ter ginastas que têm outras atividades para além do desporto.

Hélio Lucas, treinador do medalhista olímpico Fernando Pimenta, falou sobre a gestão do tempo e os sacrifícios pessoais que vão além do desporto.

“O Fernando foi pai há pouco tempo e uma das minhas preocupações é que ele passe mais tempo com a família dele. Estávamos num estágio em Alemanha e a família esteve a acompanhá-lo. Temos bastante pouco tempo, isso é o outro lado da competição e dos resultados. Por exemplo, fomos para a Colômbia, é distante, fazemos dois, três estágios em altitude por ano e isso pode influenciar o rendimento do atleta, é importante na preparação e temos que fazer sacrifícios”, destaca.

Treinador do bicampeão mundial de judo Jorge Fonseca, Pedro Soares observou os dois lados da profissão: a “escravidão” e a satisfação com as vitórias.

“O tempo passa muito rápido para quem está ligado ao alto rendimento. Mas a verdade é que o atleta que lá consegue chegar, as coisas valem muito a pena. Não me queixo da vida que tenho. Já era assim enquanto atleta, agora tenho o mesmo tipo de sacrifício e escravidão que tinha, mas é muito recompensador quando surgem atletas destes de exceção como o Jorge Fonseca. Estou satisfeito com o trabalho que faço, mas é uma vida que nem todos estão dispostos”, afirma.

“Trabalhamos de quatro a cinco horas por dia. Para chegar onde queremos temos que nos sacrificar. Se não há sacrifício, não há resultado”, acrescentou Pichardo.

Jorge Braz, um dos treinadores mais vitoriosos da atualidade internacional e congratulado por todos os demais presentes, ressaltou que “não se pode haver limitações no trabalho”. “Estou sempre a dizer a toda a gente que nos rodeia, se queremos os resultados, os tipos de sacrifícios são esses. Por isso é fantástico ver esses exemplos para percebermos o que é essencial e fico maravilhado com o discurso de toda a gente. Temos tido, por exemplo, a preocupação de estarem atletas de outras modalidades no nosso estágio. O Fernando Pimenta esteve conosco e foi fantástico o exemplo que deu”, revelou.

“Para se conseguir o patamar mais alto, não pode haver mais ou menos. Sou de uma modalidade onde a perfeição técnica é essencial e portanto não pode haver oitos, não chegamos lá. Chegamos lá com dez, com o máximo. Independentemente se é futsal ou judo ou outra modalidade, vivemos isso com amor e a dar o máximo sempre”, pontuou Lourenço França.

Recorde-se que a SportMagazine realizou uma série de reportagens especiais com o perfil de cada um dos finalistas aos prémio de treinadores do ano, com Hélio Lucas (Canoagem)Jorge Braz (Futsal)Jorge Pichardo Fundora (Atletismo)Lourenço França (Ginástica) e Pedro Soares (Judo).

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