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Joaquim Gonçalves fala sobre a experiência pai/treinador-filhos/atletas no karaté: “Procuro sempre não confundir o meu papel”

Joaquim Gonçalves ao lado dos filhos campeões e da esposa e mãe dos atletas Elisabete Silva. Foto: SC Braga

A filha, Leonor, é duas vezes campeã nacional e, aos 13 anos, já soma as primeiras medalhas internacionais de peso. O filho, Guilherme, aos 17 anos, alguns passos adiante, já é um colecionador de medalhas dentro e fora de Portugal, e a partir deste ano passou a liderar o ranking mundial na sua categoria. Em comum a ambos está, claro, a figura do pai, Joaquim Gonçalves, que é também o treinador da dupla de campeões.

Os irmãos treinam desde muito cedo. Por volta dos 3 anos, já davam os primeiros passos – ou golpes – na modalidade. Afinal, não se pode negar que já nasceram o karaté no ADN. Além do pai, a mãe dos jovens é ninguém menos que Elisabete Silva, campeã nacional e antiga internacional portuguesa – atualmente, também treinadora. “Nesta fase não os treina, mas deu-lhes treinos quando eles eram mais novos”, observa Joaquim.

Com os pais desportistas por natureza, uma linha ténue especialmente na relação pai-treinador-atletas precisou ser construída na família bracarense. Também diretor técnico nacional da Federação Nacional Karaté, Joaquim Gonçalves explicou em conversa com a SportMagazine como consegue dividir os papéis que desempenha no tatame e em casa.

“É uma questão muito interessante, e que eu penso que também tem sido uma peça basilar no sucesso do dois. Porquê? Porque entendo e procuro sempre não confundir o meu papel e a minha função de pai com a de treinador. Nomeadamente quando estou no treino, o meu rigor, a minha responsabilidade enquanto treinador é exatamente a mesma para qualquer atleta, e neste caso particular também o mesmo para os meus filhos. Ali são alunos e procuro efetivamente ter essa conduta para que eles sintam a minha posição e a minha função enquanto treinador”, começou por dizer.

“Depois, por outro lado, enquanto pai, porque sei o que é ser atleta, porque sei qual é a minha missão também enquanto pai e procuro dar-lhes todas as condições no dia a dia para que o treino não seja afetado por razões, por exemplo, ligadas aos estudos. Por exemplo, se tem um teste, não deve ser por isso que devem faltar o treino. Devem organizar o seu dia a dia para que o treino também seja comprido. Isso faz parte de um ciclo que acaba por ser muito completo porque enquanto pai eu entendo a posição deles de atleta, mas também, como sou concomitantemente treinador, esses valores nos permitem enquanto família e enquanto treinador-atleta ter esta junção de valores que o desporto trás, de sacrifício, dedicação, perseverança, respeito etc., mas que são concomitantes também na família, de sermos responsáveis no treino, termos espírito de sacrifício no momento em que é preciso treinar. Todos esses valores são importantes em qualquer um dos contextos. Agora, sem nunca confundir os papeis. É muito difícil, mas penso que um dos nossos segredos está aí”, detalhou Joaquim.

Guilherme Gonçalves ao lado do treinador Joaquim Gonçalves. Foto: Karate Youth League

A estratégia está a caminhar muito bem. Guilherme e Leonor voltaram ao pódio mais uma vez na semana passada durante a Karate 1 – Youth League, que decorreu em Veneza. Em kumite júnior -68kg, o karateca do SC Braga revalidou o título na competição ao subir novamente no lugar mais alto do pódio. Foi a terceira medalha dele esta época no circuito mundial, o que o credencia a ser o único atleta na história do karaté português a ocupar esta posição de líder no ranking da Federação Mundial de Karaté.

“Efetivamente, o Guilherme este ano conquistou resultados de excelência que lhe permitiram a primeira posição do ranking mundial e que, por acaso, é a primeira vez que um atleta português consegue atingir este patamar. Isso é naturalmente motivo de muito orgulho para quem trabalha com o Guilherme e satisfação dados esses resultados extraordinários que ele neste ano 2022 obteve. Acreditamos que aquilo que o Guilherme tem obtido é fruto de um trabalho tem vindo a ser desenvolvido desde que entrou na modalidade, ainda nos escalões de formação, ainda muito jovem, e que agora já em júnior acaba por desfrutar desta condição de grande valor desportivo e que se tem traduzido nesses resultados”, disse Joaquim Gonçalves.

Embora ainda tenha mais três anos como atleta no escalão sub-21, onde deverá seguir em termos nacionais e internacionais, espera-se que Guilherme já dê os primeiros passos como sénior a partir de junho de 2023.

“É um atleta que reúne condições do ponto de vista desportiva, e quando digo desportivo afirmo naturalmente às suas questões fisiológicas, às suas questões técnico-táticas, às suas questões psíquicas que o caracterizam, e também à sua condição social, acreditamos que lhe permitirá ter uma carreira de sucesso no escalão sénior também nos próximos anos”, acrescentou treinador.

Leonor Gonçalves, por sua vez, também repetiu o pódio em Veneza, com mais uma medalha de bronze em kumite juvenil -47kg. A atleta bracarense, subiu ao pódio pela terceira vez, no último ano, em provas do prestigiado circuito mundial – Limassol (prata) e Veneza (bronze).

“A Leonor é também uma atleta que obteve durante 2022 a nível internacional resultados históricos. É a única atleta também portuguesa que obteve três medalhas nessas provas do circuito mundial. Portanto, considerando esses resultados de excelência, naturalmente acompanhados de outros bons resultados de outras provas nacionais, podemos dizer que a época dela é de facto brilhante. É uma atleta que obteve resultados históricos”, destacou Joaquim Gonçalves, que é o treinador principal do SC Braga.

“Relativamente ao futuro, ela é ainda muito jovem. Eu costumo por responsabilidade enquanto treinador e pai ter a preocupação de salvaguardar nesses escalões jovens aquilo que considero essencial, que é a sua formação. Portanto, nós acreditamos que a Leonor está a construir aquilo que são as bases essenciais no desporto e, simultaneamente, a construir também um caminho fundamental para o sucesso desportivo que é a condição escolar, a condição humana, a condição familiar. É ainda uma jovem de 13 anos, mas acreditamos que se continuar com esta sua capacidade de organização diária relativamente ao treino, à escola, à família, que vai ser também uma atleta de um extraordinário valor e que terá resultados desportivos semelhantes ao do Guilherme ou mesmo superior”, pontuou.

Leonor Gonçalves ao lado do treinador Joaquim Gonçalves. Foto: Karate Youth League

 

 

 

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