O segundo e último dia do Congresso “100 anos de atletismo” deu início este domingo, na Faculdade de Motricidade Humana (FMH), de Lisboa. Este evento, organizado pela Federação Portuguesa de Atletismo (FPA), marca, conforme indica, os 100 anos da modalidade em Portugal. Contudo, este 100º aniversário deu-se em 2021, não se realizando tal cerimónia devido à pandemia.
Este congresso conta com diversas mesas redondas e painéis acerca dos mais variados temas ligados à modalidade de atletismo e do desporto em geral.
O primeiro painel teve como tema “Limites, desafios e soluções do Atletismo Regional”, moderado por José Costa. Bernardino Alves, presidente da Associação de Atletismo do Porto, António Reis, presidente da Associação Distrital de Atletismo de Leiria, e Jorge Ribeiro, presidente da Associação de Atletismo de Vila Real, fizeram parte do grupo de oradores desta temática.
O tema seguinte destinou-se às várias frentes do atletismo. Vanessa Pais, especialista em comunicação da FPA, assumiu a moderação desta mesa redonda que contou com a presença de grandes atletas portugueses, como Francis Obikwelu, Marta Onofre e Hélio Fumo. A presença do presidente da Federação Portuguesa de Atletismo, Jorge Vieira, também foi parte desta conversa.
Os três convidados deste painel acima referido abordou várias dificuldades no seu percurso enquanto atletas, destacando Marta Onofre que, enquanto atleta e mãe, passou algumas dificuldades, passando a mensagem de que a mulher deveria ter maior facilidade neste processo de maternidade. Hélio Fumo abordou principalmente a sua adaptação ao trail, tendo em conta que veio das pistas, como a maioria dos atletas desta modalidade. Francis Obikwelu falou também do seu percurso, das dificuldades vividas até à glória, tendo como maior destaque o seu mindset enquanto atleta.
“Acho que enquanto atleta, mãe, médica, é preciso sermos disciplinados e não perder o prazer pelo que fazemos, porque torna tudo mais fácil (…) acho que o resultado vem no final, só temos de desfrutar e no final avaliamos. E isso é transversal para todas as vertentes da nossa vida. Acho que o atletismo não tem de mudar. Enquanto mulher, pós maternidade, ou mesmo não estando em pós maternidade, em termos de igualdade de género. O mais importante é pensarmos sempre que por mais utópicos que nos pareçam os nossos objetivos temos de considerar sempre que é possível e desfrutar o que estamos a fazer no momento”, disse Marta Onofre.
Marta Onofre, atleta olímpica. Foto: SM
Após uma breve pausa, foram dadas respostas técnicas acerca do atletismo regional. Filipe Silva, do Porto, Rui Costa, do Algarve, e Raimundo Esteves, de Viseu, são os oradores deste painel, que foi moderado por José Santos. “Tecnologias e Equipamentos no Atletismo” foi o último tema desta manhã, moderado por Paulo Oliveira, mestre em desporto pela FMH. Este contou com o delegado técnico da European Athletics, Samuel Lopes, e com Pedro Jiménez-Reyes, especialista em atividade física e desporto.
A primeira parte da tarde foi maioritariamente direcionado ao ensino. “Desporto Escolar – Entre o Sonho e a Realidade”; e “A Universidade e o Atletismo – Novos Caminhos na Exercitação, Aprendizagem e Treino” foram as temáticas abordadas neste sentido, que contaram com diversos representantes de escolas e universidades.
Seguiu-se um painel acerca do atletismo adaptado, onde se apresentaram os desafios do desenvolvimento do mesmo. José Lourenço, presidente do Comité Paralímpico de Portugal (CPP) e José Silva, da FPA, foram os oradores deste painel moderado por Luís Figueiredo, vice-presidente da Federação Portuguesa de Atletismo.
A última parte deste congresso “100 anos de atletismo” contou com convidados além-fronteiras. A FPA destacou a presença do alemão Gunter Lange, da Uganda Statehouse, que foi responsável pelas conquistas de atletas como Peruth Chemutai, campeã olímpica de três mil metros obstáculos em Tóquio 2020, e de Joshua Cheptegei, campeão olímpico de cinco mil metros e vice-campeão de 10 mil metros na mesma competição. Este irá abordar as temáticas “Adaptation Based Training” e “Taxonomy (adaptation) – Means & Methodos”.
“Nem todos os treinadores bem sucedidos são treinadores competentes, mas todos os treinadores competentes têm o potencial para se tornarem treinadores bem sucedidos e vencedores em série”, disse o alemão.
Pedro Jiménez-Reyes regressa neste último momento do congresso com o tema “Desenvolvimento e monitorização da Força Rápida”. O professor Paulo Armada da Silva, o único português nesta última parte, abordou o tema das neurociências ligadas ao desporto. O professor Juan Carlos Alvarez, também ele espanhol, abordou a temática “Planificação de treino ‘o último mês'”.
