
Foto: COP
Foram três recordes nacionais absolutos (200m costas, 4×100 estilos e livres), duas medalhas de ouro e uma certeza: após os Jogos do Mediterrâneo, Camila Rebelo tornou-se, de facto, uma das principais joias da natação de Portugal na atualidade. A atleta de 19 anos faz uma temporada de altíssimo nível. E não pretende parar por aqui.
Camila Rebelo foi a única atleta portuguesa a regressar de Oran 2022 com duas medalhas de ouro, conquistadas nos: 200 costas, ao nadar a distância na final em 2.10,41 minutos, recorde de Portugal; e depois nos 100m costas, com 1.01,34. O primeiro tempo foi melhor que o recorde que já pertencia a Camila desde o Campeonato Nacional de Juvenis, Juniores e Absolutos, em abril, quando nadou a 2.11,18. Nos 100m, entretanto, ela não superou o tempo que ela mesma fez em Coimbra (1.01,10).
“Eu queria vir a Oran dar o melhor que teria e se fosse possível uma medalha lutaria por ela, mas chegar aqui e conseguir subir ao pódio, ao mais alto lugar e levar duas medalhas e três recordes nacionais é difícil de explicar a tamanha felicidade”, afirmou a atleta do Louzan, em entrevista à SportMagazine.
Um dos recordes nacionais mencionados pela nadadora natural de Coimbra veio no quarteto de Portugal de 4×100 estilos. A equipa formada por Camila Rebelo, Ana Pinho Rodrigues, Mariana Sousa e Francisca Martins terminou em 4.º lugar com 4.07,57 minutos. O anterior máximo estava fixado em 4.12,62 minutos por Camila Rebelo, Victoria Kaminskaya, Ana Catarina Monteiro, Francisca Martins, em 2020.
Camila segue em evolução como nadadora a conciliar a carreira como atleta com os estudos na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Questionada se esperava ter conseguido os dois ouros a dividir o tempo entre os treinos e as aulas, a nadadora destacou que o segredo do sucesso está na disciplina.
“Claro que sonhar, sonhamos sempre. Mas daí a tornar realidade, é diferente. Como já disse na outra entrevista, acho fundamental conciliar os estudos com o desporto. Para além de já ter um caminho começado a nível profissional fora do desporto, faz com que ganhemos ainda mais disciplina”, afirmou.

Camila Rebelo ao lado da equipa técnica. Foto: Camila Rebelo/Instagram
A nadadora treinada por Gonçalo Neves e Vítor Ferreira agora prepara-se para o principal desafio na temporada: o Europeu de Roma, que decorrerá em agosto. Há poucos meses, Camila Rebelo destacou que chegar às meia-finais já seria um ótimo feito. Hoje, em crescimento, já não quer parar por aí.
“Quero muito continuar a trabalhar para fazer mais e melhor. Este recorde [nos 200m costas] demonstrou que estou no caminho certo. Se antes sonhava com uma meia-final, agora gostava imenso poder participar na final. Seria incrível! E claro o próximo objetivos é fazer o mínimo olímpico, assim que abrir o prazo”, disse a atleta.
A treinar entre 12 e 13 vezes por semana, com sessões bidiárias no Complexo Olímpico de Piscinas de Coimbra, ainda conciliadas ao ginásio, Camila segue o trabalho intenso a garantir que mantém “os pés na terra” e que tem “dois treinadores incríveis que me sabem colocar no lugar, como os meus pais”.
“Tudo faz parte de um processo que se tem desenvolvido ao longo dos anos e no mundo do desporto não é só o treino na água que conta, é também no ginásio e o treino psicológico, são fundamentais. Mas a boa evolução também se deve ao bom ambiente durante os treinos e a excelente relação com os treinadores, tudo culminado faz com que sejamos felizes a fazer o que mais gostamos e ao mesmo tempo darmos o nosso melhor”, afirmou.
No processo de aperfeiçoamento, acredita que vive a melhor fase da carreira. Entretanto, sabe que pode ainda dar mais. “Sim neste momento posso dizer que é a melhor fase de sempre. Uma fase que me dedico à natação e foco a melhorar os aspetos que têm de ser melhorados junto dos meus treinadores e colegas de equipa”, concluiu.