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Paulo Reis: “O objetivo da Auriol Dongmo no Europeu não é ir ao pódio, é ser campeã”Exclusivo 

Auriol Dongmo, atleta portuguesa. Foto: FPA

Campeã mundial em pista coberta com a melhor marca do ano (20,43 metros), Auriol Dongmo alcançou um honroso quinto lugar no Mundial de Oregon, ao Ar Livre, na semana passada. Um resultado que, admite o treinador Paulo Reis, foi aquém do esperado para a melhor lançadora de sempre do desporto nacional. Apesar de ter ficado fora do pódio, o diretor técnico de atletismo do Sporting projetou que Auriol estará forte na luta não apenas pelo pódio, mas pelo ouro nos Campeonatos da Europa, que decorrerão em Munique, no próximo mês.

No Mundial dos Estados Unidos, Auriol Dongmo alcançou a marca de 19,62 metros – abaixo do melhor máximo da temporada ao Ar Livre (19,68m, em junho, no ‘meeting’ de Hengelo, nos Países Baixos). Ela esteve atrás da norte-americana Chase Ealey, que lançou a 20,49 metros, da campeã mundial em Doha (2021), a chinesa Lijiao Gong (20,39 metros), e da neerlandesa Jesscia Schilder, que obteve um recorde nacional com 19,77 metros – e será a grande adversária de Auriol na Alemanha. Ainda ficou à frente da portuguesa a canadiana Sarah Mitton, também com 19,77 m.

Auriol Dongmo, que completa no dia 3 de agosto 32 anos, cumpriu uma série regular: 19,44 metros – 19,62 m – 19,38 m – nulo – 19,39 m – 19,54 m. “Agora é tempo de pensar à frente, nos Europeus”, afirmou a lançadora ao final da prova. “Da minha parte sinto que fiz tudo o que era suposto para correr bem tecnicamente, pois durante a temporada tive que trabalhar mais esse aspeto. Tentei, mas foi esta a marca que saiu e tenho de aceitar. Agora temos de continuar a trabalhar pois temos outras oportunidades, como os Europeus”, acrescentou Auriol, em declaração à Federação Portuguesa de Atletismo.

Em entrevista à SportMagazine, Paulo Reis avaliou a participação da atleta do Sporting no Mundial e demonstrou otimismo para a competição europeia que se realizará de 15 a 21 de agosto.

Auriol Dongmo exibe a medalha de campeã mundial de pista coberta ao lado do treinador, Paulo Reis. Foto: FPA

SportMagazine (SM) – A Auriol obteve em Oregon o quinto lugar mundial. Como avalia a prestação da atleta numa competição em que chegou como uma das favoritas?

Paulo Reis (PR) – A prestação acabou por ser positiva, pelo lugar e pela marca que foi uma das melhores marcas dela. Mas nós efetivamente estávamos a lutar por mais. A nossa ambição, quando fomos para o Campeonato do Mundo era realmente lutar pelo pódio. Eu sei que ela estava capaz de lutar pelo pódio, mas foi um dia em que não saiu aquele lançamento que marca a diferença e, portanto, não foi possível atingir esse objetivo.

SM – Tecnicamente, o que acha que faltou para que ela conseguisse alcançar o seu melhor nesta competição?

PR – A preparação do atleta é sempre uma preparação que tem altos e baixos, tem problemas, contratempos, obstáculos e a Auriol não é diferente de todos os demais. Claro que há sempre uma coisa ou outra que poderia ser melhor, algumas dependem de nós, outras não dependem, como problemas de lesões, doenças, Covid-19 etc. A vida do atleta há momentos melhores e piores. Ela já esteve a um nível um bocadinho superior e vai voltar a esse nível, esperamos que agora no Europeu. As adversárias também estiveram bastante fortes [no Mundial] e com a marca que ela fez, naturalmente, na história dos Mundiais, seria medalhada, mas este ano o nível subiu bastante. A americana [Chase Ealey] apareceu fortíssima, a chinesa igual, e não foi o dia dela.

SM – Qual o planeamento até o Europeu? E como está fisicamente a Auriol?

PR – A Auriol está bem, felizmente não teve problema nenhum físico. Após a prova do Mundial houve ali uma semana em que não conseguimos treinar por causa das viagens, “jet lag”, esses tipos de coisas. E depois, ela iria competir na Maia, mas não estava recuperada do Mundial, entretanto esta semana estamos a fazer uma semana forte de treino. Na próxima semana, ela irá competir na Polónia, é uma semana com viagens e estamos a ver a disponibilidade para treinar. E depois teremos basicamente mais uma semana até o Europeu em que temos que limar as últimas arestas e tentar com que ela esteja no melhor possível na qualificação e na final.

SM – E, por fim, mantém-se o objetivo de chegar ao pódio na competição continental?

PR – Não, o objetivo da Auriol no Europeu não é ir ao pódio, é ser campeã da Europa. Nós quando entramos numa prova o objetivo sempre é ganhar, mas ninguém ganha sempre, nem sempre ocorre como queremos. No Europeu, ela tem uma grande adversária, a atleta da Holanda [Jesscia Schilder]. Umas vezes, a Auriol tem perdido, outras ela ganha. No Mundial, perdeu. Agora, esperamos que as coisas se invertam e seja a Auriol a ganhar. Digamos que o objetivo principal é ganhar o título e vamos com foco no ouro.

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