No encontro de gerações, o embate de talentos tem como vencedor número 1 a natação portuguesa. Mariana Cunha, 18 anos, no segundo ano de disputa sénior, é atualmente a principal rival da experiente nadadora olímpica Ana Catarina Monteiro, 29 anos, nas provas mariposa. No último Campeonato Nacional, a jovem atleta do Colégio Efanor superou a Catarina nos 50m e 100m mariposa. Ficou atrás apenas onde a nadadora do Fluvial Vilacondense segue imbatível: nos 200m mariposa. Uma rivalidade que surge repleta de respeito e admiração mútua e fica restrita apenas às competições.
No Campeonato Nacional de Juniores e Seniores, que decorreu no último mês, em Leiria, Mariana Cunha foi a nadadora portuguesa mais vitoriosa da competição: foram quatro medalhas de ouro e uma da prata – sucesso que só não foi o maior geral porque Gabriel Lopes, sozinho, conquistou seis ouros. Além das medalhas, a competição ficou marcada para Mariana Cunha pelo primeiro recorde nacional absoluto da carreira, este conquistado nos 100m estilos – com 1.01,48 minutos, superando em 10 centésimos o anterior recorde de Ana Pinho Rodrigues (1.01,58).
“Não estava a esperar. Já o queria há bastante tempo, desde o ano passado estava em cima. Mas o foco principal em si eram os 200m e como já tinha nadado, dez minutos depois fui aos 100 estilos. Eu fui só por ir e pronto, aí que saiu. Não estava à espera”, recorda a nadadora treinada por Bernardo Graça, em declaração à SportMagazine.

Mariana Cunha bateu o recorde nacional nos 100m estilos. Foto: FPN
Mariana Cunha venceu ainda nos 50m mariposa (26.60s), nos 100m mariposa (58.67) e nos 200m estilos ( 2.15,04). A prata veio justamente nos 200m mariposa (2:09.30), prova que é a principal especialidade de Catarina Monteiro, que chegou 9 centésimos à frente para ficar com o ouro. Dona do melhor resultado olímpico de sempre da natação portuguesa em Jogos Olímpicos ao chegar à meia-final em Tóquio 2020 e terminar no 11.º lugar nos 200 metros mariposa, Catarina Monteiro é apontada como uma inspiração por Mariana Cunha.
“Eu e ela temos uma relação muito boa. Já nos conhecemos há bastante tempo. Eu gosto imenso de nadar ao lado dela porque é uma atleta que eu quero chegar a ser. É uma inspiração. E poder nadar ao lado dela, agora a aproximar cada vez mais as marcas… Gosto de ver essa evolução minha e ela está a me ajudar bastante, conversamos muito”, disse Cunha.
As duas estarão juntas entre os dias 13 de janeiro e 3 de fevereiro, em Font Romeu, França, para um estágio de altitude proporcionado pela Federação Portuguesa de Natação. Procurada pela nossa reportagem para comentar a evolução de Mariana Cunha, Catarina Monteiro encheu a colega (e rival) de elogios.
“A Mariana é sem dúvida uma das mais talentosas, promissoras e completas nadadoras de Portugal, acredito mesmo que tem um grande futuro pela frente, e é sem dúvida para mim especial saber que de alguma forma sou uma das suas referências”, começou por dizer Ana Catarina Monteiro.
“Pessoalmente conheci melhor a Mariana durante este último ano, foi uma boa surpresa, um misto de serenidade com bom humor que tem tornado os momentos pré-prova também sempre de alguma forma mais divertidos entre risos e brincadeiras. Desejo-lhe toda a sorte para o futuro e acredito que como já lhe disse este foi o primeiro de muitos recordes que aí vêm”, completou a recordista nacional dos 200m mariposa (2.08,03 minutos).
Na busca por tornar as palavras da sua referência uma realidade, Mariana Cunha espera repetir neste primeiro semestre do ano os bons resultados recentes, principalmente no Campeonato Nacional De Juvenis e Absolutos, que irá decorrer no Funchal, entre os dias 31 de março e 2 de abril, para conseguir os mínimos para provas como o Mundial, em julho, no Japão, e para o recém-criado Campeonato da Europa Sub-23, de 10 a 13 de agosto, em Dublin.
“Para essa nova competição [o Europeu sub-23] eu em dezembro já fiz o mínimo, mas acho que tenho que repetir em março. Mas quero bater meus recordes nacionais na Madeira em março e tentar me aproximar dos mínimos para o mundial de Fukuoka”, afirmou, respondendo em seguida sobre as pretensões para os Jogos Olímpicos de Paris 2024. “Não sei, porque a época de longa ainda não abriu, não teve prova a sério. Mas dependendo dos tempos que fizer… Mas sim, claro que gostava bastante, é um dos meus objetivos”, não escondeu a atleta.
Completamente recuperada das dores na lombar que a acompanharam no início da última época, Mariana Cunha está focada em alcançar agora o primeiro lugar nacional também nos 200m mariposa, além de repetir novos recordes. “Estou mais focada na mariposa e os 200m estão nos meus objetivos desde o ano passado. Estou a apostar nos 200m mariposa. Gosto muito de nadar essa prova e como estou a melhorar, também me dá mais motivação para nadar para essa prova que é mais difícil”, afirmou, antes de concluir. “Sou muito jovem e olho para as pessoas na piscina, como a Catarina Monteiro, e quero treinar para alcançá-las e buscar o melhor possível”, acrescentou.

Mariana Cunha recebe o abraço de Ana Catarina Monteiro. Foto: FPN

Maria
Janeiro 10, 2023 at 4:39 pm
Duas grandes nadadoras. A Mariana muito promissora.
Só lamento que a notícia omita o outro Grande Treinador e mentor do projecto Clube de Natação do Colégio Efanor, Vasco Lopes, director técnico do clube
cesar_santos
Janeiro 11, 2023 at 7:53 pm
Boa tarde.
Agradecemos o seu contacto e comentário.
Realmente trata-se de uma grande referência.
Não se tratando de treinador das visadas, fica a nota para podermos referir noutro contexto.
Ab