Para além de ser campeão mundial e europeu à frente da Seleção Nacional masculina de seniores, Jorge Braz é também o coordenador de todas as seleções nacionais de futsal – incluindo as de formação. O treinador, já eleito o melhor do mundo na modalidade por quatro vezes, esteve esta semana no Congresso Mundial de Futebol e Ciências – World Conference on Science and Soccer (WCSS), no original –, que decorreu no Convento São Francisco, em Coimbra. Na ocasião, o selecionador nacional conversou brevemente com a reportagem da SportMagazine sobre o desenvolvimento do futsal praticado por mulheres no país.
Sobre o tema, Jorge Braz começou por dizer que “aqui não há feminino nem masculino, em Portugal só há futsal. Eu coordeno todas as seleções, acabei de vir da seleção sub-21. Nós olhamos para o desenvolvimento do futsal nessa perspetiva, as equipas técnicas se cruzam e todos trabalhamos igual”, afirmou, buscando uma equidade na preocupação da evolução da modalidade como um todo.
“O Luís [Conceição] é o selecionar nacional [feminino] e depois o Ricardo [Azevedo] o coordenador das seleções de formação, mas eles cruzam-se. A perspetiva do desenvolvimento é sempre esta: o que temos que fazer para evoluir é ter mais atletas, mais agentes qualificados e isto é uma visão transversal, seja nas equipas masculina ou feminina, é igual”, destacou Jorge Braz.
A busca por novas atletas, de facto, tem se mostrado uma preocupação da Federação Portuguesa de Futebol [FPF, responsável pela gestão do futsal no país], a partir de uma série de ações implementados a partir do Plano Estratégico para o Futsal, apresentado em 2012, como a chave para o crescimento da modalidade em ambos os géneros, alicerçado na formação e aumento do número de praticantes.
Na última década, por exemplo a FPF promoveu mais de 140 cursos (graus I, II e III) com milhares de treinadores formados. “Existem algumas questões que podemos continuar a desenvolver no futsal feminino e que no futuro iremos cada vez mais olhar para isso, mas a perspetiva é essa. Não olhar muito, ‘ah é o masculino, o feminino, o militar, o universitário, o escolar’, isso não. Estamos todos juntos num só projeto de desenvolvimento do futsal nacional que temos tido nos últimos anos”, disse Braz.

Jorge Braz, à esquerda, aparece ao lado do atleta Pany Varela, de Luís Conceição, selecionador feminino, e do psicólogo José Silvério. Foto: FPF
Entre os recentes passos no desenvolvimento do futsal feminino, podem-se destacar, por exemplo, o surgimento da primeira edição da Liga de Futsal para mulheres, na temporada 2013/14. No ano passado, criou-se a II Divisão Nacional. Na continuidade deste processo surgiram a Taça de Portugal, a Supertaça e a Taça da Liga. O ano passado, os sub-19 começaram a ter o campeonato nacional do escalão.
Outra estratégia colocada em prática pelo Plano Estratégico para o Futsal foi fazer a Seleção Nacional A feminina ganhar a companhia de outras três seleções de formação: as sub-17, sub-19 e sub-21. Além disso, o número de praticantes mulheres no futsal teve um crescimento de 10,6% entre 2012/13 (4.073 jogadoras) e 2019/20 (4.508 atletas). Para Jorge Braz, um número que ainda pode e precisa crescer.
“Ainda precisamos de aumentar o número de praticantes no futsal feminino, criar mais oportunidades para as meninas pequeninas, olhar para a formação, para as oportunidades que se podem criar para que as meninas possam praticar o futsal. Porque a prática, apesar de ter aumentado, ainda não chegou aos números que desejamos. A partir do momento que aumentarmos as massas e que houver mais praticantes, aí uma série de problemas vão se diluir e esse é um forte objetivo nos próximos anos”, garantiu o coordenador nacional.
Um passo importante na história do futsal feminino poderá ser dado entre os dias 1 e 3 de julho. É quando Portugal joga a Final Four do Campeonato da Europa, que decorrerá no Pavilhão Multiusos de Gondomar.

Foto: UEFA