A Seleção Nacional de Andebol vai estrear-se esta quinta-feira no Campeonato do Mundo, na primeira jornada do grupo D, frente à Islândia. Coreia do Sul e Hungria são os restantes adversários deste grupo, visto como um dos mais exigentes do Mundial 2023.
Ao longo dos anos têm existido diversos atletas que passam pela nossa Seleção Nacional e alguns deles acabam mesmo por deixar um forte legado. Carlos Resende, atual treinador de andebol do FC Gaia, é um dos melhores jogadores portugueses da história. O ex-lateral de clubes como o Ateneu, o ABC Braga, o Sporting CP e o FC Porto, é o melhor marcador de sempre em mundiais, por Portugal, contabilizando 87 golos, num total de 17 jogos.
Carlos Resende, também pai de Joana Resende, um dos grandes nomes do andebol feminino português na atualidade, com apenas 21 anos – joga no Clermont Auvergne, de França -, conversou com a SportMagazine sobre a presença de Portugal neste Campeonato do Mundo e a evolução do andebol português.

Carlos Resende, número 3, na Seleção Nacional em 2001. Foto: rfi
SportMagazine (SM) – Tendo em conta a qualidade presente na Seleção Nacional e o grupo que Portugal tem pela frente, o que espera de Portugal nesta competição?
Carlos Resende (CR) – Todos nós temos a expectativa, gostamos sempre de esperar os melhores resultados e essa será certamente a minha expectativa. Gostaria que Portugal conseguisse, uma vez mais, suplantar aquelas que foram as prestações passadas. Por um lado, acho que todos ficaríamos satisfeitos se tal acontecesse. Por outro lado, temos de ter a noção que Portugal está num grupo difícil e há quem diga que seja o grupo mais problemático do Campeonato do Mundo, o que acaba por dar dificuldades acrescidas.
SM – Acha que este Portugal tem tudo para passar a fase de grupos e fazer a melhor prestação de sempre?
CR – Eu costumo dizer, nós temos, de facto, qualidade individual e coletiva para ganhar às três equipas, mas também é verdade que temos qualidade para perder com as três. Tudo depende do momento e da forma como entraremos em cada jogo. Os Campeonatos em determinado momento é importante estar ao nosso melhor nível. É essa a nossa expectativa.
SM – Conta com três presenças em Campeonatos do Mundo, enquanto jogador, sendo o melhor marcador da Seleção Nacional em Mundiais com 87 golos. Com esta experiência, juntando à de treinador, como avalia os novos talentos do andebol português?
CR – A avaliação que é feita normalmente é feita através dos resultados e a verdade é que esta geração, ou desde que o Paulo Jorge [Pereira] está na Seleção Nacional, nós temos vindo a suplantar os resultados objetivos desde sempre. Nunca tínhamos conseguido estar num Campeonato Olímpico, conseguimos estar, qualificações para o Campeonato da Europa, do Mundo, enfim. É motivador para todos nós, para que nos levem a querer que estamos num bom caminho.
SM – Acredita que o andebol português tem crescido com estas prestações da Seleção Nacional?
CR – Eu creio que o andebol português tem crescido, não apenas pelas prestações da Seleção Nacional, ou então a prestação da Seleção tem sido também uma consequência do forte investimento quer que o FC Porto, que o Sporting CP e que o SL Benfica têm feito, e tem sido exemplo os resultados internacionais que têm tido. O Porto, já há alguns anos, que tem vindo a demonstrar alguma classe na Liga dos Campeões, só que este ano as coisas não estão a correr tão bem, o Benfica, o ano passado, ganhou a European League, onde a final foi ganha frente ao atual detentor do Campeonato do Mundo [de clubes], o Magdeburg, e o Sporting que foi eliminado pelo Magdeburg por um golo. Prestações internacionais das principais equipas que têm investido valores no andebol nunca antes vistos, com certeza que têm impulsionado, e bem, aquelas que são as prestações da nossa Seleção Nacional.