A temporada da ginástica de trampolim foi singular para Portugal, em especial para dois atletas. Diogo Abreu e Pedro Ferreira colecionaram medalhas internacionais. Entre os pontos altos que acompanharam a dupla estão as medalhas de bronze no Trampolim Sincronizado, na Taça do Mundo de Baku, no Azerbaijão, em fevereiro, e em julho passado, na Taça do Mundo de Arosa, na Suíça. Conquistas que estão a ajudar a dar visibilidade a uma modalidade que é olímpica relativamente há pouco tempo, com estreia em Sidney 2000, na Austrália.
Desde Atenas 2004, entretanto, Portugal passou a ter representantes. E esteve sempre presente com pelo menos um ginasta em todos os cinco Jogos desde então. No Rio 2016 e em Tóquio 2020, Diogo Abreu foi um dos representantes portugueses (16.º no Rio 2016 e 11.º em Tóquio 2020). O atleta, que também foi medalha bronze na em Trampolim Individual na Arosa World Cup e vencedor do circuito na especialidade, acredita que os bons resultados recentes podem ajudar o desenvolvimento do seu desporto no país.
“Penso que é bastante bom para a ginástica no geral. Temos a noção de que o que tem mais visibilidade são as medalhas internacionais e, por isso, penso que esta época foi muito boa para divulgar os trampolins em Portugal”, afirmou, em declaração à SportMagazine. “Eu penso que tudo o que temos vindo a conquistar deveria ajudar imenso a nossa modalidade. Mas, infelizmente, penso que muito pouca atenção foi dada a esta nossa época histórica”, afirmou, em entrevista recente, Pedro Ferreira.
Diogo Abreu, 28 anos, nascido nos Estados Unidos, mas naturalizado português, treina desde os 7 anos no Sporting e é um dos principais atletas de sempre no trampolim nacional. Entre as muitas medalhas em competições internacionais, destaca-se um 4.º lugar individual, três medalhas em europeus por equipas, e a medalha de prata por equipas, no Mundial de São Petersburgo, em 2018. Com muitos anos de estrada, o atleta acompanha e melhoria nas condições de treino e trabalho na modalidade.
“Realmente, nos anos anteriores, não era fácil treinar sincronizado, pois não havia dois trampolins (com qualidade e altura suficiente) no Sporting. Desde setembro de 2021 que estamos a treinar no novo ginásio do Sporting, em Sacavém, que já tem condições para treinarmos o sincronizado. Isso, juntamente com as experiências das taças do mundo anteriores, permitiram-nos estar bem preparados para a Suíça”, observou.
A dupla de atletas do Sporting e da Seleção Nacional que Diogo Abreu faz com Pedro Ferreira está a conseguir manter uma regularidade de bons resultados – com pódios – em competições de alto nível. Na Suíça, a dupla voltou a ter uma performance positiva o suficiente para projetar uma boa participação no Campeonato do Mundo em novembro.
“Ficámos muito felizes os dois, obviamente. Qualquer medalha numa Taça do Mundo é um grande resultado para Portugal. Apesar de já ter havido uma dupla portuguesa masculina a conseguir esse mesmo feito (ganhar o Ranking Mundial), não deixa de ser um enorme resultado para nós pessoalmente e para Portugal. Deixa-nos confiantes de que estamos no bom caminho para o Mundial deste ano”, disse Diogo Abreu.
“Os meus principais objetivos são uma medalha por equipas no Campeonato do Mundo e apuramento para os Jogos Olímpicos de Paris 2024”, acrescentou o ginasta.
Além de atleta, Diogo Abreu é mestre em engenharia eletrotécnica pelo Instituto Superior Técnico de Lisboa desde 2018. Mesmo fora do desporto, ele segue a trabalhar para colaborar para o desenvolvimento da sua atividade como atleta. “Formei uma empresa que desenvolve soluções de hardware e software para a ginástica de trampolins. O produto principal da empresa é um sistema chamado BetterJump, que é utilizado para medir o Time-of-Flight e Horizontal Displacement de uma série de Trampolins. Estes dois parâmetros são essenciais para a performance de um atleta de trampolins”, contou.