A tarde de sábado do Ética Summit 2023 foi dedicada ao tema da Dopagem e Antidopagem. Este bloco temático desenvolveu-se, como o anterior, com uma conferência, seguida de mesa redonda, e workshops. A conferência «Antidopagem – Diferentes caminhos / Diferentes soluções», moderada por Fábio Figueiras, Presidente da Comissão Executiva do ES2023, teve como preletores Luís Horta, Médico em Medicina Física e Reabilitação, Professor e Membro Comissão Disciplinar Anti-Dopagem, e André Siqueira, Diretor do Instituto Jogo Limpo.
A apresentação de Luís Horta decorreu, desde logo, do interesse demonstrado no evento do ano passado sobre o Passaporte Biológico. Constituindo um método de deteção indireta, trata-se de uma solução nova para um problema antigo, havendo ainda vários pontos que podem precisar de elucidação.
Com esse objetivo, Luís Horta contextualizou os métodos de deteção indireta, apresentando as suas vantagens, características, eficiência e segurança.
Por outro lado, apontando os marcos históricos da aplicação desta técnica, mostrou como se deu a implementação a nível global, bem como contemplou o potencial para solucionar novos desafios no desenvolvimento desportivo no que, em particular, à dopagem diz respeito.
Por outro lado, André Siqueira, abordou, para além da fiscalização, a questão da educação antidopagem, ou seja, como se processa a aplicação do código antidopagem, para além de lançar algumas reflexões interessantes, incluindo no âmbito da coordenação neste âmbito nos países lusófonos.
Partindo do valor crucial da educação, e sublinhado a conexão entre educador e educando como fator determinante para a transmissão de valores, conclui, a a partir de exemplificação do estudo e trabalho no Brasil, em particular, que é preciso aprofundar a informação e educação antidopagem. Desde logo, nos websites e redes sociais, as entidades desportivas brasileiras ainda terão caminho a fazer nesse sentido, para que o pólo central do desporto, o atleta, tenha acesso a informação e educação antidopagem.
Na verdade, afirma, este é um direito que lhes assiste – os atletas têm direito a receber educação e informação antidopagem -, pelo que é preciso um esforço de equipa, um processo colaborativo, imbuído desse espírito e com atividade prática, para esse fulcro, impedindo que haja casos como os de suspensão por falta de informação, por ex.
Atendendo, enfim, a que os programas educacionais contêm quatro componentes: educação baseada em valores, sensibilização, informação e educação antidopagem, esta tem que ser vista de forma integrada, o que é notório no esquema final da sua apresentação. Finalmente, lançou algumas provocações, desde logo a de como se pode promover esta educação antidopagem na lusofonia, dado que a língua está intimamente ligada ao domínio cognitivo basilar na educação.
Depois, às 18h30, a mesa redonda consequente, teve um título provocador, pois o «ou» do título – «Luta contra a Dopagem – Educação ou Fiscalização?» – não é enunciador de uma alternativa, mas de complementaridade, tal como referiu Luís Horta, que moderou.
Poliana Okimoto, maratonista aquática olímpica, lançou a sua visão enquanto (ex-)atleta, contando a sua experiência, e indicou a necessidade de incluir a educação não só de atletas, mas de pais, médicos, nutricionistas, bem como a de uniformização de aplicação de técnicas de forma global.
Já Delmino Pereira, Presidente da Federação de Ciclismo, apresentou uma perspetiva a partir de uma modalidade específica, o ciclismo, que tem especial atenção e relação com as questões de luta antidopagem, não só por ter sido pioneira nesse sentido, mas também por ser uma modalidade em que a visibilidade desta luta mais se faz sentir. Os resultados mediáticos do ciclismo parecem estar ligados a uma maior consciencialização e aplicação, seguindo e promovendo o carácter ético na prática.
Note-se que este bloco temático seguirá ainda com os workshops C («Estou doente! Posso tratar-me? ») e D («Tive um “caso positivo”! – Que direitos e que deveres? »).
Amanhã o evento prossegue, com temas ligados à governação, violência no desporto, apostas desportivas, manipulação de resultados, e cobertura jornalística do desporto.
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