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Ricardo Azevedo celebra formação no futsal feminino após título mundial: “A longo prazo vai ter sempre benefício para todos”Exclusivo 

Ricardo Azevedo, selecionador nacional campeão mundial universitário. Foto: FADU (Federação Académica do Desporto Universitário)

Fruto de uma série de ações implementadas a partir do Plano Estratégico para o Futsal, iniciado pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF) em 2012, como a chave para o crescimento da modalidade em ambos os géneros, Portugal conquistou, no último fim de semana, o inédito título do Campeonato Mundial Universitário feminino de futsal.

A conquista no Pavilhão Multiusos de Guimarães veio diante do Brasil, nas grandes penalidades, num jogo verdadeiramente épico. Portugal terminou a primeira parte da decisão a perder por 5-1. Entretanto, na segunda metade, a equipa liderada por Ricardo Azevedo voltou com outra postura, conseguiu empatar o jogo, levar a decisão para o prolongamento e chegar ao lugar mais alto do pódio nas grandes penalidades (6-5).

A conquista, que veio poucas semanas após o vice-campeonato da Europa sénior, é consequência de um projeto alicerçado na formação e aumento do número de praticantes. Como não poderia deixar de ser, feliz com a mais recente conquista, o selecionador nacional sub-21 e coordenador das seleções de formação nacional, Ricardo Azevedo, celebrou o momento vivido pelo futsal feminino nacional. Em entrevista à SportMagazine, o treinador falou sobre a conquista, a “remontada” e a formação de uma nova geração vencedora para Portugal.

SportMagazine (SM) – Primeiro, gostaria que falasse um pouco do intervalo do jogo com o Brasil. A equipa estava a perder por 5-1. O que foi passado naquele momento às atletas? Na altura, pensavam sempre que era possível uma remontada?

Ricardo Azevedo (RA) – Quando fomos para o intervalo, sabíamos que tínhamos uma tarefa difícil, no entanto não é nosso apanágio desistir. A primeira coisa que foi pedido foi que acreditassem e que tivessem confiança. Estava a faltar andarmos para a frente, a não ter medo de ter a bola nos pés. Portanto, era mesmo fundamental acreditarmos que era possível e que não podíamos ter medo de ter a bola e ter confiança. E depois algumas alterações táticas, mudámos um bocado o sistema ofensivo e também era importante alguns ajustes defensivos para conseguir fazer com que a bola não chegasse as pivôs do Brasil. E acho que toda a gente continuou a acreditar que era possível e isso aumentou a confiança. Foi essa a mensagem que tentei transmitir no intervalo.

SM – E qual foi o sentimento ao final do jogo com o Brasil?

RA – O sentimento final é de alegria. O sentimento de que vale a pena trabalhar, vale a pena trabalhar nos jovens, temos muita qualidade na juventude e que o processo parece-nos estar no caminho correto. Esta foi uma oportunidade que foi dada a essas jovens atletas, mais uma competição ao mais alto nível que só as pode preparar cada vez mais para o futuro. E o futuro é que elas um dia cheguem à Seleção A e se firmem como atletas de alto nível.

Ricardo Azevedo ao lado de Jorge Braz, coordenador do futsal nacional, Luís Conceição, coordenador do futsal feminino, e Rute Carvalho, membro da comissão técnica. Foto: FADU

SM – Como avalia a participação de Portugal, não apenas no jogo, mas ao longo da competição?

RA – Relativamente à competição, ela correu dentro daquilo que estávamos a prever. Fomos impondo o nosso jogo, aumentando os níveis de confiança e criando os resultados que pretendíamos. Os jogos também nos foram ensinando que tínhamos coisas para melhorar. Alguns golos sofridos, mesmo o jogo com o Líbano foi muito importante [vitória na primeira fase por 17-2], se calhar foi aquele que mais nos ajudou a perceber que com o Brasil também seria possível. Embora em contexto diferentes, estávamos a ganhar ao intervalo [3-2], mas sabíamos que tínhamos qualidade para fazer um resultado melhor, como a seguir se veio a verificar. O Líbano esteve muito bem na primeira parte, usou muito bem as suas armas e não soubemos dar a volta à estratégia que eles estavam a colocar em jogo. Faltou-nos alguma calma. Este jogo foi uma aprendizagem para os jogos que vinham a seguir. Na meia-final conseguimos ajustar a maioria dos erros [vitória com a Nova Zelândia, por 10-0] que tivemos na fase de grupos e na final conseguimos pegar naquilo que tínhamos vivido nos três jogos anteriores, nos jogos de preparação no estágio, e juntamos todos, com a capacidade individual de cada uma para formar um coletivo muito forte e acreditar que se fossemos todos juntos iríamos conseguir ter um final feliz e foi para isso que lutámos. Foi um Mundial exemplar, uma constante evolução e aprendizagem da equipa que nos levou na final à obtenção do título que muito nos deixa satisfeitos.

SM – Portugal tem realizado participações internacionais consistentes na modalidade. Na sua visão, o que significa a concretização de um título desse tamanho para uma equipa de formação e o que podemos esperar desta geração que está a ser agora formada?

RA – Portugal tem se afirmado cada vez mais no futsal. Isso se deve ser dúvida a uma visão clara da Federação [Portuguesa de Futebol] que tem que apostar no jogador português. E percebeu também que é fundamental ter essas parcerias, como acontece com a FADU [Federação Académica do Desporto Universitário], que compreendeu que poderia ser para si próprio uma mais-valia. A FADU nesta competição teve um trabalho exemplar, foram extraordinários. Proporcionaram-nos o melhor estágio que alguma vez tive, muito empenhados, focados, a perceber a mensagem que queriam passar, que em primeiro lugar era a evolução dos atletas mais do que vencer. E quero deixar essa mensagem de parabéns à FADU pelo excelente trabalho. Ainda sobre a visão da Federação [Portuguesa de Futebol] e o desenvolvimento, essa geração acaba também por ser a geração campeã olímpica. Portanto, só prova que se acreditarmos no processo e fomos proporcionando cada vez mais momentos de alta competição mais cedo ou mais tarde vamos colher frutos. Começámos com essas jovens em 2016, num torneio de desenvolvimento em Oliveira de Azeméis, que perdemos com a Espanha. No torneio seguinte, fomos à Espanha e vencemos. Fizemos mais jogos com a Espanha e a Rússia, algumas vezes vencemos, outras perdemos. Conseguimos chegar aos Jogos Olímpicos [da Juventude 2018, que se disputam em Buenos Aires] muito bem e uma vez mais o processo mostrou que estávamos no caminho certo. E agora chegaram ao sub-21 e estamos a dar continuidade a este trabalho e não tenho dúvida que o facto de acreditar e perceber a capacidade de olhar a longo prazo vai ter sempre benefício para toda a gente. Todos nós falhamos e se nós desistirmos a primeira falha ou à segunda, vamos falhar mais vezes. Temos que acreditar que com o trabalho vamos ser mais fortes e acho que é essa a visão que a federação tem para os jovens: dar mais momentos de competição, com maior número de competições nacionais, estágios, porque só com o trabalho é que vamos conseguir manter o futsal português ao mais alto nível.

Foto: FADU

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