Na semana passada, a Seleção feminina de basquetebol não conseguiu bater as britânicas e falhou a qualificação para o EuroBasket. Márcia Robalo, uma das basquetebolistas do plantel luso, esteve à conversa com a SportMagazine, onde abordou a vitória histórica frente à Grécia e os novos objetivos da Seleção Nacional portuguesa.
A Seleção portuguesa conseguiu uma vitória histórica frente à Grécia. De que forma é que essa vitória influenciou o plantel português?
A vitória frente à Grécia foi muito importante para nós porque acreditamos neste trabalho que tem vindo a ser feito já desde o verão. Apesar das janelas de qualificação serem em novembro e fevereiro, no verão passamos muito tempo juntas. Ppor isso, a vitória frente à Grécia, que não é uma Seleção qualquer, foi uma vitória anímica. Esta vitória mostra que não somos um grupo qualquer e marca também a nossa história enquanto Seleção feminina.
A Seleção Nacional portuguesa entrou melhor no jogo frente à Grã-Bretanha, mas o plantel britânico acabou por levar a melhor. O que faltou para que a equipa lusa trouxesse a vitória para casa?
O jogo em Inglaterra não nos correu muito bem. Nós entramos bem, fortes e confiantes, também muito porque vínhamos desta vitória frente à Grécia, e por isso havia todas as razões para estarmos confiantes. A verdade é que do outro lado também não estava uma equipa qualquer. Estamos a falar de uma Seleção com muitas jogadoras com muita experiência europeia e é normal que isso passe a ter algum peso. Apesar de tudo, nós também percebemos que não tivemos como queríamos e que acabamos por não conseguir fazer as coisas da maneira que tínhamos planeado e isso custa-nos ainda mais. Não foi só a superioridade do adversário, foi também não termos conseguido controlar o jogo da forma que nos convinha. Faltou termos conseguido dar a volta ao facto da outra equipa ter feito um scouting pormenorizado e não conseguimos arranjar soluções.
Depois deste embate frente à Grã-Bretanha quais são os objetivos da Seleção portuguesa? O que falta conquistar?
Após este embate houve quase um luto porque estivemos muito perto de atingir o nosso principal objetivo que era estarmos presentes neste europeu e para nós era muito importante que isso tivesse acontecido. Não deita por terra tudo aquilo que fizemos, mas há um sentimento de desilusão. O foco agora é começar um novo ciclo em novembro para voltarmos a lutar por uma presença europeia. Em novembro podemos ter duas vitórias muito importantes para esse objetivo. Qualquer Seleção sonha em ir a um Mundial e boas classificações e nós não somos exceção. Queremos muito marcar presença num Europeu, num Mundial, mas o principal objetivo neste momento é focarmo-nos numa eventual qualificação que vem aí para o próximo Europeu e esse será sempre o nosso primeiro objetivo.
O que falta fazer pelo basquetebol em Portugal?
Eu acho que a maioria das pessoas não tem noção do impacto que jogos como aquele que tivemos frente à Grécia têm num jogador profissional. Ter um pavilhão inteiro a vibrar faz sentir que todos os sacrifícios que fazemos para representar a Seleção Nacional valem a pena. Muito se tem feito pelo basquetebol português e feminino. Há uma verdadeira preocupação por parte das entidades em apoiar-nos e em dar-nos visibilidade, mas essa visibilidade não pode ser por caridade, tem sim de ser um verdadeiro apoio por parte de uma entidade que se preocupa e que procura informar as pessoas à nossa volta sobre a modalidade e de as fazer ter vontade de sair de casa e ir ver um jogo de basquetebol feminino, como aconteceu em Odivelas frente à Grécia. As pessoas não têm noção do quão gratificante é para um jogador poder representar o seu país num pavilhão cheio de portugueses e amantes de basquetebol. Esta visibilidade e este apoio vão ser importantíssimos para garantirmos mais resultados e enaltecer a modalidade e o país. Fazer história é o nosso objetivo.