Principal nadadora em águas abertas de Portugal, Angélica André vive o melhor momento da carreira. Após alcançar o inédito pódio no último Campeonato da Europa, a atleta do FC Porto agora prepara-se para alcançar os mínimos para se tornar a primeira atleta nacional a ir a dois Jogos Olímpicos em águas abertas. De acordo com o diretor técnico nacional da Federação Portuguesa de Natação (FPN), José Machado, a atleta de 28 anos deverá chegar a Paris 2024 como a mais forte nadadora entre os nadadores portugueses – a somar na conta também a natação pura.
“Para ser completamente objetivo, é a nadadora dentre os nadadores portugueses nesta altura aquela que dá mais garantias de poder obter um resultado de grande nível [nos Jogos Olímpicos]. Esteve em sétimo no último Campeonato do Mundo [na prova de 10 km, em junho passado], terceiro no Europeu, e portanto não havendo final, ela tem condições para se classificar nos oito primeiros em Paris”, destacou José Machado.
A atleta natura de Matosinhos, treinada por José Manuel Borges, estreou-se em Tóquio 2020 nos Jogos Olímpicos com uma 17.ª posição, a igualar a melhor marca nacional em águas abertas. Na altura, entretanto, Angélica André ficou insatisfeita com o resultado. Uma inquietação que a faz progredir passo a passo.
“Temos um exemplo muito forte na Angélica, que tem uma carreira já de muitos anos, teve ali um sonho que teve que ser adiado nos Jogos Olímpicos do Rio 2016, em que não alcançou uma qualificação que estávamos à espera, mas teve a paciência para fazer mais um ciclo, foi a Tóquio 2020 [alcançou o 17.º lugar] e este ano deu um salto para o mais alto nível internacional”, acrescento o diretor técnico nacional.
Modalidade olímpica desde Pequim 2008, a natação em águas abertas vem ganhando cada vez mais espaço em Portugal nos últimos anos. Além de Angélica André no “mais alto nível”, Portugal tem também outros nadadores que buscam o mesmo caminho. É o caso, por exemplo, de Mafalda Rosa, que já foi campeã europeia júnior, em 2021, e no ano passado voltou ao pódio na mesma competição.
“A mesma coisa sobre a Mafalda: foi campeã da Europa de júnior, medalha de bronze Europeu júnior este ano passado e já tem um histórico. Agora, também há o reverso de medalha: o universo de nadadores é muito reduzido dentro deste patamar e fica cada vez mais reduzido quando o nível de exigência vai aumentando”, observou José Machado.
“Portugal tem quatro nadadores, todos eles na preparação olímpica, além da Angélica e da Mafalda, temos o Diogo Cardoso e o Tiago Campos. Estão todos nessa preparação e todos obtiveram classificações no Mundial e Europeu que permitem ascender pelo menos no apoio à qualificação”, pontuou o diretor técnico.