Disputada em Jogos Olímpicos desde a edição de Los Angeles 1984, a natação artística (até 2017 tratada como natação sincronizada) jamais teve representantes portugueses na maior das competições mundiais. Um momento há muito adiado, mas que pode ter enfim uma estreia em Paris 2024. Nas palavras do diretor técnico da Federação Portuguesa de Natação (FPN), José Machado, a evolução faz a dupla Cheila Vieira e Beatriz Gonçalves deixar de lado o patamar de “sonho” para ser um objetivo real da comitiva de Portugal para Paris 2024.
Afinal de contas, as duas nadadoras tiveram um 2022 que as alçaram a um novo patamar na carreira. Pela primeira vez, em agosto passado, Portugal alcançou um lugar na final dos Europeus de Roma na natação artística – e terminou com o honroso 9.º posto. Para além desse ineditismo, as atletas atingiram ainda a melhor marca de sempre na disciplina para Portugal, com um total de 81.2000 pontos.
“Em termos da artística, foi uma aposta em concreto totalmente direcionada para esse dueto. Elas fizeram um esforço absolutamente excecional no sentido de perseguir esse mesmo objetivo. Era quase que utópico pensar na hipótese de elas se qualificarem para os Jogos de Tóquio 2020, mas pelo menos isso teve um condão de servir como um abrir de olhos para que visse que afinal o objetivo não era assim tão impossível”, afirmou José Machado.
De recordar que a Cheila Vieira e Beatriz Gonçalves, que na seleção treinam com a espanhola Sylvia Hernandez, conquistaram o melhor resultado de sempre em junho do ano passado, no Mundial de Budapeste, ficando no 16º posto e com 79.333 pontos. Em 2021, elas ficaram no 14.º lugar nos Europeus, até então com a melhor classificação de sempre em provas internacionais – 77.2667 pontos. Em 2019, nos Mundiais de Gwangju, na Coreia do Sul, a dupla terminou em 31º, com 75.6333 pontos. A evolução na pontuação, notória, deixa o no caminho, em aberto a possibilidade de apuramento para Paris no próximo ano.
“Digamos que precisam de mais um salto para se qualificarem para os Jogos Olímpicos. Tornou-se um objetivo. Passou do patamar do sonho para o patamar abaixo, que é o do objetivo. Nesta altura criamos algumas condições para que elas pudessem ver compensado o esforço, elas têm neste apoio à qualificação uma bolsa, portanto tiveram que abdicar de muitas coisas para perseguirem esse sonho. Estão a viver com a treinadora junto da piscina para treinar nas alturas e fazem essa preparação toda lá com esse objetivo”, destacou José Machado.
Para além da dupla natação artística feminina, a partir de Paris 2024 o Comité Olímpico Internacional também instituiu que os homens passarão ser enquadrados na competição. Um ineditismo que, por ora, não terá a participação portuguesa.
“Nesta altura estamos numa fase inicial. Temos nove atletas federados, muito jovens, mas estamos numa fase muito inicial relativamente a outros países que estão mais adiantados. Mas certeza absoluta de que esta abertura da participação masculina nos Jogos Olímpicos vai chamar a atenção sobre a disciplina”, garantiu Machado.
Após uma pausa atletas de fim de ano, as atletas regressaram aos treinos esta quinta-feira, conforme publicou a FPN.
