Projeto pioneiro lançado em Portugal na época passada, o Baby Andebol consiste no objetivo de incluir crianças de um ano e meio aos quatro anos e meio no desporto e ajudar nomeadamente nos desenvolvimentos motores e cognitivos desses pequeninos. Idealizada por Carla Barbosa, antiga internacional portuguesa e treinadora do Feirense, a iniciativa consiste numa atividade lúdica, na qual as crianças são estimuladas a correr, saltar, agarrar, lançar, rastejar, rolar e apanhar, dentro de seis estações diferentes. “Em cada nova estação, há uma história e um desafio a resolver”, explica a treinadora grau 3.
As aulas para as crianças acontecem nas terças-feiras, às 18h00, e aos sábados, às 11h00, na Escola Fernando Pessoa, em Santa Maria da Feira. Atualmente, 15 miúdos estão já inscritos para a segunda época do projeto, mas a expetativa é que outros dez ainda se juntem à equipa. Os interessados, podem procurar outras informações através deste contacto: 918716453.
Carla Barbosa, que também é professora de história e português, conversou com a reportagem da SportMagazine sobre o projeto que coordena e os diferentes ganhos que a atividade pode proporcionar às crianças, que chegam para o momento “ainda de fralda ou chupeta”, porém cheias de abertura para aprender e serem introduzidas ao desporto da melhor maneira possível.

Foto: CD Feirense Andebol
SportMagazine (SM) – Como surgiu a ideia do projeto?
Carla Barbosa (CB) – Além de ser treinadora também sou professora de português. Este projeto eu há muito tempo o tinha pensado: a ideia de juntar o andebol e histórias para as primeiras idades. Como também sou professora e não só treinadora, já tinha namorado efetivamente esta ideia. Quando estava com o curso de grau 3, conversei com o Marco Santos que também está na Federação sobre esta ideia e ele apresentou-me que existe este projeto também na Dinamarca. Eu fiz uma pesquisa sobre esse projeto na Dinamarca e era bastante daquilo que eu já projetava. Entretanto, apresentei o projeto ao Feirense, o clube gostou do projeto e então seguimos a avançar de forma pioneira e experimental na época passada até para os atletas verem como funcionava.
SM – E como funciona a iniciativa na prática?
CB – O projeto reside na seguinte organização: há um conjunto no pavilhão de andebol com seis estações. Em cada estação há uma história e um desafio no tour que os pequeninos, desde um ano e meio aos quatro anos e meio, devem solucionar. São atividades motoras, de correr, lançar, apanhar, rastejar, saltar, inseridas no desafio que existe em cada posto. Eu invento uma personagem fictícia, crio o desafio e eles depois têm que conseguir realizar esse desafio. É uma atividade suportada na primeira pessoa por mim e depois por outros treinadores dos escalões jovens ou atletas mais velhos do clube que suportam o apoio à atividade. Temos sensivelmente uma pessoa mais velha para cada duas, três crianças, que realizam toda a atividade durante uma hora.
SM – Quais benefícios esse tipo de atividade pode levar às crianças?
CB – Eu tenho crianças que vão de fralda e chupeta para a atividade, literalmente. Quando aprendem a andar podem participar da atividade. Atividade acontece em pequenos exercícios que promovem, a nível motor, um desenvolvimento de uma marcha e uma corrida melhor; a nível da motricidade, o agarrar, o lançar, o pegar, o receber, também desenvolvemos essas capacidades, que nessas idades são muito mais absorvidas. Concluímos que quando chegam os meninos ou meninas com dois, três anos, muitas vezes essas crianças, depois de ter estado no baby andebol, apresentam as capacidades motoras muito mais desenvolvidas do que um menino de quatro anos que vai começar.
No que concerne à parte do cognitivo, nós acreditamos que ao contar às histórias e, há um diálogo com os atletas, nós também consideramos que há um desenvolvimento do cognitivo do diálogo, do falar, do interagir, porque nessas primeiras idades não há muitas atividades coletivas. Pelo menos em Santa Maria da Geira há a oferta da piscina e a oferta da dança. Mas uma modalidade efetivamente coletiva, em que eles precisam uns dos outros para realizar pequenas tarefas e pequenos objetivos, existem poucas. Acreditamos que o andebol neste aspeto ajuda o desenvolvimento dessas capacidades. Nós não fazemos um andebol de competição, mas temos os desenvolvimentos dessas habilidades.
SM – O projeto está a ser apoiado por alguma instituição?
CB – Apresentámos à Federação [de Andebol de Portugal] e estamos à espera de que a eles possam criar uma ponte connosco. Estamos a aguardar esse contacto. A direção da federação teve conhecimento do projeto e estamos a aguardar para que nos possam efetivamente apoiar-nos. A Federação foi muito recetiva.

Foto: CD Feirense Andebol

Foto: CD Feirense Andebol

Foto: CD Feirense Andebol