Após as discussões aprofundadas sobre as temáticas “Da ética no desporto à ética do desporto” e “Desafios atuais: a genética no desporto”, o segundo dia do Ética Summit 2022 seguiu, na tarde deste sábado, com dois Workshops: A – “O desporto e o desenvolvimento de valores, desde as idades jovens”, e B – “Ética do desporto nas leis e regulamentos”. O evento, exclusivamente virtual, é organizado pelo Panathlon Clube de Lisboa para a comunidade de língua portuguesa e tem a SportMagazine como media partner.
No âmbito da temática “O desporto e o desenvolvimento de valores, desde as idades jovens” estiveram presentes o professor Jorge Carvalho (Membro da Comissão Executiva do Ética Summit 2022), Carlos Neto (professor Jubilado da Universidade de Lisboa – FMH – Portugal), Carla Chicau Borrego (docente na ESDRM-IPSANTAREM, CIEQV – Portugal), Vanderson Berbat (Head Impulsiona Educação Desportiva – Instituto Península – Brasil) e Luísa Ávila da Costa (docente na Universidade do Porto, Faculdade de Desporto – Portugal).
No Workshops A, o professor Carlos Neto, moderador do encontro, destacou os impactos da pandemia no âmbito do abandono desportivo e mencionou, de início, o quinto Eurobarómetro dedicado ao Desporto e à Atividade Física. “De acordo com o estudo publicado pela Comissão Europeia, 73% dos portugueses estão sedentários”, destacou o pesquisador, referência no país, a fazer um alerta e, em seguida, a convidar os preletores para debater valores ligados ao desporto.
O primeiro a falar foi o professor brasileiro Vanderson Berbat. O pesquisador observou que, no país sul-americano, 53 milhões de alunos estão matriculados na escola básica no Brasil. “Temos uma poderosa ferramenta para compartilhar com a juventude os valores do desporto escolar”, disse. “Tivemos uma oportunidade, quando sediamos os Jogos Olímpicos Rio 2016, para trabalhar os valores olímpicos e paralímpicos no país. E então fomos entender como os nossos professores estavam preparados. E percebemos um grande problema: os professores de Educação Física brasileiros não tinham tempo para trabalhar na forma prática esses valores, era um problema de formação”, acrescentou.
Berbat, então, destacou parcerias para mudar a realidade dos 400 mil educadores físicos que atuam como professores nas escolas brasileiros. “Temos o desafio de incentivar o trabalho desses valores nas escolas, mas que isso possa ultrapassar os muros dessas escolas. Fizemos uma parceria do Programa dos Jogos Olímpicos com o Ministério da Educação para formar um instrumento de desenvolvimento. Dentro de uma estratégia pedagógica, por meio das políticas públicas, mostramos, através de evidências científicas, que trabalhar atividades físicas ajudavam na qualidade de vida e, consequentemente, em outras competências sociais como valores transformadores“, afirmou o Head Impulsiona Educação Desportiva.
A seguir foi a vez da professora portuguesa Luísa Ávila da Costa a destacar a formação ética das crianças nas escolas. A apresentação, entretanto, contou com um problema técnico com o áudio, o que acabou por prejudicar a compreensão da preleção.
Por fim, foi a vez da professora Carla Chicau Borrego. A docente da ESDRM-IPSANTAREM trouxe uma reflexão acerca do direito de os jovens praticarem desporto.
“É preciso dar oportunidade para que todos tenham acesso e nós não estamos a conseguir que um valor importante, que é o desporto, um direito, esteja a ser acessível para todos. No Eurobarómetro, conforme apontou o professor Carlos Neto, temos valores difíceis para Portugal. E o que estamos a fazer nesse contexto que não conseguimos manter os jovens connosco? Será que nós profissionais da área do desporto, independentemente de o contexto ser a escola, o clube, a universidade, ou o jornalista que faz a notícia sobre, ou o dirigente… Será que nós estamos a conseguir passar a mensagem do que o desporto é efetivamente importante? Será que estamos conseguir a fazer uma aprendizagem centrada nos jovens?”, questionou.
Carla Chicau Borrego mencionou uma série de iniciativas que estão “a ganhar corpo” para buscar as necessidades dos jovens e tentar trabalhar “de forma diferente aquilo que é o desporto”. “É necessário verificar o que está sendo feito ao nível da formação de treinadores”, também destacou a professora, que também criticou as poucas horas dedicadas à ética nas universidades.
“O mundo mudou e a formação precisa acompanhar essas mudanças”, observou o professor Carlos Neto. “Muitas vezes, pior do que o número de horas de Educação Física na escola, é a falta do movimento no lúdico do dia a dia das crianças”, acrescentou o participante Rui Manuel Garcia através do chat.
No Workshop B – “Ética do desporto nas leis e regulamentos” – estiveram Carlos Ribeiro (vice-presidente do Panathlon Clube Lisboa, moderador do encontro), Georgios Stylianos (Membro da CE do ES 2022 e Diretor de Projeto da SNELIS – Brasil), Soraia Quarenta (advogada e Pr CD da Fed Portuguesa de Canoagem – Portugal), Luiz Cardoso da Silva (presidente da Comissão de Ética do Comité Olímpico Nacional Caboverdiano – Cabo Verde) e Maurício Veiga (jurista/advogado – Brasil).
A programação do Ética Summit 2022 terá, a seguir, a conferência “Integridade do desporto – novos riscos e novas exigências”. A programa completa pode aqui ser conferida.