O projeto europeu “ALFAC – Aquatic Literacy for All Children”, coordenado pela Universidade de Lille, contou com uma série de reuniões e atividades que terminaram no passado dia 29 de setembro, em Lille, cidade francesa, num consórcio que integra a Associação Portuguesa de Técnicos de Natação (APTN) e várias outras organizações académicas e desportivas de sete países europeus. Este mesmo projeto vai ser um dos atrativos a serem apresentados no 45.º Congresso da APTN, que se realiza nos dias 15 e 16 de outubro, em Leiria.
O projeto propriamente dito aborda o desafio educativo para melhorar os níveis de alfabetização aquática de crianças dos 6 aos 12 anos de idade. Numa segunda fase, pretende criar ferramentas de diagnóstico e de apoio à atividade pedagógica. Aldo Costa, presidente da APTN, conversou com a SportMagazine para explicar os detalhes do ALFAC e os benefícios que o projeto pode trazer à comunidade desportiva portuguesa e europeia.
“O projeto tem dois grandes vetores de trabalho. Aquilo é dividido em nomenclatura dos projetos europeus em pacotes de trabalho. No vetor número 1, o projeto procura a criação de uma bateria de avaliação daquilo que chamamos ‘literacia aquática’. É um conceito que decorre da ‘literacia motora’. Esse primeiro vetor de trabalho inclui três dimensões: a motora, associada às habilidades aquáticas; a dimensão daquilo que é o conhecimento sobre a água e os riscos inerentes ao afundamento; e a terceira dimensão é a psicossocial, a forma como as crianças se sentem perante o meio aquático. Portanto, isto é uma forma nova de olhar para a natação, uma forma menos tradicional. Esse é o primeiro vetor, que terá sobretudo a liderança de uma equipa belga”, explicou o Aldo Costa, que também é professor Associado com Agregação na Universidade da Beira Interior (UBI).
De acordo com Aldo Costa, pesquisador português respeitado no meio académico, o segundo grande vetor é de responsabilidade primeira da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP) em interação com a APTN.
“Portanto, seremos dois parceiros numa primeira fase, que é a criação das ferramentas pedagógicas. Como é que depois os professores de natação vão trabalhar nas suas escolas de natação essas diferentes componentes da literacia aquática que eu acabei de falar. No fundo, este projeto vai permitir duas coisas: avaliar a competência aquática à escala europeia. Com esta ferramenta, vamos construir uma base de dados que nos vai criar aqui estudos comparativos entre países para o desenvolvimento de competência aquática e depois vai nos permitir também disseminar uma ferramenta de trabalho de desenvolvimento pedagógico, com base em boas práticas e evidências científicas, que aí é que entra o papel da APTN com a Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.
Foto: APTN
O congresso anual da APTN, que este ano conta com o apoio institucional da SportMagazine, é um evento formativo habitual nos programas das cidades reconhecidas como cidades ou capitais europeias do desporto (ACES Europa), neste ano sediado em Leiria – mais precisamente no Instituto Politécnico de Leiria (Escola Superior de Educação e Ciências Sociais – ESECS). Recorde-se que o evento retoma à atividade formativa presencial após dois anos de pandemia. Até aqui, o encontro já conta com cerca de 300 inscritos.
“A preparação está a correr bem, considerando a complexidade que é organizar um congresso que tem cerca de 57 convidados mais 14 oradores autopropostos. Já atingimos o primeiro objetivo em termos de participação, que estamos a passar a barreira dos 300 inscritos. Para nós é ótimo e no fundo é um sinal da marca do congresso da ATPN”, disse Aldo Costa, que também é vice-presidente da Confederação de Treinadores de Portugal (CPAT).
Aos participantes, o encontro garante certificado de formação para fim de revalidação de título profissional de treinador (2.0 unidades de crédito) e de técnico de exercício físico e direção técnica (1.0 unidades de crédito); além de acreditação pelo Conselho Científico-Pedagógico da Formação Contínua (CCPFC) dos grupos 260/620, na modalidade curso de formação (29 horas).
“A qualidade das conferências é inequívoca. Convidamos um conjunto de oradores nacionais e internacionais em temas que achamos importantes no momento e fizemos uma coisa interessante este ano, que foi incluir a participação de algumas entidades que de uma forma indireta trabalhavam connosco e este ano de uma forma mais direta participam do congresso ajudando-nos a preparar algumas sessões. Estou a falar por exemplo da Comissão de Atletas Olímpicos que vai organizar uma sessão dirigida para atletas. Será a Diana Gomes (presidente da CAO) a gerir a sessão”, adiantou.
O programa do evento conta com dezenas de convidados – Daniel Viegas, diretor Técnico Nacional (DTN) para as Águas Abertas da Federação Portuguesa de Natação; a ex-nadadora olímpica Diana Gomes, conforme dito, atual Comissão de atletas Olímpicos; além de treinadores como Ricardo Santos (do Benfica) ; Luís Cameira (do Braga) ; Vítor Ferreira e Gonçalo Neves (do Louzan Natação) – e pode aqui ser conferido nos mínimos detalhes. A cerimónia oficial de entrega do prémio ensino da natação 2022 fará igualmente parte do programa.
A Câmara Municipal de Leiria, junto com o Instituto Politécnico de Leiria (Escola Superior de Educação e Ciências Sociais – ESECS) são copromotores desta 45ª edição. A Federação Portuguesa de Natação o principal parceiro do evento, que também conta com o apoio institucional do Instituto Português do Desporto e da Juventude (IPDJ), do Comité Olímpico de Portugal (COP), do Comité Paralímpico de Portugal (CPP), da Confederação de Treinadores de Portugal (CPAT), e da Associação de Natação do Distrito de Leiria (ANDL).
Aldo Costa com a comunidade científica em encontro na Universidade de Lille. Foto: APTN
