O presidente da Associação Portuguesa de Treinadores de Natação, Aldo Costa, agradeceu a participação de “todos os magníficos 35 oradores e moderadores convidados, todos eles reconhecidos treinadores, investigadores e especialistas internacionais das diferentes áreas de intervenção do técnico de natação… a razão de base para o sucesso do evento”, vincou, logo na abertura do 46.º Congresso da Associação Portuguesa de Técnicos de Natação (APTN) e também do XVI Congresso Ibérico de Natação.
A APNT recebeu, no passado mês de Abril, o estatuto de utilidade pública, um “selo imaterial que muito orgulha uma associação que tem 45 anos de história”. “É um reconhecimento, a todos os níveis, e também social, do papel do treinador”, juntou Aldo Costa que, em conversa com a SportMagazine, olhou para o que deve ser o futuro da natação em Portugal.
Este é, por norma, um momento de reflexão. Que ideias se podem tirar deste encontro?
Aldo Costa – O congresso da APTN é, historicamente, um momento de reflexão sobre o estado da natação em Portugal e isso não deve ser confundido com qualquer análise de desempenho da Federação Portuguesa de Natação. Aliás, é escusado reiterar a minha conhecida satisfação pelos resultados desportivos, sobretudo nos dois últimos anos, que têm colocado a natação portuguesa num patamar histórico de excelência em quase todas as disciplinas aquáticas. Mas a grandeza dos resultados desportivos ou a relevância dos grandes eventos que fomos sendo capazes de receber não podem ser inibitórios de continuarmos um caminho sólido de ambição e desenvolvimento.
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Mas irá apelar, com certeza, a uma reflexão, espero eu baseada em diagnósticos sérios, sobre como deve ser a natação no futuro.
“Meios para atingir fins não serão os mesmos”
E, em sua opinião, como deve ser a natação no futuro?
AC – Nós posicionámo-nos com a intenção de ajudar a comunidade técnica a refletir sobre a natação portuguesa. O presente ano de preparação Olímpica coincide com consumação do plano estratégico que a natação portuguesa tem percorrido desde 2013/2014. Refletir sobre o estado da natação portuguesa é por isso uma atitude de responsabilidade individual para os diferentes agentes da nossa comunidade aquática nacional. Obviamente que a natação internacional evoluiu, e ainda bem, e disse isso na cerimónia de encerramento – mas os meios para atingir os fins no futuro não serão os mesmos.
E o que deve ser levado em linha de conta?
AC – O futuro da natação portuguesa dependerá obviamente de um olhar muito atento, com as necessárias atualizações, aos mesmos vetores estratégicos que todos já conhecemos, até estes porque espelham o que se preconiza ser o papel das federações desportivas com utilidade pública – refiro-me, nomeadamente, ao desenvolvimento desportivo sustentável, à massificação da prática para fins competitivos e utilitários, e obviamente ao rendimento desportivo em todas as disciplinas. Para além da ambição que devemos no futuro, que eu espero que seja disruptiva, há um aspeto absolutamente essencial que tem de ser acautelado – as assimetrias do território. Não há condições iguais e não há necessidades iguais. Eu considero que qualquer projeto estratégico que se venha a fazer para a natação portuguesa para os próximos 10/12 anos terá de atender à coesão territorial, ou seja, às necessidades específicas de cada território/região. No meu ponto de vista, essa sintonia com as oportunidades e as necessidades territoriais é um ponto-chave para a eficácia e de sustentabilidade organizacional futura.
*por Pedro Silva*